Por Erich Beting
Transmissão de Amil x Pinheiros, pela Superliga feminina de vôlei na última terça-feira. José Roberto Guimarães, técnico do Amil, reclama do microfone da televisão plugado na instrução que o auxiliar Paulo Cocco passa às jogadoras. O tempo técnico tinha sido resultado da vantagem de 16 a 14 obtida pelo Pinheiros ainda no primeiro set.
Em meio ao debate, Jota Júnior, narrador do Sportv, afirma que por contrato o treinador só pode se recusar uma vez a ter o microfone captando as mensagens nos pedidos de tempo e que a emissora tinha o direito de “fazer o trabalho dela”.
Um dos grandes segredos para a popularização do vôlei nos anos 80, no mundo todo, foi o esporte se adaptar à televisão. Vista como meio mais rápido e eficiente para falar com o público no esporte, a TV tem se tornado não apenas aliada, mas uma poderosa influenciadora dos rumos das modalidades.
No caso do Brasil, com a força da Globo, a maior parte dos esportes aliam-se à emissora para conseguir aumentar os índices de audiência e, consequentemente, de remuneração. Nesse cenário, o vôlei hoje é também sócio da emissora, que é c0-responsável pela comercialização da Superliga.
Mas até que ponto é válido a televisão interferir até mesmo na orientação que o treinador dá à equipe?
Cada vez mais a televisão dita o futuro do esporte. Por aqui, com a incapacidade de clubes e modalidades gerarem receita nova e saírem da situação de falência, é preciso que a TV assuma a condição de protagonista na história. Sem perceber que o que é mais valioso, que é o conteúdo, lhes pertence, os dirigentes esportivos assumem uma condição de subserviência à televisão.
Para o telespectador, em casa, é muito mais legal poder interferir cada vez mais no que acontece na quadra, na piscina, no campo. Mas a própria televisão tem de tomar cuidado para não acabar com aquilo que existe de mais legal, que é a emoção do esporte. Ainda mais no Brasil, em que o predomínio da Globo sobre as mais diversas modalidades é malvisto por boa parte da população, é muito arriscado poder fazer o que quiser dentro de uma transmissão esportiva.
É muito tênue a linha que separa um evento esportivo de um show programado para a TV. Só que é essa divisão clara entre um e outro que faz do esporte um dos melhores (para não dizer o melhor) produtos de entretenimento que existem.
O limite da TV como parceira do esporte é claro. Ela não pode, nunca, acabar com a essência do esporte. Do contrário ele vai virar mais um “reality show” com uma cara um pouco diferente.
Opinião do Blog
Acho que todos tem o direito de realizar o seu trabalho, mas o direito de cada um começa quando termina o do outro. Certa vez em uma semifinal de taça Brasil de futsal minha equipe estava disputando a partida com a equipe da casa e no meu pedido de tempo o repórter da radio local veio botar o microfone e eu não permitir. Foi o maior fuzuê. O nosso pessoal que estava de fora do jogo havia me avisado que o time adversário estava na escuta da rádio para saber das instruções da nossa equipe. Todos agem de todas as formas para vencer um jogo. Quem nega essa situação esta faltando com a verdade e agindo com hipocrisia. Cada treinador tem o seu direito de permitir ou não a presença do microfone do rádio ou qualquer outro meio de comunicação, mas a força da televisão fala muito mais alto e sendo assim nem o José Roberto Guimarães, Bernadinho ou qualquer outro técnico de ponta pode impedir. São os $$$$$$ falando mais alto.