AS CAUSAS DO TERREMOTO

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entre temores e temores Juca Polincó ( o filósofo politicamente incorreto da periferia junta as mais prováveis causas do que aconteceu ontem no Maranhão )

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Finalmente, Juca Polincó, o filósofo politicamente incorreto da Periferia, diante da ignorância científica sobre o tema, oferece a explicação abalizada sobre as possíveis causas da ocorrência inusitada.

1.”Como todo dia tem preso furando túnel em Pedrinhas, ao longo de mais de vinte anos e com túneis cada vez mais extensos ( a população não tem a mais vaga ideia de até onde chegam) a estrutura do solo da ilha ficou comprometida. Um belo dia teria que acontecer uma reacomodacão  nas camadas abaixo da superfície e isso se deu ontem.”

 

túneis

2.”O dinheiro que foi devolvido pela Odebrecht ao Governo Federal e que estava sendo ‘lavado’ na Suiça, foi entregue aos prefeitos no fim de ano. Resultado: depois de recolhida a grana as máquinas da lavanderia dos prefeitos corruptos, precárias e em mal estado de conservação começaram a funcionar quase todas ao mesmo tempo causando distúrbios no solo devido a vibração.”

3.“O V.L.T. há quatro anos inativo, teve um ‘surto’ no pátio de sucata do Tirirical onde se encontra. Começou a funcionar inesperadamente, arrancando trilhos e provocando trincas no solo. Ou teria sido o seu fantasma?”

4.”A Serpente Encantada mexeu-se alguns centímetros no abraço que envolve a ilha. Isso foi suficiente para o terremoto. Agora tenta-se descobrir porque a serpente se mexeu. (O que não dá é pra perguntar a ela).”

 

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5.”As inócuas operações tapa-buracos das prefeituras ao longo dos anos, recondicionam apenas a superfície visível das ruas asfaltadas ( quando conseguem) não removendo as trincas profundas existentes. De recapeamento em recapeamento formaram-se trincas de quilômetros de profundidade que em dado momento se recondicionam causando os tremores.”

Retransmitido por José Ewerton Neto, autor do blog e autor de O entrevistador de lendas

 

 

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Declaração dos direitos do ANO-NOVO

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas

Prevenindo-se do que aconteceu com o ano de 2016, constantemente execrado durante sua trajetória, 2017 resolveu exibir antecipadamente a sua DECLARAÇÃO DE DIREITOS, exigindo que todos a compreendam e executem para bem de todos e felicidade geral das nações:

1.O ANO DE 2017 (Ano-Novo) avisa que terá o direito de ser apenas uma mera fração de tempo com duração de 365 dias, nem um segundo a mais ou a menos. Que não será candidato à reeleição, muito menos aceitará impeachment. Que não doará um segundo a mais a quem quiser prolongar sua vida, muito menos vai tirar de quem pretende abreviá-la. E – já avisando aos corruptos: toda abordagem será em vão. Não há dinheiro que compre um segundo a  mais ao que já vem destinado por Deus.

2.O ANO DE 2017 avisa que prefere ser chamado pelo nome-número 2017, que o classifica e identifica, ao invés de apelidos, como Ano Novo, Reveillon, etc.  Entende que apelido é coisa para marginal e, mais recentemente,  para político ladrão corrompido pela Odebrecht,  não pretendendo, para si, a mais vaga  alusão ou semelhança com esse tipo de gente.

3.O ANO DE 2017,  mesmo não se empolgando com isso,  lamenta que os festejos bizarros que festejarão sua chegada, não sejam repetidos uma única vez pelo resto do ano, como se só merecesse respeito e consideração por ocasião de sua chegada.

4.O ANO DE 2017 deixa claro que não gostará de ser chamado de Velho (ano-Velho) , ao fim de seus, apenas, 365 dias, pois considera que isso não é tempo suficiente para deixar alguém velho. Os humanos, por exemplo: ninguém chama uma criança de velho  com apenas 1 ano de idade.

 

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5.O ANO DE 2017 avisa que não gostará de ser responsabilizado – como infelizmente aconteceu com o 2016 –  por tragédias de origem natural como chuvas, trovoadas, furacões, tsunamis etc. . E muito menos por aquelas, (muito piores) de origem humana como aviões caindo, guerras, Donald Trump na presidência, ou autoridades se corrompendo.

6.O ANO DE 2017 avisa que não dispõe de máquinas milagrosas para sugar a gordura de quem pretende emagrecer, a partir do início de seu mandato. Que não é feiticeiro ou mágico e, mesmo que tivesse algum  poder, não o usaria para satisfazer  o desejo de qualquer bobalhão. Por isso sugere que poupem tempo, dinheiro e energia com pedidos de primeira  hora,  em meio a patacoadas, bizarrias e demais papagaiadas pelas praias, no dia 31 e arredores.

7.O ANO DE 2017 lembra, consternado, que começará exatamente milionésimos de segundo após a saída do 2016, mas não terminará necessariamente milionésimos de segundos antes do 2018 (para quem vai morrer, claro). Por isso recomenda: menos empolgação e mais reza.

8.O ANO DE 2017 avisa, no caso do Brasil,  que não suportará ser chamado, ao final, de Ano Aziago, Ano Calamitoso, Ano Ruim, Ano Trágico, etc. , como está acontecendo com o 2016. Recorda que não tem culpa da existência de tanto político ladrão à solta nessa terra; se o povo é que os escolhe; se suas  mentes não funcionam e seus ouvidos menos ainda. E pede encarecidamente que tenham a gentileza de poupa-lo do som música de dupla sertaneja em sua chegada ou de, pelo menos, diminuírem o volume.

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O FIM DE PAPAI NOEL FOI EM SÃO LUIS

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Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas

artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Ninguém deu atenção quando aquele velhinho de bota furada e barba branca bateu à porta daquela mansão do Calhau. Aconteceu no Natal do ano passado, já eram duas da matina e o uísque baleado corria solto.

– A paz esteja convosco! – disse.

Claro que ninguém o escutou. Todo mundo já estava muito legal. Resolveu gritar.

– A paz esteja nesta casa!

Desta vez alguém ouviu. Um rapaz de uns 15 anos que coincidentemente estava saindo.

– Gente, tem um mendigo aqui, querendo dar uma de Papai Noel. – avisou o rapaz, não sem antes sussurrar em seus ouvidos: “Cara, se quiser levantar uma graninha, corta essa de paz. A turma aí tá mais a fim é de guerra!” – disse, lembrando de que teve de lutar muito para conseguir uma pequena porção de pó, razão de sua saída antecipada.  Mas, talvez porque quisesse pregar uma peça nos que estavam dentro do recinto deixou o Papai Noel entrar.

Foi um alvoroço. O dono resolveu botar ordem na casa. “ Não é possível, até aqui esse bando de filho da puta, vem aporrinhar. Tô de saco cheio!”

O velhinho entendeu mal, tentando contemporizar.

– O saco do papai Noel já tá meio vazio, mas ainda tem para esta casa. Cadê as crianças?

– Vocês viram? – Bradou o indignado homem. E ainda por cima é pedófilo!

– Vamos chamar a polícia maridão – Falou uma das  3 mulheres que rodeavam o patrão.            – Você já se deu conta do que está aprontando, seu desmancha prazeres? Por que essa fantasia ridícula de Papai Noel?

Alguém sugeriu:

– Esse cara tá querendo é grana e cachaça. Dá um gole pra ele e nos livramos de sua presença

Aturdido, o velhinho teve dúvidas se estava na hora e local exatos. Sentia-se muito cansado. São Luís era a última visita de sua longa jornada.

– Escuta gente, ´por  acaso vocês não estão festejando o Natal, o dia em que Jesus Cristo nasceu?

– Jesus? Que tem Jesus? Você tá se referindo ao Jesus ( Gabriel) do Palmeiras? Ou por acaso  ao refrigerante Jesus que, por sinal, tá acabando?

– Mas, hoje não é noite de Natal?

– Se não fosse Natal o que estaríamos comemorando? É Natal, sim. Por que tenta nos confundir? Quem é esse Jesus Cristo, o que uma coisa tem a ver com a outra?

O velhinho não aguentou. Definitivamente, havia alguma coisa errada  e era com ele. Já havia falado com Deus que não dava mais, o alzheimer tava chegando. Resolveu que essa teria de ser sua última viagem. Humildemente se despediu.

– Pessoal, devo ter cometido algum engano. Desculpem por interrompê-los. Vou indo.

– Já vai tarde – falou alguém.  Vá encher  o saco noutro terreiro e tão cedo não volte aqui.

 

 

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Por alguns segundos, nem se sabe por que, fez-se silêncio naquela mansão. Se alguém tivesse levantado a cabeça para o céu teria visto um velhinho no rumo das  nuvens puxado por um conjunto de renas. Mas, a essas alturas, quem ia querer saber de olhar pro  céu?

– Pessoal, não vamos deixar um mendigo de rua acabar com nossa festa, Bota um sertanejo aí, e vamos deixar a alegria rolar – ordenou o dono da casa, reanimado, de novo.

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UM APELIDO ATRÁS DO OUTRO

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artigo publicado no no jornal O estado do Maranhão

Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas

Antigamente, apelido era coisa de jogador de futebol. Didi, Pelé, Vavá, o trio da copa de 58. Quem precisava de nome?

Com o passar dos anos, apelido passou a ser evitado como uma pedra no caminho do sucesso. Jogador de futebol hoje tem de preferência um nome da moda, ou dois, para soar mais digno e merecedor de um futuro contrato na Europa: Lucas Lima , Rodrigo Caio, Gabriel de Jesus. Parece até nome de dupla sertaneja. Que por sua vez passou de Jararaca e Ratinho e Xitãozinho e Xororó para Bruno e Marrone, Tiago e Lucas, Luan e Santana, (Ou seria Luan Santana?) Tanto faz, já que  dá na mesma porcaria.

Sobrou para marginal. Sim porque em bandido apelido sempre cai bem, já que vale como um distintivo.

Eis que começaram as ações do lava-jato e logo se descobriu que todos os políticos denunciados tinham apelidos em tons pra lá de bizarros. A princípio, se poderia pensar nisso como uma tentativa de proteção  . Mas,  se é assim, por que não preferir senhas, ou números, ou códigos? Não seria por que, para os corruptores, alguns dos políticos comprados se assemelham a marginais e, portanto, não mereceriam mais que as alcunhas com que os marginais se tratam?

Deixemos pra lá. Tentemos, pelo menos, especular  uma possível causa para tão grotescos codinomes.

1.CAMPARI. Apelido de Gim Argello que recebeu 2,8 milhões

Será por causa do nome original, cuja referência a Gim  e Gello, lembra uma dose geladíssima de Campari? Ou teria sido porque ninguém se “compara” a ele na avidez por uma propinazinha? A escolha é sua, leitor.

2.DECRÉPITO. Paes Landim. Recebeu cem mil.

Este,  seguramente, nada tem a  ver com o nome. Então só pode ser porque só pediu cem mil enquanto os outros pediram de trezentas milhas pra cima. O comentário diante do seu pedido de cenzinho deve ter surgido, na bucha: “Só pode estar decrépito!”

3.MISSA. José Carlos Aleluia,  que recebeu 300 pilas.

A influência do nome surge  de novo e, neste caso, são duas as opções. Teria sido porque Aleluia lembra missa? Ou porque não há missa, nem padre, e nem reza,  que livre um corrupto do fogo do inferno?

4.CARANGUEJO.Eduardo Cunha. Recebeu 7 milhões.

Sem dúvida, algo a ver com unha, do nome C unha, e , daí, à unha do caranguejo.  Neste caso, seria porque um bom caranguejo não gosta de viver fora da lama ( como Cunha) ou porque sua unha, ao segurar uma grana, não a abandona de jeito algum?

5.A FEIA. Lídice da Mata. Duzentos mil.

            Essa sim,  dispensa explicações. É só olhar pro  retrato da moça. Mas, com tanta gente feia ela mereceu apelido tão simpático só porque fisicamente é feia de dar dó, ou porque sua feiura vai além e chega até a alma, como é próprio de quem rouba mais por vício do que por necessidade?

E assim por diante, falta espaço para tanto apelido, o que nos força a reconhecer o malabarismo e a criatividade de seus inventores. Como a coisa não vai acabar tão cedo, nada como um apelido atrás do outro.

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SOBRE CERVEJA

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Artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão, quinta-feira

José Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas

Festejos de fim de ano, alegria, confraternização  e…Cerveja. O espírito de renovação (pelo menos aquela parte que precisa de ilusão) não vai pra frente sem ela: a cerveja. Nada como conhecer um pouco mais dessa dita cuja.

1.Zitologia É o estudo da cerveja e de sua fabricação. Inclusive o papel de certos ingredientes no processo de fermentação.

Como seria bom se certos membros do Congresso especializados em Corruptologia (a ponto de inventarem emendas na calada da noite para se protegerem da Justiça!)  fossem,   ao invés disso, especializados em Zitologia!

O Brasil ao invés de ser o Campeão Mundial da Corrupção seria campeão mundial  em Felicidade Interna Bruta – índice que mede a felicidade de um povo.

 

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2.As receitas mais antigas escritas pelo homem sobre a cerveja foram escritas em taboas de pedra há mais de 5 mil anos Em forma de canções.

“Ou seja,  já nessa época, depois de alguns goles dava vontade de sair cantando”.

3.Os primeiros cervejeiros profissionais eram todas mulheres.

“E, pelo andar da carruagem, considerando o aumento exponencial  das praticantes,  as últimas também serão”.

4.O lúpulo usado na cerveja é da mesma família de plantas que o da maconha.

“A cerveja tem esse  poder. Deixa tudo em família” .

5.O primeiro acidente de trânsito causado pelo álcool foi em 2000 a.c. Um cocheiro foi preso apos atropelar uma estátua da deusa Hator no Egito antigo . Ele foi crucificado na porta da taverna que lhe vendeu a cerveja e lá ficou até se decompor.

“Bons tempos esses em que os condutores bêbados  derrubavam estátuas! A evolução da espécie humana a partir daí só contribuiu para diminuir o status dos pinguços condutores já que, hoje em dia, ao invés de estátuas de deusas, derrubam postes. Pelo menos quanto às consequências a evolução foi positiva, já que ninguém é crucificado. Quando muito se vai para a cadeia, mas, ainda assim,  só se for pobre”.

6.A revolução agrícola começou porque as pessoas precisavam fabricar mais cerveja Isso levou a invenções do arado e sistemas de irrigação.

“A célebre frase de Arquimedes: Dê-me uma alavanca e eu mudarei o mundo!, não passa, portanto, de imitação de uma frase proferida por algum pinguço anônimo da época: Dê-me um copo de cerveja e eu mudarei o mundo”.

7.A cervejaria funcional mais antiga do mundo é de 1040 e fica perto de Munique na Alemanha. Chama-se Bayerische Staatsbrauerie Wheihenstephan.

“Muito interessante, caro leitor. Decore essa informação para fazer  enorme sucesso na mesa de bar. Só não tente pronunciar o nome da cervejaria depois de bêbado. Você vai se engasgar e…”

8.Uma das leis mais antigas do mundo era associada a cerveja. O rei Hummurabi, da Babilônia,  decretou que todo mundo deveria beber uma quantidade diária de cerveja determinada pelo seu estatus social. Ele também condenou mulheres, que serviam cerveja estragada, à morte por afogamento.

“Deu pra entender porque só  as mulheres eram condenadas? A morte devia ser por afogamento na própria cerveja e, neste caso, marmanjos pouco se importavam em morrer afogados, muito pelo contrário.”

9.Cenosilicafobia é o medo dos copos vazios de cerveja.

“Eu já desconfiava de que metade dos meus amigos de mesa de bar sofria desse mal. Só não sabia que se chamava assim”.

 

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O FIDEL FIDELÍSSIMO

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artigo publicado no jornal O estado do maranhão

Jose Ewerton Neto, autor  de O entrevistador de lendas

Durante muito tempo se pensou que Oscar Niemeyer fosse o último comunista vivo. Mas, estamos falando de comunista de verdade, daqueles que se dedicam à revolução marxista de corpo e alma e não de copo e alma, como Chico Buarque e outros. Será que ainda existe?

 

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Ei-lo. Lá vai ele, o último comunista. Vai ou vem? Ninguém sabe exatamente. Dizer que é comunista é pouco, mas ao mesmo tempo  é tudo, porque é a única coisa que dele se sabe.

Até porque outras coisas não lhe  interessam, inclusive o nome, que ninguém sabe qual é. É comunista e pronto. Sabe-se que tem barba, usa óculos, anda com um livro grosso, de capa preta,  debaixo do braço, veste roupas longas com calor abrasador e de vez em quando senta na praça sozinho, concentrado em algo indefinido.  Usa antigas sandálias tipo franciscano e uma camisa surrada com a imagem de Che Guevara.  Uma vez observaram-no na locadora pegando um DVD. Diários da motocicleta, sobre Che Guevara.

Se sua geração, cinquenta anos atrás, já não  o entendia direito que dirá esta. Mas, um belo dia, a menina de treze anos, sua vizinha de rua, que anda lendo muito ( para desgosto de seus pais que preferiam vê-la dançando forró )  perguntou para sua mãe.

– Mãe, ele não tem nome?

– Tem sim, comunista.

– Mas, comunista é nome?

A mãe não soube ou não quis  explicar. Irritada por ter de explicar coisas que não estavam ao seu alcance a mãe encerrou  o assunto, mas a menina não se conformou. Queria porque queria saber o que significa ser comunista. A oportunidade surgiu quando conheceu um jornaleiro amigo do homem. “Também não sei o que significa” disse ele. “Só sei que fala coisas estranhas como: revolução, ideal marxista, ditadura do proletariado, abaixo o imperialismo, paredón! . Sei que vive enfiado nos livros e enrolado numa bandeira vermelha com uma foice. Sei que não acredita em Deus mas ontem o vi rezando pela alma de Fidel Castro. Para que não esbarre com a de Chávez no inferno –explicou.”

A menina seguiu o conselho da mãe e resolveu desistir dessa história  mas não conseguiu: só se falava nisso depois da morte de Fidel. Chamou-lhe atenção especial uma frase do compañero do ditador cubano, Che, o que a deixou mais confusa ainda: “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura, jamais!.” “Ternura?”, pensou ela. “E mandar enfiar balas de fuzil nos corpos de um monte de gente encostada numa parede, lá  isso é ternura?”

Quando o viu passar hoje nas ruas, parecendo mais comunista em sua solidão, a menina chegou a sentir pena. Como parece triste!”

Mal sabendo ela que o último comunista não está nada de triste mas obcecado por uma felicidade. Não tira da cabeça a ideia de iniciar uma nova e verdadeira revolução, esta sim vitoriosa para sempre.  Sozinho. Já preparou até um litro de Cuba Libre para iniciarem a caminhada. Por enquanto é seu único acólito.

 

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AO MESTRE COM CARINHO

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artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão

 

O amor de um professor pela sua escola: alunos, profissão, ambiente,  e vice-versa. Tudo isso está no romance Adeus Mr. Chips de James Hilton, traduzido por Érico Veríssimo,  que virou filme de sucesso no século passado. (Coisa um tanta rara, aliás,  de acontecer em plenitude, hoje em dia, quando, vez por outra,  alunos costumam se digladiar com professores em situações de confronto).

Devia a leitura desse livro a mim mesmo, faz bastante tempo. Quando na AML, em homenagem prestada a Erasmo Dias por ocasião do centenário do seu nascimento em 2 de junho , me coube essa tarefa ,  lembrei   do episódio inicial de nossa amizade, quando, então  na adolescência, levei para sua opinião, um poema intitulado A Chamada. Ele, diante do jovem tímido,  enquanto eu lhe fazia a leitura do curto poema, exclamava: “Good bye Mr. Chips!” E repetia,  com entonação cada vez mais emotiva, o título do romance que virou filme.

Bem, o poema, por ser curto, pode ser aqui reproduzido facilmente:

 

“Nº 1: Presente!…  

Nº 2: Presente!…,

Nº 3: Presente!…,

Nº 4: Presente! ……

Nº 50: Presente!….

…………………………………………………………….  

Ao mestre com carinho 50 presentes cheios de ausência!’” 

Finda a leitura, percebi que ele se emocionara positivamente com o poema. Mas, e o Good Bye Mr.Chips? Por que a alusão?  Eu sabia que esse era o título de um filme e que o final do poema, por sua vez, evocara o título de outro filme de sucesso Ao mestre com carinho (o qual assistira), com Sydney Poitier. Foi fácil apreender que o filme provavelmente aludia a essa terna relação do mestre com seus alunos  porém, ao mesmo tempo, a essa notável complexidade,  quando se chocam a necessidade do aprendizado e o distanciamento libertário da juventude – que o poema sugere, talvez, inconscientemente.

Após o término da palestra, conversando sobre esse episódio com um amigo confrade e escritor, lamentamos que, passado tanto tempo, eu ainda desconhecesse o texto original do romance que originara o filme e provocara a exclamação de Erasmo Dias. Notei que algo se fazia premente para dirimir essa incompletude, o que, nestes dias de internet é tão fácil: Estante Virtual, preços módicos, breve diligência, e em uma semana o livro ( uma edição antiga e com páginas amarelecidas e frágeis) estava em minhas mãos.

Então entendi melhor. Pouquíssimas vezes poderia  ser condensada na trajetória de um professor prestes a se aposentar a desenvoltura desses sentimentos típicos dessa relação mestre/aluno; maturidade/juventude; experiência/esperança. Na edição que li, de 1962, a chamada de capa já enunciava: “A história irresistível do professor mais querido de todos os tempos que já encantou milhões de leitores em todo mundo”.

De fato, Mr Chips é irresistível, e o resumo dessa empatia talvez ecoe na fala do narrador a respeito de Chips, quando este, a essas alturas já aposentado, foi convidado a regressar ao batente: “Ao  voltar para a escola pela primeira vez na vida Chips se sentiu necessário,  e muito necessário a algo que estava muito perto do seu coração. Não há no mundo sensação mais sublime e isso ele a tinha”.

Enfim, Adeus Mr.Chips é uma leitura breve e prazerosa que recomendo a todos, especialmente os professores, enquanto agradeço ao saudoso Erasmo Dias e sua memória,  anos depois, mais um de seus ensinamentos literários que agora se junta aos que tanto me gratificaram.

Jose Ewerton Neto é autor de

O entrevistador de lendas

 

 

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QUE O QUERIDO DEUS CUIDE

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carlos alberto

Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas

 

Foi de Pelé, maior atleta do século passado, de quem Romário disse que “calado era um poeta”, no entanto,  uma das mais expressivas homenagens prestadas ao lateral  da seleção campeã mundial de 1970, Carlos Alberto Torres, morto três semanas atrás. Nas palavras de Pelé: “Que o querido Deus cuide do nosso capitão.”

Pois foi essa imagem de capitão e líder de time,  levantando a taça Jules Rimet,  a que permaneceu na memória de todos, naquela que foi a melhor apresentação de uma seleção de futebol em todas as Copas. O seu ultimo gol, o quarto contra a Itália, num passe de Pelé, mil vezes repetido, conjuga com essa imagem como se já  fosse,   em sua concepção e realização,  um  voo harmônico rumo a um levantamento de cetro.

A memória leva a 1966, um dos maiores fracassos do Brasil nas Copas. Depois do bicampeonato e tendo Garrincha e Pelé, dois gênios do futebol, o Brasil partiu para Londres na condição de grande favorito. O oba-oba era tamanho que Carlos Alberto, então um jovem promissor de uma nova geração,  foi cortado da seleção para a entrada de Fidélis, apenas para que Rio de Janeiro e São Paulo tivessem o mesmo número de jogadores na seleção potencialmente campeã. O fracasso monumental veio na esteira de duas derrotas na fase classificatória para a Hungria e Portugal, em cuja seleção despontava um  outro jogador excepcional , o africano Euzébio, logo apontado como sucessor de Pelé – o reinado do futebol brasileiro sendo colocado em cheque.

Pois coube justamente ao   Santos de Pelé e, agora, também de Carlos Alberto , recém-  contratado ao Fluminense,  restaurar a honra do futebol brasileiro. Realizou-se,  em Nova Iorque,  um grande torneio, o World Champion Cup, espécie de tira-teima,  com a presença do   Santos, Milan e Benfica( time de Euzébio) os melhores times do mundo.

 

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Os norte americanos,  que começavam a se deslumbrar com o futebol,  pagaram pra ver e encheram os estádios para comprovar  a derrocada do futebol bi campeão do mundo.

E foi então que a imagem do mito se formou quando, sonho de vingança realizado,  o deslumbramento surgiu. Com atuação excepcional Carlos Alberto Torres anulou completamente o  ponta esquerda Simões considerado o melhor da Europa, especializando-se naquilo que é tão raro e é só possível a laterais de sua estirpe. Não só marcava bem, como atacava melhor, o que é muito raro.  Pelé, de novo exuberante,  e cia.  fizeram o resto. O  Santos esmagou o Benfica por 4 a 0 e goleou  o Milan por  4 a 1, iniciando  a recuperação do futebol brasileiro rumo ao tri em 70.

Portanto, 4 anos antes do tri , Pelé  etc. e os meninos Carlos Alberto Torres e Edu começaram a ganhar a Grande Copa.

“Que o querido Deus cuide do nosso capitão”  como disse Pelé.

 

 

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O DINHEIRO ‘VIVO’ DE LULA, E O NOSSO.

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artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão

autor de O entrevistador de lendas

 

Primeiro a eleição de Donald Trump, depois a SUPERLUA. Alguma coisa a ver? Aparentemente não, mas a ‘realidade’ tem razões que a própria razão desconhece. Isso segundo afirma JUCA POLINCÓ, ex-jornalista, ex-comunista, ex-jogador de futebol, enfim, ex-tudo, antes de se tornar, segundo ele próprio afirma, um filósofo. Tanto assim que se autointitula Juca Polincó, (o filósofo politicamente incorreto da periferia).

 

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São dele   os  comentários que aqui reproduzo.(Não necessariamente em nome da concordância com suas ideias, diga-se de passagem ) .

1.A eleição de Donald Trump, com a entronização de Melânia Trump como primeira dama dos USA confirma uma tendência: ex-modelos como primeiras-damas.  Aliás, mulheres que já tenham posado nuas, neste século, já despontam como favoritas para ocuparem cargos públicos. Recentemente, na Ucrânia, Anastassia Deeva, de apenas 26 anos de idade e habituê de ensaios  sensuais, foi nomeada vice-ministra do Interior sob muita polêmica.

Apenas como primeiras damas, primeiro foi Marcela Temer, agora Melânia Trump. Antes disso já houve a Carla Bruni, esposa de Nicolas Sarcozy, na França. Descortina-se, portanto,  um novo futuro para as modelos: ao invés de Ex-BBBs, Primeiras-Damas.

Comentário de Juca:

“Ao invés de isso ser interpretado como uma coincidência, é tempo de que todos se conscientizem de que estamos diante de uma nova regra que  poderia se chamar Postulado Zero da Pretensão Presidencial que se enuncia: “ Se você pretende ser presidente de um país grande e forte, primeiro case com uma modelo com 30 anos menos – de preferência que já tenha feito nus. Depois disso a presidência lhe cairá como uma  luva. ”

 

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2.A Revista Isto É desta semana denuncia que  Lula recebeu propina em dinheiro vivo.

Comentário de Juca:

“Felizes os que podem escolher se recebem dinheiro vivo ou dinheiro morto.  Nós, pobres, só recebemos  dinheiro espírita, ou seja , aquele que só aparece quando se sonha.

3.Só não dá pra entender é tanta surpresa quanto à Lula e o dinheiro que recebeu ainda vivo (o dinheiro, claro). Como todo mundo sabe Lula sempre foi mais vivo do que o dinheiro que recebe!”  A eleição de Donald Trump para presidente do maior país do mundo, com zero de experiência administrativa, e com o único mérito de ter comandado um Big-Brother  revela a chegada de um novo tempo.

Comentário de Juca:

“Finalmente!  Deixamos de ser espectadores para sermos (todos os humanos vivos ) participantes de um imenso Big-Brother. Era inevitável, embora tenha acontecido mais cedo do que se esperava.  E nosso comandante será o animador Donald Trump.

Bem, para os brasileiros resta o consolo de que podia ser pior. Por mais canalha que seja, Trump não é um farsante como Pedro Bial ou um bobalhão como Roberto Justus.

 

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ENTREVISTANDO LENDAS MARANHENSES

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capadoentrevistadorhttps://youtu.be/zOVJJTMUHWI

http://blogdowilsonmarques.blogspot.com.br/

HOJE, domingo, às 20 h na Casa do Escritor Maranhense

Livro une ficção científica e personagens do folclore maranhense

O escritor José Ewerton Neto, membro da Academia Maranhense de Letras, lança hoje, na Felis, no stand da livraria Vozes, a partir das 19h, o livro “O Entrevistador de lendas – uma aventura de ficção científica sobre lendas maranhenses”. Trata-se, segundo o autor, de uma aventura de ficção científica sobre lendas do Maranhão com o objetivo de trazer aos leitores, especialmente aos estudantes, todo o fascínio das principais lendas da região num formato mais lúdico que didático. Na trama, personagens do futuro viajam pelo tempo em busca de lendas em um momento em que se esgotam as possibilidades de entretenimento humano. Desse modo, iniciam interações que são divulgados para todo o universo. O ritmo é alucinante. O final é insólito e, além das emoções propiciadas pelo texto, o leitor tem de quebra informações sobre o folclore maranhense.

Para o professor e escritor José Neres, neste novo livro de Ewerton “o exotismo das lendas maranhenses entra em cena como aperitivos rápidos, suculentos e bem explorados em uma questionadora obra que agora vem público”.

“O Entrevistador de lendas” faz parte do Plano de Publicação da Academia Maranhense de Letras, realizado através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

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