MENTIRAS BRASILEIRÍSSIMAS

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Todo mundo mente em todo lugar do mundo, mas o que distingue a mentiroso brasileiro é que, por ser tão desonesto, consegue enganar a si próprio, passando a acreditar na mentira que ele próprio inventa. E o pior para a verdade é que o mentiroso brasileiro tem uma obsessão: deseja que os outros também acreditem na sua mentira.

Ora, como todo poderoso  tende para a arrogância, deriva-se, como evidente, que a mentira há de imperar neste país: por vocação, por talento e, se isso ainda não for suficiente, por imposição. Haja mentira pra todo lado!, este País se dando ao luxo de se aprimorar nas ‘mentiras fora de série’,   ou seja, as brasileiríssimas: que todos acabam aceitando  como se fossem verdades.

1.Deus é brasileiro.

Pode até ser, mas qual deles? Tem deus que se presta pra tudo neste país, desde para fazer papel de gaiato em discurso de Michel Temer até a aparecer feito guru, um tanto a contragosto,  em música de Roberto Carlos. Já o Deus  único , exclusivo e onipotente esse parece ter corrido há algum tempo desta terra depois que tanta gente não quis mais ser rei e preferiu ser Deus. Primeiro foi Pelé, depois FHC, Lula,  e agora, Neymar que vai fazer vestibular para ser deus na próxima Copa, na boca de Galvão Bueno.

Aparentemente, foram dois os sinais evidentes de que o Deus verdadeiro não queria mais nada com esta Terra: primeiro  o 7 a 1 da Alemanha, depois quando um raio cortou a mão do Cristo Redentor, logo depois. Os vários sinais de sua debandada seguiram, sendo o mais eloquente a presença de um sujeito como Gilmar Mendes no Supremo Tribunal deste país ( outro que se considera Deus). Hoje já não resta mais dúvida: Deus nos disse Adeus.

2.O Brasileiro não é preconceituoso.

Durante muito tempo acreditou=se que o Brasil era um país em que não havia preconceito racial. Tudo ia relativamente bem até que inventaram o tal sistema de cotas, para despertar o “monstro”. Hoje, além do preconceito racial surgiram à tona vários outros, sendo o mais intolerante o que se pratica contra gente honesta. Honesto é mal visto, na escola ( onde sofre bullyng por causa disso); nas reuniões sociais (rejeitado quando pretendente ao sexo oposto, por não ter futuro) nas blitzes da lei seca ( ser honesto é o primeiro passo para ser tratado como bandido) e, principalmente, na política, onde simplesmente não tem vez.

É tanto o preconceito que a ideia de um sistema de cotas para o honesto chegou a ser  idealizado, para evitar tanta discriminação. O problema passou  a ser a formação da banca julgadora. Como encontrar um honesto para descobrir quem seja honesto?

  1. Brasileiro é bom naquilo.

Durante muitos anos o macho brasileiro acreditou piamente nisso, mas parece que se esquecia de perguntar à sua mulher. Novas pesquisas denunciaram que a coisa não é tão boa assim a julgar pelas caixas de pílulas azuis e similares que são consumidas neste país (segundo lugar no mundo) . Como afrodisíaco natural é o que não falta: guaraná, catuaba, açaí, samba, praia, e carnaval, cada vez mais fica evidente que bom nisso é mesmo a fêmea brasileira  até mesmo porque dentro e fora do país ela dá verdadeiro baile, dançando lambada em pé, deitada, e em todas as posições do kama-sutra ( vide Anitta). E ainda sobra para o Pablo Vittar.

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José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

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JOSÉ LOUZEIRO, UM ROTEIRO EXEMPLAR

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Uma das maiores alegrias de minha vida me foi propiciada pelo escritor José Louzeiro, morto na sexta feira passada, quando dele recebi uma pequena carta, quase um bilhete. Dizia: “Um verdadeiro  romance policial. Denso. De suspense. Como um bom roteiro de cinema.”

Referia-se aos originais do meu primeiro romance O Prazer de Matar ( que ,mais tarde, em duas reedições sucessivas no Sul do país recebeu o nome de O oficio de matar suicidas). Até então, nos idos da década de oitenta eu não sabia que aquilo que havia escrito em trinta dias  – na convalescença de uma cirurgia –  daria um livro: um romance ou, muito menos, um policial.

Neste episódio destaca-se um dos mais preciosos atributos do caráter de José Louzeiro: a sua generosidade, expressa de duas formas: no apoio que concedia aos escritores em potencial, nos quais vislumbrava o embrião do talento (a bondade do homem);  ou na incorporação  de personagens sofridos e marginalizados ( a generosidade de sua escrita).

Essa sua magnanimidade haveria, talvez, de atingir seu clímax na criação de seu personagem mais famoso: Pixote, em cujo romance A infância dos Mortos, se desenrola a história de um pivete, sem rumo e sem salvação, que, adaptado ao cinema pelo diretor argentino Hector Babenco ganhou vários  prêmios vindo a se instalar, certamente,  entre os dez melhores filmes já produzidos pela cinematografia brasileira.

 

 

A leitura atenta desse romance permite vislumbrar que o escritor não estava ali criando um personagem e dosando- o para o gosto do público ou das expectativas de mercado, mas sim se transfigurando no mesmo, expondo através dele a sua alma de repórter jornalístico revoltado com as injustiças sociais. José Louzeiro montou sua arquitetura criativa para tornar-se a voz deles todos: De Pixote, a criança excluída;  De Lúcio Flávio, a juventude perdida nas teias dos ideais inalcançáveis  e da menina Araceli ( de Araceli, meu amor)  a adolescente pobre e bonita, triturada por uma corja de “mauricinhos” ricaços, sob a proteção da impunidade.

Essa face da postura intelectual de Louzeiro  o fez desaguar  em um gênero literário muito adequado para  isso: o romance-reportagem , por ele inaugurado no Brasil (que teve, lá fora, com  Truman Capote em A Sangue Frio sua marca mais notável)  e que doou à sua literatura um componente de originalidade para cuja concepção eram necessários justamente esses ingredientes: o fato real, o destino  irremediável e acachapante para os fracos, a denúncia.

Pois foi partindo da realidade nua e crua que José Louzeiro inscreveu sua trajetória romanesca, o que o tornou  um inovador, um dos primeiros cultores do policial no Brasil, esse gênero literário ainda hoje considerado menor pela crítica universitária – o que causa estranheza, justamente numa nação como a nossa, em que tudo acaba em polícia e crime. Seria por isso que José Louzeiro jamais teve um reconhecimento à altura de sua estatura literária, mesmo em sua terra?

Que a memória trazida pelo seu falecimento corrija essa injustiça trazendo novamente seus livros ao alcance das novas gerações,  e que, a reboque dessa necessária reavaliação se faça uma biografia à altura de sua trajetória de lutas e  realizações, plena de valores essenciais para a construção de uma humanidade melhor. Como um roteiro de cinema. Um grande roteiro!

José Ewerton Neto é autor de O ofício de matar suicidas

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PREVISÕES PARA 2018 ( não autorizadas)

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A alta cúpula do  Governo Federal tem como certas algumas  previsões para o ano de 2018 que não foram  autorizadas para divulgação. Seguem as principais.

1.Gilmar Mendes continuará soltando presos da cadeia. Em 2018  com velocidade maior do que solta pum (um problema médico que o faz ficar com o beiço arriado por causa do mal estar).

Em meados de Agosto, em reconhecimento a seu apoio aos encarcerados, qualquer tipo de indulto a preso receberá o nome de Lei Gilmar. A novidade  é que não será mais necessária data festiva para que isso aconteça. Todos os presos menores de idade (abaixo de 30 anos) terão direito a essa regalia. Bastará pleitear a Lei Gilmar com antecedência de 15 minutos para que o réu seja solto.

2.A Temporada de Caça a Gente Honesta aumentará a partir do ano que vem. No caso, entende-se como gente honesta (pegos em falta), as vítimas dos múltiplos artifícios  usados pelo poder público para extorquir o cidadão.

Assim, se hoje o cidadão que bebe duas  gotas de álcool  é considerado um criminoso pior do que aquele que sequestra, mata ou estupra, a partir do segundo semestre do ano que vem  esse cidadão será condenado à prisão perpétua.

Para tanto não será necessário o uso de bafômetro ou de outro dispositivo.   Bastará que o guarda sinalize que algum sujeito tenha cara de pinguço. O conceito de criminoso será revisto nas cartilhas escolares. Quem rouba malas de dinheiro ou recebe àquele a quem chama de ladrão no recesso de seu lar, será considerado idealista, já quem bebe e dirige (ainda que sejam dois goles de cerveja ) será execrado , repudiado, humilhado e considerado criminoso para o resto de sua vida.

3.Os partidos políticos terão menos letras ou trocarão de nome para não serem confundidos com partidos mal vistos pela lava-jato. Consumando assim o processo já iniciado pelo PMDB que virou MDB.

 

 

Assim, o PSDB passará a ser SDB, abreviatura de Se Dê Bem. O PV passará a V de verde, em Janeiro e, meses depois, para A de amarelo. A razão, para os marqueteiros do partido é que a  letra V no fim do alfabeto, pode dar impressão de fim da fila. Com tanta letra sumindo ou sendo trocada surgirá um novo partido: o dos 5 P ( Partido do Povo, Puto, Penando e Procrastinado)

4.A eleição para presidente terá como candidatos mais fortes: Bolsonaro, Galvão Bueno (que substituirá  Huck como candidato da Globo) e Temer  ( que terá  Lula como vice).

A candidatura de Temer terá como slogan  “Unidos Venceremos” que a oposição interpretará como Ladrões Unidos jamais serão Vencidos. Galvão Bueno, cujo slogan será “Uma vez Flamengo, sempre Flamengo”, depois de liderar a pesquisa por vários meses tombará nas pesquisas depois de mais um fracasso internacional do Flamengo. Sobrarão para o segundo turno Bolsonaro e a dupla Lula-Temer.  Os unidos vencerão mais uma vez, mesmo depois de Bolsonaro trocar o nome de Bolso-Naro para Bolso-Vazio para alardear honestidade.

  5.Neymar e Bruna Marquezine continuarão a novela Fica-Volta na razão de 3 separações por mês nos sites de Fofoca e 2 vezes por dia na realidade nua e crua.

 

 

 

A razão para tanto encontro-desencontro explicada pela atriz será: “Ele prefere os parças a mim. Exijo exclusividade” Já o craque do PSG dirá : “ Não sei o que acontece comigo, mas enjoo dela  mais depressa que dos parças.”

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

 

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CONTRA A CULTURA

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Tempos atrás nas rodas de estudantes, quando se tornava difícil  elucidar uma confusão a respeito de determinado tema, alguém dizia ironicamente: “Não confunda a obra de arte do mestre Picasso com a p… de aço do mestre obra”,   ou então  “ O buraco do lavrador Chico do Funrural com o Funeral do lavrador de Chico Buarque. E encerrava-se a questão.

Que não se confunda também (nestes tempos de confusão)  Contracultura com Contra a Cultura. Contracultura é um movimento que teve seu auge na década de 1960, quando teve lugar um estilo de mobilização e contestação cultural, através do  qual os jovens tangenciavam  o antissocial aos olhos das famílias mais conservadoras . Contra a Cultura, por seu lado, é algo muito mais danoso,  pernicioso e  chega a ser perverso se praticado por autoridades que não possuem, sequer para justifica-los,  o arroubo demolidor dos jovens. Como,  por exemplo, entre outras coisas, desconsiderar o papel cultural desempenhado por bancas de revistas e livros.

Bancas de revista , como todo mundo sabe, são aquelas mini lojas que parecem ter vida própria e que se disponibilizam nas avenidas e centros das aglomerações urbanas para dar uma mãozinha ao cidadão quando este menos espera,  afogueado sob a tensão do trânsito. Uma revista aqui, outra ali, um livro, mapa, crédito para celular, ou, simplesmente para prestar uma informação adicional. Enfim, um braço amigo na selva de pedra da cidade grande.

Dá para acreditar que exista quem  se insurja contra elas, as bancas?

 

Difícil, mas um amigo meu, dono de uma banca de revista na  Praça Deodoro, sugere que sim. Que incrustados na tecnocracia administrativa desta cidade devem existir pessoas que expressam esse ponto de vista, justamente entre os  que comandam as obras que visam o bem-estar da população. Segundo ele, à vista de uma reforma (que todos julgamos necessária) a ser iniciada nessa bela praça, há o planejamento de retirar as bancas de revistas do logradouro, negando aos seus proprietários  a expectativa do devido – e necessário –  retorno.  E, por uma razão que espanta: as  bancas seriam incompatíveis com o layout e o ambiente desejado para a praça por serem  estruturas anacrônicas, incoerentes com o design moderno das metrópoles.

Ora, como tal argumento não se sustenta diante da realidade, facilmente constatável, que se vê em outros países e outras grandes capitais do país, como na Avenida Paulista em SP ( onde o que não falta é banca de revista), subtende-se  razões de idiossincrasia pessoal: enfim de “contra a cultura”  caso essa ideia venha a prevalecer por aqui.

Jorge Luís Borges, o escritor argentino dizia que certas ideias, de tão absurdas  eram “ como aceitar a presença de um estranho na cabeceira da minha mente.” Pegando carona na sua frase,  todas as ideias que se insurgem  contra a cultura , sua disseminação e propagação, também assim se parecem: com  um assaltante, um invasor, ou um sequestrador a se instalar na cabeceira de nossa mente. No caso, alguém com a intenção de violentar um bem  precioso que esta cidade possui e que através da comercialização e divulgação do trabalho impresso, tornou-se mais uma das sentinelas do áureo passado de feitos conquistados pela literatura local.

Que esses vultos sombrios sejam definitivamente afastados das mentes das autoridades que nos comandam.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas e O ABC bem humorado de São Luis

 

 

 

( relançamento das ultimas unidades) amanhã no espaço Amei, shopping São Luis ,  15 h -Lançamento coletivo de escritores maranhense

 

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COINCIDÊNCIAS APENAS?

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Abraham Lincoln foi pela primeira vez eleito para o Congresso dos USA em 1846. O mesmo aconteceu a John Kennedy 100 anos depois. Lincoln foi eleito presidente em novembro de 1860, Kennedy em novembro de 1960. Ao morrerem foram sucedidos por homens do Sul com o nome de Johnson. Andrew Johnson sucedeu Lincoln e nasceu em 1808, Lindon Johnson sucedeu Kennedy e nasceu em 1908. O assassino de Lincoln ( Wilkes Booth) nasceu em 1839. O de Kennedy (Lee Oswald) nasceu em 1939.

Ambos os assassinos tinham origem sulista e foram abatidos antes de serem julgados. Booth cometeu o crime no teatro e correu para um armazém. Oswald atirou contra Kennedy de um armazém e fugiu para um teatro. Lincoln recebeu o tiro num teatro chamado Ford e Kennedy em um automóvel Ford, modelo Lincoln. Os nomes de ambos possuem 7 letras. Duas pessoas ligadas a eles aconselharam-nos a não irem ao teatro e a Dallas. A de Kennedy chamava-se Lincoln, e a de Lincoln, Kennedy.

2.No Brasil uma mala com mais de  55 milhões de reais foi achada no apartamento de Geddel e não tem dono. A derrota de 7 a 1 para a Alemanha, até hoje ninguém se considera dono. Existem nas ruas do país milhares de cachorros sem dono e número quase equivalente de filhos não reconhecidos pelos pais porque estes não se consideram donos. A reforma da previdência, de Michel Temer, subtende que milhões de trabalhadores deste país não são donos de seus direitos, mas mantêm os privilégios  dos donos – do poder.

Neste país ser dono é uma questão  de conveniência, não de coincidência.

2.No dia 5 de dezembro de 1664 um navio afundou no estreito de Menai, ao longo do norte de Gales , com 81 passageiros. Houve apenas um sobrevivente: um homem chamado Hugh Williams. No dia 5 de dezembro de 1785, na mesma região, outro navio afundou com 60 passageiros. Salvou-se somente (outro) Hugh Williams. Em 5 de dezembro de 1825 no mesmo local, ocorreu outro acidente: outro navio e 25 passageiros . O sobrevivente, único, foi um homem chamado Hugh Williams.

3.Na última Copa ganha pelo Brasil nosso melhor jogador foi Rivaldo, mas quem recebe os louros, até hoje, é Ronaldo Fenômeno. Rivaldo foi esquecido enquanto Ronaldo continua badalado e exaltado. Ronaldo é carioca e Rivaldo, nordestino.

Guimarães Rosa é tido como o grande romancista brasileiro pós-Machado de Assis. Graciliano Ramos, embora escrevesse melhor e mostrasse mais  talento (ao retratar a realidade do sertão brasileiro) anda esquecido na base de dois parágrafos  escritos sobre sua obra  para cada vinte páginas escritas sobre seu colega.   Guimarães Rosa é mineiro.  Graciliano Ramos é alagoano e nordestino. Coincidentemente.

6.Um oficial inglês chamado major Summerford, lutava nos campos da Holanda quando foi atingido por um raio em fevereiro de 1918, ficando paralisado do lado direito. Morreu dois anos depois ao ser atingido, de novo, por um raio. Vinte anos depois um raio caiu no cemitério da cidade atingindo apenas uma sepultura: a do major.

7.O lugar no mundo onde mais caem raios é o Brasil, onde também mais se morre por causa disso. No ano passado um raio atingiu o Cristo Redentor, embora se diga, coincidentemente ou não, que Deus é brasileiro.

Aqui é o país onde mais morre gente de bala perdida. É também o lugar onde mais se xinga políticos desonestos mandando-os “para os raios que os partam!”.

 

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

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Para imortalizar um nome

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

Existem termos populares que você nem imagina que tenham sido originados de nomes próprios. Seus donos acabaram se imortalizando  apenas por causa dessa popularização,  o que significa que ter executado um grandioso feito não é condição sine qua non  para ter um nome eternizado. Charles Boycott é um exemplo disso.

Ele foi  um capitão francês que viveu de 1832 a 1897 e teria ficado obscurecido sob os mantos da história não tivesse sido encarregado  pelo conde de Earnes para cobrar impostos extorsivos de trabalhadores empobrecidos . Pois Boycott foi tão açodado  em sua tarefa , que teve sua cobrança solenemente ignorada pelos habitantes da região.  E, assim,  se tornou  o primeiro ‘boicotado’ da história.

Simplesmente aconteceu  que,  a uma atitude corajosa  de repulsa coletiva a uma cobrança, faltava um termo  que a traduzisse, o que faz pensar que novos nomes poderiam ser criados para expressar melhor certas atitudes de quem as executa.  O futuro nos agradeceria se as criássemos:

1.Michelismo. Muitas das ações do nosso presidente, ou todas juntas, ainda não acharam um termo apropriado para traduzir a prodigalidade em traquinagens que o personagem encerra!

Como representar com uma só palavra a atitude de quem chama de bandido àquele que recebe com abraços e beijos, altas horas da noite em sua residência? Ou cujos homens de confiança manuseiam malas de dinheiro com endereçamento obscuro? Ou ao mandatário que compra o apoio de deputados para fugir da cadeia, usando para isso emendas parlamentares? Que tal chamar a tudo isso de Michelismo?

Isso facilitaria enormemente a comunicação futura do brasileiro  já que, ao que tudo indica, as falcatruas continuarão. Podemos imaginar daqui a 30 anos  um deputado, eufórico, antecipando a grana de sua emenda aprovada  e  ofertando-a à sua digníssima esposa “Nosso Natal chique mais uma vez está garantido!” “Como conseguiu , meu amor? “ Ora, querida, Michelismo, pra variar. Isso nunca acabará neste país. Felizmente para nós!”

2.Buenada ou Galvanada. Um neologismo criado a partir das patriotadas de Galvão Bueno (cujo teor se eleva na proximidade das Copas)  poderia definir melhor, através de uma só expressão, esse tipo de patriotismo de araque e  de encomenda que tem sido a marca das transmissões de futebol na tevê . Buenada ou Galvanada ficaria ótimo. Substituiria com precisão o que hoje fica entre exibicionismo e histrionismo podendo sobrepor-se  até mesmo ao preconceituoso e execrável bahianada com que nossos irmãos do sul brindam os nordestinos,  toda vez que alguém comete uma asneira .

3.Geddelânia.O termo sumiço já existe. De esposa, de marido, de dinheiro e de celular etc. Só ainda não existe uma palavra capaz de expressar o sumiço de 55 milhões de reais.

Geddelânia, inspirada em Geddel Vieira, o autor da façanha,  poderia ser criada,  então,  para nomear esse fantástico lugar, onde 55 milhões de reais se amontoam e não aparece dono. Ao invés de Pasárgada, o paraíso proposto pelo poeta Manoel Bandeira onde ‘qualquer homem teria a mulher que gostaria na cama escolhida’ teríamos a Geddelânia como esse lugar paradisíaco da grana farta e sem dono.  Assim,  ao se indagar a alguém na fila da Loteria, o que faria com um prêmio caso fosse sorteado a resposta passaria a ser: adquirir uma Geddelânia. E, assim, resumiria tudo: sumiço, fartura de grana alheia e impunidade.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

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CHATICE NACIONAL. CAUSA E EFEITO

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Quem leu o livro  A história do mundo sem as partes chatas viu que tudo era divertido e bastante aceitável  (pelo menos ninguém reclamava da vida ) por bilhões e bilhões de anos, até que surgiu o ser humano, por volta de 4,5 milhões de anos atrás. Só então começou a vida humana,  e, com isso,  a reclamação, a intolerância, enfim, a chatice.

1.E pensar que tudo começou justamente por causa dela, da chatice.  Basta lembrar que Deus só fez o que fez ( estamos falando do  Universo) porque não aguentava mais o tédio. Se não existe ‘pecado maior que o tédio’, como disse Oscar Wilde, vai ver que Deus, não aguentando mais tanta eternidade, solidão e, ainda por cima, pecado  deve ter pensado “Tenho que fazer alguma coisa pra acabar com isso!”.

 

 

 

E lá veio o Universo, entre big-bangs, big-expansões, big-fúrias de energia e… big-chateações. Sim, porque Deus, um segundo depois, já estava tão chateado com o que acabara de fazer que  decidiu sumir por vários milheiros de anos-luz, com o firme propósito de não permitir que alguma inteligência aparecesse, algum dia, com a capacidade de investigar quem ele era e porque razão havia feito aquilo. Só não contava que, por algum defeito de fabricação, ( até Deus erra) bilhões de anos depois um minúsculo ser fosse aparecer lá pelos confins de um minúsculo planeta com essa estranha capacidade de pensar e, assim, de aporrinhar:  à  Deus, a si mesmo e uns aos outros.

Sim porque o ser humano é um ser pra lá de chato e para ter certeza disso nem precisa chegar a seus exemplos extremos: Galvão Bueno, Michel Temer, Faustão etc. Infelizmente, eles não são os únicos. Numa escala um pouco menor estão aqueles que nos rodeiam onde quer que se vá: líderes religiosos, guardas de trânsito, crianças precoces e adultos retardados  etc., embora devamos contemporizar que nem sempre foi assim, o que nos leva a uma previsão  alarmante: “ Imagine o que não está por vir!”

2.Porque nem sempre foi assim. Quando o ser humano tinha um diminuto cérebro, e ainda não tinha adquirido a tal capacidade de pensar, não passava de um animal intuitivo e bronco e, portanto, era apenas bronco. A chatice começou, milhares de anos depois  com certos pensamentos: “Essa fêmea é minha” “Sou eu que mando aqui” “Sai fora do meu fogo ” que foram o embrião dos pensamentos atuais que traduzem   uma formidável sofisticação da chatice: “Mãe, eu sofro bullyng”, “ Graças a Deus que sou ateu ” “ Meu time tem dinheiro, o teu não” “ Eu acredito em Lula”  etc. etc.

Ao constatar-se, hoje, que os seres humanos estão preferindo conviver com outros raças de animais chega-se à comprovação  fácil  de que a adoção progressiva de cachorros e gatos têm uma óbvia explicação : são menos chatos! Na mais prazerosa  das hipóteses não falam. E nem cantam música sertaneja.

  1. O pior da história é que a chatice evolutiva se alimenta de si mesma.  Sendo impossível andar com um cachorro ou um gato debaixo do braço os homens inventaram os celulares para não terem que se cumprimentar,  se escutarem ou falarem uns com os outros, o que só tem um lado bom: a chatice do ser humano está com os dias contados.

Isso deverá acontecer em breve quando as máquinas (até elas) não suportarem mais os seres humanos. Sem outra saída estas terão de promover  o fim da humanidade e, sendo assim, a chatice universal acabará. Só assim.

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José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

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POR UMA FeliS mais FeliZ

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Sou daqueles que defendem ser considerada sempre vitoriosa uma  Feira do Livro, independente da edição da mesma ter sido feliz ou não. Por uma Feira feliz, entenda-se um evento em que as aspirações dos envolvidos com o mesmo foram satisfeitas no todo ou em parte. Evidentemente que a satisfação total é de difícil realização especialmente  em períodos conturbados política e economicamente. Como participante desta última feira como palestrante, autor e leitor  realço alguns aspectos.

1.A realização  anual da Feira, como foi concebida, ainda é sua forma ideal de concretização.  Respeito a opinião dos que a prefeririam a cada dois anos, sob o pressuposto de conceder-lhe mais envergadura, mas não acredito que essa esperança (duvidosa) se sobreponha à necessidade básica, e no meu entender vital, de proporcionar pelo menos uma vez por ano, o convívio de uma população com os livros. Só assim se coaduna com a vocação de Atenas Brasileira da cidade, para cuja completude  se fazem necessárias vibração e frequência.

Bastaria constatar a presença maciça de estudantes da rede pública conjugada ao esforço dos agentes da coordenação da Feira em prol de propiciar o almejado contato do público com os elementos dinamizadores da cultura (escritores, professores e incentivadores)  para que o saldo seja positivo. Toda precariedade de realizações vultosas se torna de somenos diante dessa verdadeira epifania que é o êxtase dos escolares diante de livros e mais livros.

 

 

 

2.Não se poderia deixar de citar, contudo, entre os percalços lamentáveis, a não participação da Associação de Escritores Maranhenses Independentes (a AMEI) nesta edição dadas as circunstâncias que motivaram seu idealizador, e mentor, a declinar de sua participação. Ora, fiel à sua sina de grande  batalhador pela maior visibilidade e divulgação da produção literária local (para a qual tem conseguido formidável empatia do público graças ao espaço que, como grande empreendedor,  idealizou e edificou no Shopping São Luis) José Viegas  se contrapôs à ideia, de que o Vale Livros deixasse de contemplar a literatura maranhense aqui produzida.

Sua tomada de posição, teve a coragem e o simbolismo louvável  de confrontar todo um desprezo histórico que as autoridades demonstram em relação ao autor maranhense, mesmo considerando como justas as expectativas dos livreiros de obter maior lucro graças a venda de livros de maior apelo comercial. No meu modo de ver faltou sensibilidade para se encontrar um meio termo capaz de favorecer o acesso tanto ao autor maranhense quanto às produções editoriais mais consagradas do Sul do país. Bastaria ter sido destinado à produção literária local algum porcentual do favorecimento.

3.A destacar, também, no plano da “felicidade coletiva” em uma feira que se intitula Feliz, a edição do livro São Luís em palavras no qual 33 autores maranhenses rendem homenagem à sua cidade através de diferentes formatos de expressão: fotografias, poemas, crônicas e trechos de romance. A noite festiva de lançamento em que, primeiro Celso Borges (coordenador, idealizador e participante do livro) e depois os autores, deram seus depoimentos sobre o tema de seus trabalhos para o espaço lotado de uma plateia ansiosa, foi um momento raro de êxtase e emoção. Enfim, esses detalhes tão pequenos, mas radiantes, de uma feira Feliz, como se pretende que seja.

 

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

https://www.youtube.com/watch?v=zOVJJTMUHWI

 

 

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VERDADES QUE NINGUÉM MOSTRA

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ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS

 

artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

Millor Fernandes dizia que a maior vontade do intelectual é ser rico e a do rico é ser intelectual. No Brasil basta o sujeito escrever um livro para acrescentar um “escritor” ao seu currículo. O curioso é que os membros dessa turma, que não dependem de ajuda para editar os próprios livros, gostam de dizer que são escritores, mas não apreciam, nem um pouquinho, viver como escritor, ou com a grana que um escritor ganha. A estatística, neste caso, é cruel:

1.No Brasil 90 % de sua população não lê sequer um livro por ano. Dos 10 % que leem apenas metade entende o que está escrito. A quantidade de livros publicados, no entanto, aumenta a cada ano o que leva a crer que, na metade deste século, 90% de sua população terá escrito um livro e se considerará escritor. Portanto, em 2050 haverá mais escritores (90%) do que leitores (10%).

2.No Brasil a maior parte da população (90%) não sabe o que significa Foro Privilegiado. Do restante 0,01 % que são  políticos, acham que isso pode significar licença para roubar e  os outros (99,9% ) são os que têm certeza disso.

3.A estatística de mortes por assassinato  no Brasil não para de aumentar. Para combater o excesso de violência  o contingente de policiais aumentou  em mais de 20 % em todo o país nos últimos anos.

Pelo que se vê nas ruas ( especialmente em São Luís) olhando-se a parafernália montada  nas blitz, o grosso dos policiais se dedica mais a caçar desavisados e distraídos do que a caçar bandidos onde estes se entocam. É fácil imaginar que  70 % dos policiais jamais prendeu um bandido, mas 99, 99  % já multou algum cidadão honesto.

4.Todos os brasileiros se dizem patriotas (99,9%). No entanto adoram apelar para o idioma inglês, desde para botar o nome de seus botecos até para pedir emprestado ao idioma estrangeiro o nome de filho. Por isso  9 entre cada dez filhos tem um ‘son’ acrescentado ao nome  para soar como gringo. O patriotismo brasileiro é tanto que metade diz que seus sonho é largar o país, e a outra metade  inveja os que se foram.

Se conseguem viajar para o exterior, esses ‘patriotas’  adoram espalhar suas fotos nas redes sociais em capotes de frio que avolumam suas gorduras e suas chatices com os três olhos ( inclusive esse que você está pensando) congelados e morrendo de frio e dizendo-se felizes da vida. Não é à toa que 90% dos brasileiros considera o máximo do patriotismo cantar hino nacional em jogo de futebol.

  1. Nove em cada dez brasileiros já foi assaltado ao menos uma vez na vida e 9,5 já receberam multas de trânsito. O meio é por conta dos que já morreram, mas recebem multa.  Desse total de vítimas (multados) 99 % prefere ser assaltado do  que multado, porque sai muito mais barato.

6.Para a rede Globo,  12 em cada 10 brasileiros torce para o Corinthians e 11 para o Flamengo . A matemática é fajuta, mas, assim,  a rede Globo consegue justificar a grana que enfia nesses dois times em desfavor dos outros.

7.50 Anos atrás todo brasileiro (100%) achava que Deus era brasileiro.  Depois do   7 a 1 metade(50%)  começou a desacreditar disso e depois da permanência de Michel Temer na presidência esse número caiu para apenas 1%. Fazem parte desses otimistas restantes aqueles que acreditam que Deus possa assumir um formato diabólico e, neste caso,  seja o próprio Michel Temer.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

 

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O ANTI-SÓSIA DE GILMAR MENDES

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

Gilmar dos Santos  Neves e Gilmar Mendes. Dois indivíduos que, nomeados com a alcunha de Gilmar, se tornaram célebres neste Brasil. Que possuem em comum ( além do nome)  estes dois brasileiros para serem tão comentados, celebrizados  e…execrados, cada um à sua época?

 

 

 

1.Gilmar dos Santos  Neves, o do passado, foi goleiro da Seleção Brasileira e do Santos F.C. e considerado um dos melhores de todos os tempos. Bem apessoado,  mais de 1,85m, disputava com o capitão BellinI, o posto de galã da seleção bicampeã de 1958 e 1962, embora, claro, não precisasse desses atributos para ter sido admirado na profissão que escolheu. Gilmar tinha um estilo sóbrio, de  interceptar as bolas arremessadas ao seu gol, que caracteriza os grandes goleiros. Sem acrobacias desnecessárias.

Outra característica que o destacava era a frieza com que sobrepujava  os revezes. Se  engolia um frango, apanhava a bola no fundo do gol e retornava naturalmente,  com a fleuma necessária . Dentro e fora do ambiente de trabalho foi, sobretudo, um profissional de conduta irrepreensível, jamais tendo sido expulso de campo, ou participado  de campanhas com o fim de derrubar técnicos. Desprovido de interesses mesquinhos tratava a todos, do roupeiro ao maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé, com a mesma distinção. Um verdadeiro líder.

2.Gilmar Mendes, o atual, é um jurista que participa também de uma seleção, pois fazendo parte da confraria dos ilustres membros do STF pode-se dizer que participa da seleção dos melhores do país, na Justiça.     Fisicamente, e aí começam as diferenças, o Gilmar atual é o oposto do antigo. Estatura mediana, barriga proeminente e aspecto de batráquio tem o beiço escandalosamente avançado em franca disposição de combate, como se estivesse o tempo todo confrontando sabe-se lá o quê. Gilmar Mendes não é um modelo de celebridade esteticamente sedutor, longe disso, mas, claro, essa aparência constrangedora em nada deveria afetar o seu desempenho profissional. O importante deveria ser sua sabedoria e a capacidade de interpretar as leis com imparcialidade, mas, a partir daqui as diferenças se acentuam.

Enquanto o primeiro defendia com unhas e dentes (e mãos), suas redes dos goleadores adversários, Gilmar Mendes tornou-se também um  grande defensor,  mas de corruptos: com unhas, dentes  e canetadas.  Aprouve-lhe, não por dever de ofício, mas por opção, defender corruptos e poderosos. Não hesita, para isso, em executar defesas milagrosas (fora do padrão da ética e da honestidade) como também não se peja em digladiar com seus próprios companheiros de time, para salvar a pele de ladrões  e destilar seu ódio a quem os  combate.

Seu estilo de atuação também difere do Gilmar do passado. É  raivoso, confuso e atabalhoado, no afã de acobertar mal feitos perpetrados por bandidos poderosos.  Sua atuação sempre direcionada e viciada,  já salvou da cadeia  Michel Temer, Aécio Neves, Fernando Collor etc. denunciados como corruptos,  como  também se destina a aliviar da cadeia  Sérgio Cabral e quantos mais corruptos existirem no Brasil baseando-se na recente lei de Luislinda ministra dos Direitos Humanos de Temer: “ Humano, no Brasil,  só quem ganha acima de 60 mil. São esses que defendemos. O resto é o resto: se não for bicho, é escravo!”

Qual dos dois  Gilmar você prefere, caro leitor? A escolha é sua.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de Lendas, à venda na Feira do Livro

 

 

 

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