SUA MELHOR INIMIGA

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Emagrecer é uma das obsessões do mundo atual. Sempre surge uma balança para ajudar E é aí que começam as frustrações.

A BALANÇA

Se você está adquirindo uma balança a fim de que esta se torne sua amiga na batalha contra seus quilos a mais, esqueça! Uma balança,  seja ela qual for ( portátil, tamanho GG, eletrônica, ou com tecnologia de física quântica),  não está nem aí para seu apelo de solidariedade.

Antes de tudo porque, definitivamente,  ela não gosta de você. Não adianta escolher a mais simpática, a mais alegre ou a mais fácil de ludibriar. Uma balança não faz concessões à sua angústia, Não é que  tenha sido concebida para isso, a questão é de  antipatia pura e simples,  desde o instante em que você pôs seus olhos em cima dela.(E olhe que você ainda nem tinha posto o corpanzil).

Assim, ela é capaz de descansar o dia todo sem lhe fazer mal esperando a penas o momento de lhe cravar o equivalente a  um tapa bem dado: o registro de seu peso, sem tirar nem por.  Sim, porque basta um mero esfregar de números em sua fuça para colocar por terra tanto esforço e tanta esperança acumulada ao longo do dia.

Você tem esperança de ficar mais magro? Ela está  cagando pra isso. Você está depressivo e sofrendo com jejuns e dietas? Ela também caga  pra isso. Você chegou ao desespero de tomar remédios para evacuar o dia inteiro a ponto de viver defecando ao invés de defecar para viver? Ela não está nem aí pra isso. Resumindo: você está diante de uma inimiga que se especializou  em ‘cagar’ nas suas esperanças.

Certo, tendo batalhado a vida inteira, ao descobrir que tem uma inimiga dentro de casa você não se rende. Você é forte, bravo, você é um herói da resistência e está disposto a lhe provar isso. Um belo dia, num lance de sorte que nem você saiba explicar, ela se rende e, afinal derrotada, tem de se conformar em lhe anunciar os seus quilos a menos. Você  sorri, vitorioso e tem vontade de berrar: Venci!

 

 

 

Mas é bom não se iludir. Mais dia menos  dia, ardilosa e ladina como uma cobra,  a balança estará esperando para se vingar.  Silenciosamente, (como fazem os sorrateiros) ela lhe anunciará que você, de fato, não emagreceu de verdade porra nenhuma. E, como toda cobra que se preze, matará  a cobra e mostrará  o pau  exibindo  a prova definitiva.

Desesperado você chama o mecânico e diz: “Essa balança tá doida! Não aumentei tantos quilos de uma hora pra outra.” Com dó de você ele talvez diga: “Tente trocar a bateria! ”

Jamais faça isso. No primeiro reencontro ela vai escancarar sua derrota definitiva e só lhe restará  jurar que, a partir de agora, jamais vai vê-la o resto da vida. Só assim ambos dormirão e viverão em paz. Você porque comerá suas guloseimas sem dramas e sem dar satisfação a ninguém, ela porque se livrará de um babaca em cima dela!

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

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OS BRUTOS TAMBÉM AMAM ?

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PINTURA DE HITLER

 

artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

O poder desumaniza as pessoas?  Há alguns anos, cientistas começaram a estudar as formas como o poder  afeta o cérebro humano. Eles descobriram que o poder faz com que as pessoas se tornem mais impulsivas, menos conscientes dos riscos e menos capazes de ter empatia pelos outros. As consequências em termos de gravidade são equivalentes a danos cerebrais.

“O poder não modifica as pessoas, apenas mostra o que elas são”. Esta frase, sábia e conhecida, significa que existiria todo um potencial de vaidade, arrogância, empáfia e até mesmo crueldade inata ao ser humano, prestes a ser revelada desde que surjam condições efetivas para isso.

 

Essas reflexões vêm a propósito do que li recentemente em revista científica revelando que alguns ditadores, causadores de grandes atrocidades, foram também capazes de momentos de afeto e bondade, aparentemente inconcebíveis no imaginário construído a respeito de suas biografias. Por exemplo, Hitler não foi sempre o homem que ordenou a morte de milhões. Eduard Bloch, o médico da família do alemão, era judeu. Hitler ficou tão agradecido pelo cuidado que ele teve com sua mãe, que colocou a família do homem sob  proteção do governo em 1938 e acelerou sua emigração para os Estados Unidos.

Stálin também,  enviava regularmente limões a sua esposa. Fazendeiro,  plantou limão toda a sua vida. Seus filhos achavam que ele era “mais suave” que a mãe, e seus sentimentos por sua esposa não eram teatro político. Quando Nadya cometeu suicídio, Stalin ficou tão perturbado que teve que ser vigiado para não fazer o mesmo.

Igualmente, muitas dessas “feras” tinham pendores artísticos. Hitler foi um pintor obstinado embora mal sucedido. Recordo também que na juventude travei conhecimento com a poesia de Mao Tse Tung. Impactado pela descoberta, levei-a ao saudoso Erasmo Dias que, entusiasmado, avalizou como, de fato belos, os poemas do ditador chinês.

Muammar Gaddafi foi outro poeta e escritor  que escreveu uma coleção de contos. Outro ditador artista foi Saddam Hussein, com seu romance “Zabiba e o Rei”, uma trama romântica num contexto de aventura. Aliás, os guardas que vigiaram Saddam ficaram muito tristes com a sua morte, tal a empatia com ele estabelecida no convívio final. Tudo indica que estes homens “humanos, demasiadamente humanos” talvez não levassem a pecha de sanguinários  caso  não tivessem sido guindados ao poder.

Nestes dias de eleições e de caça ao poder, em que tantos se digladiam e o tom de ataques recíprocos atinge níveis de virulência elevados, nunca é demais lembrar que o poder não é um mal em si, o mal é se deixar seduzir pelo mesmo e tornar seu exercício, “desumano, demasiadamente desumano”. Isso acontece com os destruidores de esperanças tão logo assumem o poder, como, por exemplo, na Venezuela, o execrável Nicólas Maduro.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

 

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BELEZA E TRISTEZA

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Ao longo de minha vida adquiri muitos livros que hoje compõem o que se poderia chamar de uma modesta biblioteca,  senão no tamanho pelo menos na qualidade.

A arquitetura dessa magia se instala mais ou menos assim: um autor incógnito que oferece o seu texto a preço de banana me acenando das páginas do livro, insinuando justificar as inúmeras horas que passo à procura. Aqui a fascinação é a da garimpagem em busca do tesouro escondido. Os tantos livros que vim a adquirir, portanto,  ficam por conta dessa virtual atração: “Como posso deixar de levar uma fortuna oferecida a  um preço tão baixo? Isso é um crime que não posso cometer comigo mesmo!” E, assim, se amontoaram livros e mais livros a ponto de não haver lido nem metade do que gostaria.

Essa  impossibilidade faz com que, vez por outra, eu tente privilegiar alguns, colocando-os  na categoria dos próximos a ler, relevando os demais a uma leitura fortuita sabe-se lá quando. Eis que, mais por acaso do que por pertencer a alguma lista de preferência,  deparei  semana passada  com o Livro Beleza e Tristeza de Yasunari Kawabata.

 

 

 

Ao averiguá-lo, foi como a reedição de um novo achado, pois não tive a menor lembrança de onde e quando o adquiri. Reli então a orelha e descobri a possível razão de tê-lo trazido. Primeiro, o título, de uma singeleza arrebatadora porque traduz uma verdade pouco lembrada: a de que é difícil haver beleza plena sem um toque de tristeza, ainda que mínima, ou vice-versa. Mas, além disso, a fascinação pela capa com uma gravura japonesa e a alegoria de um perscrutador mistério.

Yasunari Kawabata, seu autor, ganhou o prêmio Nobel em 1968 e suicidou-se em 1972. A história por ele  narrada, comum, torna-se fascinante pela sua forma de condução da narrativa,  sublimando as paixões intensas que descambam para um desenrolar trágico previsível , ao sobrepor um tom de contemplação estética que suaviza o quadro de opressiva tristeza , pela introdução, inclusive nos diálogos, do êxtase em face da beleza  física ou artística, no caso,  mais desejada que verdadeira .

Uma obra-prima, de leitura gratificante e, portanto  imperdível , mas que , por isso mesmo,  veio me rechear das duas  sensações sugeridas pelo título do livro:   de Beleza, pelas obras-primas de autores para mim desconhecidos e que guardo em minhas estantes; e de Tristeza por saber que, por mais que me dedique ao exercício de uma leitura intensa  jamais conseguirei ler a todas.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

 

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A MAIS BELA EQUAÇÃO

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Um grande autor inglês ao ser perguntado em uma palestra sobre como escrever um romance, respondeu, com um leve tom de ironia: “É simples, primeiro você põe uma letra maiúscula e no final um ponto. No meio você coloca a ideia”.

Como a resolução de um grande problema subentende uma ideia e um exercício para desenvolver a equação que o soluciona, tenho a impressão de que o mesmo autor se perguntado sobre como chegar ao enunciado de uma brilhante fórmula, talvez respondesse com o mesmo leve tom irônico: “É simples, primeiro você coloca um número, no meio um sinal de igualdade, e antes e depois do sinal de igualdade você coloca uma ideia.”

Por isso, ao me deparar em uma revista científica com o resultado de uma pesquisa com estudiosos sobre as mais belas equações, no total de 11,   me surpreendi  com a relativa simplicidade de pelo menos duas delas, ombreando com  outras famosas e geniais sobre temas complexos para leigos como a da Relatividade Geral , da Relatividade Especial ou a Equação de Euler.

A primeira, a do teorema de Pitágoras, é velha conhecida dos bancos escolares e, embora  de importância abissal para os estudos  matemáticos , é compreendida facilmente por qualquer estudante do curso elementar. A  outra , que eu não conhecia,  é a que se anuncia abaixo:

1 = 0,9999999999999999999999…

No caso da equação citada, ao ser colocada a unidade, no patamar do infinito nos lados opostos de uma equação, evocando o começo e o fim, o todo e o nada, essa expressão sugere uma religiosidade numérica que alcança um tom inalcançável por qualquer  poesia. Esta é a equação favorita do matemático Steven Strogatz que sobre ela diz: “O lado esquerdo representa o início da matemática, o lado direito representa os mistérios  do infinito. Muitas pessoas não acreditam que isso possa ser verdadeiro, mas é.”

A menção ao infinito me fez lembrar o livro Cidade Aritmética (um livro de poemas com temas matemáticos, edição da FUNC de 1996). Neste busquei estabelecer, numa singela tentativa,  a conexão acima expressa e que imagino existir  entre matemática e poesia , letras e números, transcendência  e realidade, que trata,  também, do infinito e de sua ambiguidade,  sutilmente capturada na fórmula acima.

Os versos do poema  dizem: O infinito na matemática/mal consegue disfarçar sua sina de impostor/ Sua mãos, úmidas de estrelas/ ao cravar-se nas fórmulas/ da essência dos signos se apropria/ e reluz a insana farsa/ de caber-se no tempo sendo eterno/ na fração sendo infinito/ pela soberba talvez de sendo tudo/ imaginar que só lhe basta/ vestir-se do avesso pra ser nada.

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NOMEANDO ANIMAIS E VICE-VERSA

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Se você é uma celebridade que já conseguiu fama, dinheiro e sucesso, porém nunca  teve seu nome intitulando uma espécie rara de animal , acredite, alguma coisa está faltando.

Ser homenageado com seu nome doado a uma espécie significa a imortalidade que o sucesso nunca garante, principalmente nestes dias em que num segundo  você tem milhões de seguidores na Internet e, no outro,  caso morra, não encontrará  ninguém para seguir atrás de você no funeral.

Seguem alguns animais que foram ‘presenteados’ com nomes de gente. O que não se garante é que tenham ficado satisfeitos.

1.Neopalpadonaltrumpi, como o nome está dizendo,  é uma espécie de animal batizada com o nome do presidente norte-americano. Trata-se de uma traça, que tem um topete formado por escamas amarelas que lembram o penteado do político. Bem, pelo menos esse foi o motivo aparente, mas há quem especule que tenha mais a ver com a vocação nociva das traças.

2.Beyoncé, a cantora, que já reclamou de mosca no hotel quando esteve no Brasil, acabou cedendo seu nome para alguém da mesma família da perturbadora. A espécie Scaptia Beyonceae tem esse nome em homenagem à cantora  porque os cientistas australianos, que a descobriram, acharam que a parte inferior do seu corpo é mais larga do que a de outras espécies . Além disso, a mosca tem uma cor dourada intensa, como Beyoncé, com a diferença de que o dourado da mosca é mais natural que o da moça.

3.MendesGylmarekis é um tipo raro de sapo boi beiçudo que foi descoberto, por incrível coincidência , nos charcos de Brasília. Gilmar Mendes foi o escolhido para ser homenageado  tanto por possuir o beiço proeminente como pela facilidade nata de expelir ( ou soltar, se preferir )  seja lá o que for, especialmente odores. A semelhança é grande, especialmente no fato de que ao invés de caçar suas presas, Gilmar prefere espera-las sentado.

 

 

 

4.DuplexSertanejex. Oriunda de um tipo de simbiose rara entre animais que permanecem juntos desde o nascimento como irmãos siameses, esta espécie rara de cabras parceiras emite um ruído estridente, insuportável e não identificado. A extraordinária semelhança desse ruído e o fato de serem inseparáveis um do outro como as duplas sertanejas fez com que essa espécie fosse associada aos cantores desse ritmo, por razões óbvias.

6.Bolsobrabonaro. Trata-se de uma espécie aparentemente raivosa descoberta no Mato Grosso que teria nascido do cruzamento ancestral de um lobo selvagem com uma raposa. Os cientistas lhe deram esse nome em homenagem a Bolsonaro porque essa  espécie, à sua semelhança,  rosna e ladra , mas não morde. Chega a fazer muito alvoroço, mas corre de qualquer cachorro vira-lata.

5.HylaStingi é uma espécie de perereca colombiana, cujos cientistas que a descobriram  resolveram homenagear com o nome do  cantor e roqueiro inglês Sting. O cantor foi imortalizado pelos seus esforços em prol da floresta tropical.

Nesse ponto teve mais sorte que o falecido cantor brasileiro Wando,  que ficou famoso por colecionar calcinhas para homenagear as pererecas, mas nunca deu nome a uma. Coisas da vida!

.           Obs. As homenagens internacionais já foram concretizadas. As brasileiras estão a caminho.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

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A COPA E A VOLTA AO VIRA-LATA

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Complexo de Vira-Lata. Em 1958 quando o Brasil conquistou a sua primeira Copa do Mundo de futebol o escritor Nelson Rodrigues anunciou como definitivamente sepultado o que chamou Complexo de Vira-Lata, a seu ver um tipo de psique predominante nas mentes brasileiras, decorrente de auto depreciação. No seu entendimento, a vitória  da Copa do Mundo mostrava pela primeira vez ao mundo o que os brasileiros eram capazes de fazer.

De fato, embora muita gente ainda insista em relevar o futebol  a um degrau secundário  toda a ressonância mundial em torno do mito/evento futebolístico com participação globalizada, hoje, 50 anos após , mostra que o cronista estava certo. As vitórias nos campos de futebol fazendo do Brasil o primeiro Tri trouxeram visibilidade e autoestima favoráveis à Nação: agora tínhamos o primeiro Rei mundial, o incontestável Pelé.

O complexo de vira-lata parecia definitivamente enterrado.

O tempo passou o Brasil virou o decantado País do Futebol . Mesmo sem a exuberância do passado, o Brasil conquistou mais duas Copas.

Até que uma tragédia futebolística aconteceu 4 anos atrás,  a partir da falta de planejamento e do endeusamento midiático de profissionais incapazes (Felipão, um técnico arrogante e tosco),  refletindo o que acontecia na administração pública: o 7 a 1, vergonhoso e acachapante, inibiu  a trajetória crescente de esperança  no rumo de uma nação do primeiro mundo  em paralelo a outras  forças negativas que se juntaram para espezinhar o orgulho popular,  quando muitos líderes  brasileiros foram presos ou suspeitos de transações corruptas.

O que se esperava era que, após isso, a derrota servisse de farol para uma mudança de rumo. Apontei, antes desta Copa, como nocivo o endeusamento prematuro do técnico da seleção Tite.  Cheguei a ser contestado por leitores e amigos  e bem  que gostaria que não tivesse tido razão.

Como todos sabem a seleção fracassou com um desempenho pífio. Mais lamentável, porém,  é que, logo após a derrota iniciou-se o processo de blindagem do técnico da seleção, na base “Uma vez feito santo, tem de continuar santo” num processo de aceitação da derrota que não enxerga os erros técnicos e táticos que foram cometidos, aos quais se adiciona  alguns detalhes inusitados e extravagantes. Basta elencar o  que a Tite foi concedido : desde o salário mais alto entre todos os técnicos  de seleções a até poder se acompanhar de seu grupo de auxiliares do Corinthians, inclusive o filho (25 pessoas). Convocou quem quis e bem quis, transformando a seleção numa espécie de sucursal do Corinthians. Por último, segundo o jornalista Mauro César, da ESPN, teve um privilégio jamais  concedido a outro: o de escolher seu próprio chefe: o Sr. Edu Gaspar, também corintiano, entronizado como diretor de futebol.

Ora, tudo isso poderia ser aceitável tivesse havido uma contrapartida à altura. Ganhar de times fracos às  custas do talento individual de jogadores não configura meritocracia alguma. No único confronto mais difícil levou um baile tático do treinador da Bélgica

O técnico Tite já demonstrou  ser um profissional  capaz e inteligente o suficiente para aprender com os erros e continuar. O deplorável é essa tentativa (sua, inclusive) de lustrar a participação da seleção brasileira como coisa digna, na base do “Se não perdeu de 7 a 1, está bom”,  o que configura uma aceitação de perdedor, de leniência com o fracasso, de tapar o sol com a peneira,  que tem o seu equivalente político no ‘rouba mas faz’.  Enfim, esse arsenal de pensamentos complacentes que um dia fez parte do imaginário coletivo da Nação.

É o velho complexo de vira-lata que está de volta, rondando o país e nossas mentes.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

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SAMPAIO. A história do time que FAZ HISTÓRIA

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1.Corria o ano de 1922 em São Luís. Quer dizer, nem corria tanto assim. As notícias do resto mundo chegavam atrasadas, o dinheiro no bolso era lerdo, rapidez só mesmo em se falar mal da vida alheia. Avião, por exemplo, era novidade maior do que Seleção Brasileira de Futebol ganhar em Copa do Mundo neste século XXI.

 

Pois foi por essa época que Pinto Martins, cearense e Walter Hinton, norte-americano, se uniram numa empreitada. (Normalmente, mistura de cearense com norte-americano ou dá Estátua da Liberdade libertando-se e fazendo ponto na praia de Iracema, ou cabeça-chata fazendo exibição de forró no East Village). Mas, Pinto e Walter, surpreendentemente, estavam era cruzando os céus das Américas, pela primeira vez,  em um hidroavião, com escala prevista em São Luís. Ora, se o primeiro voo do mais pesado que o ar   havia sido feito somente há 16 anos por Santos Dumont, em seu 14 Bis, e, muito longe, em Paris, imagine-se o alvoroço da cidade para participar também da brincadeira e ver de perto que raios de troço era esse tal de avião. Os comentários só podiam ser dessa ordem:

 

 

Pinto Martins

“Já vi muito pinto voar, mas nessa altura, não. Ainda mais cabeça-chata

 

2.O certo é que tudo era mesmo extraordinário e jamais visto. Ainda mais que o avião tinha nome,  e se chamava Sampaio Correia, ou melhor Sampaio Correia II.  A explicação para um nome de gente no aparelho é que o avião foi doado aos pilotos aventureiros pelo presidente do Aero Clube Brasileiro, o senador José Matoso Sampaio Correia, carioca, sendo bastante normal, já  nessa época,  que os pilotos retribuíssem a gentileza botando no avião o nome do doador. Não se diga, porém, baseado no que fazem os políticos  hoje em dia , que o senador Sampaio Correia doou o avião em troca da  propaganda de seu nome. Não havia IBOPE e televisão muito menos. Talvez quisesse mesmo era se  eternizar, coisa que de outra forma jamais conseguiria.

 

3.Foi então que no dia previsto, 7 de dezembro de 1922 uma multidão de quinze mil pessoas (grande parte da população da cidade) se acotovelou para ver o show da chegada do dito cujo, mais ou menos como se acotovelam hoje as pessoas para saudar celebridades da música Como toda celebridade que se preze Sampaio Correia, o avião, também não compareceu no dia do show. Ficou retido em Belém, não por jogada de marketing, mas por razão mais vulgar: falta de combustível, o que só fez aumentar a ansiedade do povo. Quando aqui aterrissou dois dias depois  dá para imaginar a festa: discurso de político, homenagens, passeios em clubes, etc.

 

Quando os pilotos se despediram da Ilha do Amor, só uma semana depois, Pinto estava definitivamente consagrado. Se seu outro pinto (o de baixo) trabalhou enquanto  seu  dono tirava férias, já que mulher pra isso não deve ter faltado, nunca se soube. A herança principal deixada foi justamente o nome do avião.

4.Nome por nome, o time de São Pantaleão  até que , já tinha um : se chamava Remo. Mas, quer coisa melhor do que um nome de gente e,  ao mesmo tempo, de avião? Pois foi essa brilhante ideia que ocorreu ao taberneiro Almir Vasconcelos ao colocar na pequena agremiação o nome do avião: quem simpatizasse com o time lembrava logo do avião e quem sabe, depois dessa  ele começasse a decolar. E foi o que, definitivamente, aconteceu.

A partir daí todos sabem da história. Às vezes esquecem é que o time é um dos mais originais do mundo, não só pelo nome como por muitos outros motivos. Entre eles:

 

1.O único no mundo que tem nome de um avião.

2.O único que no seu uniforme, inicialmente visava as cores do Maranhão e dos Estados Unidos e acabou  dando na Bolívia. Ou seja, o único que tem as cores de três países.

3.O único cujo distintivo foi de autoria de um sapateiro.

4.O único time que já foi campeão da terceira divisão , da segunda e da quarta. (E que em breve vai ser da primeira).

  1. O único que tem o calção cáqui.
  1. O único do Maranhão que AGORA é, de fato, O Papão do Nordeste .

                                                        

                                                      

Sei que algum leitor já está contestando: calção cáqui, cadê o calção cáqui? O calção cáqui, senhores está na história do clube e jamais devia ter sido conspurcado. Que figurinistas, torcedores, diretoria, políticos, embaixadores e presidentes do Brasil ou da Bolívia se unam contra a corrupção de um de seus símbolos, que tornam o time de São Pantaleão o mais original do mundo, enfim, “aquele que se coloca à parte”.

 

 

p.s Algumas dessas Informações foram colhidas no livro Terra, Grama e Paralelepípedos (imprescindível para quem gosta de História e nosso Futebol) de Claunísio Amorim Carvalho.

 

Este texto e outras informações sobre São Luis estarão na segunda edição do livro O ABC  bem humorado de São Luis, prevista para  setembro deste ano.

 

 

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ISSO PODE TE MATAR!

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

A vida humana é efêmera e, sobretudo, frágil. Todos sabem disso, mas a maioria prefere fazer de conta que esse negócio de  morte foi feita para o outro e não para si. Algumas estatísticas assustam ao mostrar o perigo de hábitos e coisas aparentemente inofensivos.

1.Imagine estar voltando do supermercado, olhando para seu celular numa rua. De repente, eis que você se vê mergulhando nas profundezas de um  canal de esgoto. Pesadelo? Uma ficção de Stephen King? Nada disso, você está morto.

Acredite. Pode soar como um exagero, mas em 2011 os bueiros causaram  1843 mortes só na Índia.       Portanto, leitor, por via das duvidas o melhor é se precaver.  Bueiros são redemoinhos prontos para atacar e doidos para aparecer em seu celular, na paisagem de sua última selfie.

2.Talvez você ache relaxante uma tarde de  banho quente em uma banheira. Relaxante pode até ser, mas o perigo é quando o relaxamento passa do ponto e se torna tão perfeito que médico nenhum conseguirá fazê-lo parar.  . (Jamais inventaram equipamento capaz de propiciar um relaxamento tão perfeito como a morte, não é mesmo?)

Entre 1999 e 2003 1700 pessoas  só nos USA acabaram morrendo em uma banheira de hidromassagem e o motivo principal foi o abuso de bebida alcóolica enquanto estavam na banheira.

3.Todo mundo quer ser bom de cama, mas nem sempre a cama retribui com a mesma bondade. Assim é que camas matam em média 773 pessoas por ano só nos USA.

Uma cama, na verdade,  é mais propensa a te matar do que um assaltante. Por via das dúvidas prefira as camas baixas, considerando ainda que neste  levantamento não estão consideradas as situações em que o morto foi o Ricardão em cima da cama.  (Ou em baixo).

  1. Todos preferem, por preguiça, as escadas rolantes às comuns  tanto que se pudessem usariam escadas rolantes  até para sair da cama ou subir na mesma . Hoje elas proliferem nos shoppings e estações de metrô, mas é preciso ter um cuidado triplicado com as mesmas. Segundo o Centro de Controle e prevenção de Doenças dos USA, as escadas rolantes ferem gravemente 17 mil pessoas por ano e desse total são 30 os casos de óbito.

É normal que todo ser humano queira “subir”  na vida, mas se você for mulher prefira usar saltos altos (15 cm) para isso. São menos perigosos.

5.Fones de ouvido parecem inofensivos , mas podem ser assassinos mortais, já que deixam o usuário inconsciente diante do que o rodeia e é por isso que somente em 2010 houve 47 acidentes fatais relacionados ao uso.

Recomenda-se evitar na medida do possível esse costume cujas consequências podem ser ainda mais catastróficas que a morte. Como???? Pode existir  algo pior ainda que a morte?

Aparentemente sim. Dizem que quem morre escutando música de dupla sertaneja, se for direto para o inferno  nem sente a diferença.

7.Todos nós gostamos de comer cachorro quente, não é mesmo, leitor?, Só que esse tipo de sanduiche não é nada bom, especialmente para o futuro dos meninos. Só em 2010 mais de dez mil crianças com menos de 10 anos acabaram na sala de emergência após se engasgar com cachorro quente e 77 perderam a vida.

Por segurança, portanto,  nunca esqueça de que só há um cachorro que nunca foi nem será seu amigo fiel. O cachorro-quente.

[email protected] 

José Ewerton Neto é autor de O Entrevistador de lendas

 

https://www.youtube.com/watch?v=zOVJJTMUHWI

 

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CENAS DE UMA COPA NA RÚSSIA

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1.O EFEITO VAR

Nesta Copa só se fala em VAR. Tenho a impressão de que esta tecnologia (implantada para minimizar as falhas dos juízes de futebol) foi concebida, sobretudo, para que se xingue um pouco menos os árbitros. Por isso a inovação foi bem recebida  pelas mães dos juízes  na medida em que ao invés de as torcidas chamarem o árbitro principal de  filho da p…   insultarão  também o árbitro de vídeo , dividindo assim os impropérios.

Fico imaginando se o Var for submetido a um juiz  do tipo Gilmar Mendes na função de árbitro de vídeo. Com ele não haveria pênalti, nem impedimento, nem cartão amarelo, muito menos expulsão  para o infrator. As regras  do jogo valeriam apenas para jogadores comuns, já para os  bem aquinhoados até gol de mão (como o famoso de Maradona) passaria. Neste caso, nada tendo a ver com “La Mano de Dios”.

  1. CANONIZAÇÃO Interrompida.

Pelo menos temporariamente, depois do empate do Brasil na Copa, foi interrompido o processo de canonização de Tite promovido por Galvão Bueno, Rede Globo e comentaristas esportivos adoradores do técnico. Estacionou antes de chegar ao Papa,  já que  os primeiros sinais de incômodo com essa santificação antecipada começaram  a pipocar aqui e ali em todo o território nacional.

Acontece que São Tite, na hora de fazer milagres, depende de pedi-los emprestados aos jogadores de talento da seleção como Neymar, Coutinho, Marcelo etc que nem sempre estão inspirados para patrocinar a divinização tão esperada. A Copa é longa e o que se teme é que  um Coutinho só ( que tirou um milagre da cartola fazendo um gol incrível contra a Suíça) não seja  suficiente.

 

3.Penteado 7 , Bola 1.

Bons tempos aqueles em que os craques apelidavam seus gols com títulos bizarros, mas engraçados. Era gol Helicóptero aqui, gol Borboleta acolá, como fazia Dario Maravilha um atacante cujo talento para fazer gols era da mesma ordem de sua capacidade de estabelecer empatia com os torcedores.

 

 

Os tempos mudaram e se tornou mais importante a visibilidade nas redes sociais com gol ou sem gols. Alguns craques são obsessivos em promover  o visual, como qualquer celebridade.   Isso explica porque o goleiro Alisson da seleção brasileira se fez acompanhar, na concentração, de um cabeleireiro pago a peso de ouro.

Neymar, por sua vez, tornou-se um mestre nisso, inovando o que está acima de sua cabeça com maior apuro do que o que tem dentro.  Como muda a cada jogo mais de penteado do que de drible a grande dificuldade para os torcedores é encontrar um apelido à altura para  cada uma de suas performances.

Assim é que basta Neymar adentrar o gramado para que se inicie, entre os torcedores, o exercício de escolher um apelido para o que se vê. Na estreia do Brasil surgiram as opções: Cabelo de Martnália, Penteado Nissin Miojo, penteado Espiga de Milho etc.

Menos mal que restou aos brasileiros esse consolo: quando os gols escasseiam, a diversão é tentar nomear os penteados de Neymar. Qual será o próximo?

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

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PARA QUE SERVE UM NAMORADO

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Anteontem comemorou-se o Dia dos Namorados. Nada  como ajustar o significado do termo aos dias atuais

 

NAMORADO.

Indivíduo (ou objeto, com queira) de uso pessoal feminino, geralmente descartável que,  mesmo sendo encontrado  a preço de banana, pode sair muito caro. Sua principal  serventia é como adorno em passeios de shopping centers , cinema, baladas, ou, com maior frequência, como objeto de exibição para as amigas.

Normalmente é substituído por outro em casos de urgência, ou seja, necessidade sexual inadiável. Um dos requisitos mais apreciados entre os diversos tipos é a boca fechada. Tal fato,  é encarado por elas como uma espécie de garantia para que não sejam forçadas a ouvir asneiras. Recomenda-se, portanto, atenção redobrada ao manual de utilização.

PRAZO DE VALIDADE

Um dos atributos mais importantes é o Prazo de Validade. Se o namorado for do tipo antigo (mais de 50 anos) quanto menor a vida útil esperada, maior a preferência. Isso acontece porque uma vida útil menor, nesse caso, significará, no futuro,  uma vida útil maior para a parceira que o adquiriu. Claro, um namorado de mais de 50 anos subtende-se que só seja adotado se tiver posses e bens a perder de vista.

Se o namorado, por outro lado,  for do tipo jovem (a idade mental de um namorado com a mesma idade de sua cliente mal chega à metade), o grande risco que a mulher corre é o de pensar que está levando um namorado e, na prática, estar  levando um bebê para criar e dar de mamar.

 

 

 

AMOR.

Amor é a moeda de troca mais praticada em um namoro. Talvez porque ninguém saiba exatamente o que seja, muito menos  o que significa  (nisso se parece  com o BITCOIN moeda da Internet) , nem  como funciona ( idem) .

Para uma adquirente, parece elementar que o objeto deva  oferecer dosagem equivalente em termos de dedicação amorosa, mas isso raramente ocorre. Nunca dá empate,  pois no jogo do amor uma das partes sempre sai ganhando. Quando dá empate a mulher já está perdendo

ONDE ACHAR

Namorados são encontráveis em todo canto e em qualquer lugar. Normalmente os camelôs não os vendem  mas uma infinidade de produtos piratas seriam facilmente adquiridos  se suas ex-namoradas,  que normalmente os atiram no rejeito de suas casas ou das redes sociais, se dispusessem a vende-los.

Apesar disso, o produto de segunda mão, não necessariamente é de baixa qualidade, tanto assim que existem mulheres que preferem produtos gastos e abusados.   Como  dizia Marlene Dietrich “Pouquíssimos homens tem capacidade de entender e amar a uma mulher. Infelizmente, para elas, são sempre aqueles que têm mais de uma.”

PEDIDO DE NAMORO.

Espécie de ritual antigo que precedia o namoro, hoje em completo desuso. Foi substituído pelo pedido de acasalamento sexual feito através de aplicativos da internet. O único pedido de namoro reconhecido como tal hoje em dia é o número do cartão de crédito da parceira.

 

 

 

Tudo é muito liberal como convêm aos tempos modernos. Se a eventual cliente, por exemplo,  ao invés de desperdiçar seu tempo com seu namorado preferir sair com as amigas para se divertir o fará  numa boa. Se  voltar para casa caindo de bêbada e deparar com um namorado em cima de si,  de  uma coisa pode ter certeza: A cama é  da sua colega. E o namorado também.

 

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

 

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