Aconteceu no Maranhão

0comentário

Esta foi do tempo em que alguém do povo podia enganar os poderosos, ao contrário de hoje quando estes não permitem ao popular a menor chance.

Nossa  história começou em 1792 quando Nicolau,  preto e escravo do tenente- coronel João Paulo Carneiro,  fugiu para o mato de onde retornou trazendo uma ideia. (Dizia Pablo Neruda  que para escrever um romance bastava por na frente uma letra maiúscula e termina-la com um ponto final …desde que no meio se colocasse uma ideia). Nicolau, que não sabia escrever nem ler e, tampouco, romancear, sabia, no entanto,  colocar uma ideia no meio  para sobreviver. Decidiu  levar sua ideia em forma de romance ( ou mentira, tanto faz)  para o os ouvidos do governador da província, Fernando de Noronha. Se o governador achou sua narrativa parecida com a de um romance, não se sabe, o certo é que aceitou que  era pura realidade.

            Corria por esses tempos a notícia de que  pros lados da Lagarteira havia um quilombo, que já formaria uma  cidade denominada  Axuí. Pois Nicolau disse ao governador que, em suas andanças pelos matos, a descobrira,  e que esta era habitada por negros tão ricos que tinham uma grande imagem de ouro de Nossa Senhora da Conceição; e que bebiam em cuias também de ouro.  Mesmo com fama de embusteiro, sua história mirabolante alimentou  os sonhos de cobiça do governador que, nesse mesmo dia, dia fez questão de rezar para Nossa Senhora da Conceição para que ela permitisse a Nicolau trazer-lhe a sua Nossa Senhora da Conceição particular. De ouro, claro.   

            Deu a Nicolau a patente de capitão de milícias e carta branca para agir como fosse preciso. Empoderado até a alma  Nicolau se soltou, dando asas, agora, não somente à imaginação. Passou a frequentar banquetes e a comer do bom e do melhor. Quando alguém duvidava de sua prosopopeia Nicolau arranjava, ‘na marra’, falsos testemunhos. Foi o que aconteceu com Antonio Tatu. Tendo este se negado Nicolau mandou prendê-lo, descobrindo o que era preciso para fazer um tatu andar depressa. Faltava agora somente arregimentar  equipamentos, material bélico e desvairados de toda ordem.

            Aprontou-se então um ‘exército de Brancaleone’ versão maranhense com  2000 pessoas, tendo Nicolau como guia e mais  soldados de linha, índios, e simplesmente pedestres, dispostos em hierarquia de comando de guerra.

            Em 3 de agosto de 1794, saiu a tropa por mar dividida em dois grupos , o principal rumo ao Munim, desembarcando em Santa Helena, sob a guia de Nicolau , o outro sob a guia de Tatu, desembarcando em Alegre e marchando para Lençóis Grandes e daí para o mato . Depois de muita fome e sacrifício, gatinhando morros e atravessando riachos e muritizais,  depois de 18 dias chegaram ao ‘Eldorado’ anunciado. Só que agora faltava o ouro, a prata, e, evidentemente,  Nicolau,  que havia fugido.

            Resumo  da missa. Tiveram de retornar na calada de noite a São Luís, ocultos para não passarem vergonha. Nicolau foi preso e, sem ter a recorrer (jamais houve ou haverá STF para pobre neste país) , foi condenado à prisão perpétua.

Enquanto isso o governador não foi sequer admoestado. Tampouco havia Ministério Público essa época, para dar a Nicolau, pelo menos,  um prêmio de consolação pela sua rica imaginação que, até hoje, nos faz sorrir.  

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luís que, em sua terceira edição, até o fim do ano, contará com essa e outras histórias maranhenses.
sem comentário »

Ileísmo, burrice e inteligência

0comentário
Ao invés de falar mal dos outros
fale de si.

Ficar mais inteligente não é coisa fácil. Pode-se ficar mais culto, mais refinado ou até mesmo mais apresentável, porém mais inteligente aí são outros quinhentos.

Resta, contudo, uma esperança, sugerida pela Ciência: a  prática do Ileísmo. Sim, senhores, reportagem recente da revista Época expõe resultados de estudiosos que chegaram à conclusão  de que referir-se a si mesmo na terceira pessoa ( ileísmo) conduz a raciocínios mais lógicos para tomada de decisões. A ideia é que a mudança de perspectiva dissipe a névoa emocional permitindo ver além das próprias opiniões. Ou seja, ao  olhar com distanciamento para si  você inaugura um lugar para um pensamento mais sábio. Afinal, duas pessoas pensam melhor que uma,  mesmo sendo, essa outra pessoa,  você mesmo. OK?

Esperançosos por dotar as pessoas, das quais dependemos, de um pouco mais de inteligência, imediatamente surge em todos nós o impulso de imaginar como certas celebridades ou autoridades  inaugurariam tal prática.

1.Pelé falando de si mesmo:  

“Isso não é novidade pra mim porque sempre tratei o Pelé como se fosse outra pessoa. Acho até que mereço uma condecoração por mais esse gol de placa ao ter iniciado essa prática muito antes de a ciência recomendá-la. Quanto a se resta alguma dúvida sobre se ela  nos torna mais inteligentes, lembro de que quando  disse, há alguns anos atrás, que o brasileiro não sabia  votar fui chamado de burro.  O tempo passou e as últimas escolhas mostraram que quem tinha razão era o Pelé. Quem foi mesmo  o inteligente?”

2.Gilmar Mendes falando de si:

 “Claro que estou careca de saber que esse Gilmar Mendes é um sujeito execrável e não estou me referindo apenas ao seu  aspecto rabugento.  Às vezes acho que ele deveria ir mais devagar com esse negócio de soltar ladrão, mas preciso concordar também que ele não teria conseguido tanta grana se tivesse sido, por exemplo, um soltador de inocentes sem pedigree. 

Quanto a Janot ter pensado em mata-lo, o que mais lhe deu raiva não foi o pensamento exterminador de Janot, mas o fato de este ter tido uma ideia que vai lhe render muita grana (de livro vendido). Ora, pelo que eu conheço dele, e muito bem, Gilmar, que só solta encarcerado rico,  se pudesse matava tanto os ladrões de galinha como qualquer remediado,  principiante  como Janot, em busca de fortuna.”  

3.Bolsonaro falando de si:

“Taí  um cara que eu não votaria nem para síndico de condomínio, quanto mais para presidente da República. A merda é que eu o conheço desde nasceu, sempre foi desse jeito e apenas  chegou a presidente porque neste país de um tempo para cá, basta ser analfabeto ou bronco para ser eleito. O que o estimula é que  embora tenha consciência de que ele, Dilma Roussef e Lula passam com louvor no vestibular da ruindade (na presidência) , só ele teve a vantagem de levar uma facada e não morrer.

Na verdade, ele nunca achou levar uma facada  tão complicado assim! Pior é ter que aguentar os Zeros 1, 2 e 3 porque  se facada mata de uma vez,  os Zeros, vão matando devagar.  Ainda assim, Bolsonaro não acha isso razão suficiente para permitir que os  prendam.  Num país em que os ladrões são protegidos pelas leis, e até pelo STF, quem pode criticar um pai por proteger seus filhos acusados de corruptos?”  

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis. 3a edição revista e ampliada até o fim do no

                                                          

sem comentário »

Falemos de Canhoteiro, o craque

0comentário
Canhoteiro. O Sonhador do futebol dos sonhos de cada um

Terminei por esses dias a leitura do livro Canhoteiro, o homem que driblou a glória, de Roberto Pompeu. Minha admiração por esse jogador de futebol começou ainda criança quando eu, fanático por esse esporte, colecionava a antiga Revista do Esporte.  

Essa admiração  começou mais precisamente quando li,  na seção bate-bola com o craque,  uma resposta do legendário Djalma Santos , lateral da seleção brasileira ganhadora da Copa do Mundo de 1958 ( Djalma, que jogava no Palmeiras, foi considerado o melhor lateral daquela Copa  mesmo tendo jogado uma única partida, a última, em que o Brasil derrotou a Suécia por 5 a 2). Ao ser perguntado sobre qual o atacante mais difícil de ser marcado, Djalma respondeu sem pestanejar.

Canhoteiro, ao lado de Djalma Santos

– CANHOTEIRO. O maranhense é bom de bola mesmo!

Essa resposta me encheu de orgulho como maranhense por ter sido destacado um conterrâneo, que eu desconhecia completamente.   

A partir daí, sem nunca tê-lo visto jogar, tornei-me seu fã mesmo que ele não fosse conhecido  muito bem, sequer pelos maranhenses da época. Tal razão acontecia porque  o noticiário dominante em todo o Nordeste vinha da imprensa carioca , a ponto de todo torcedor nordestino ter seu time preferido no Rio, mas não necessariamente em São Paulo. Canhoteiro, que se chamava José Ribamar de Oliveira e nasceu em Coroatá,  pouco atuou nos times maranhenses. Em São Luís jogou pelo Paissandu ( não confundir com o do Pará) , depois transferiu-se para o América do Ceará  e daí para o São Paulo F.C

 O Mago (como era chamado pelo sortilégio de suas jogadas)  reinou em São Paulo enquanto durou sua curta trajetória. Infelizmente,  perdeu o bonde consagrador da gloriosa viagem da seleção brasileira campeã de 1958 por uma razão singela e peculiar: não tinha ‘saco’ para a seleção. Fugia,  como Garrincha ( com quem se parecia nos dribles fenomenais e em muitos pontos da personalidade inamoldável ) , da disciplina dos treinos e sumia da concentração. Assim, foi preterido na seleção de 58 no auge de sua forma técnica embora fosse sabidamente mais craque do que Pepe, o canhão da vila, e vinte vezes melhor que Zagallo, apenas um esforçado cumpridor de ordens táticas.

Uma frase do Jornal A Tarde de São Paulo, publicada no dia de sua morte precoce aos 42 anos sedimenta, para qualquer apreciador da epifania que ronda a arte futebolística,  a dimensão da categoria na qual se inscrevia:  “Na verdade era um desses raros jogadores acima de qualquer resultado, por ter sido mais importante que o próprio gol.”

Ora, que pode ser mais importante que o gol num esporte que tem essa finalidade? Nenhum epitáfio pode ser mais  consagrador que esse para um craque .  De Zizinho a Juca Kfoury,  de Chico Buarque a Gonzaga Belluzo, que o viram como o melhor ponta esquerda de todos os tempos, todos o admiravam porque era rotina dos moradores de São Paulo irem para o estádio não para ver seus times ganharem, mas para se deliciarem  com  o show do Latifundiário, outro de seus apelidos,  justamente porque , para ele, 10 cm de campo era todo um latifúndio para fazer a bola rolar.

A leitura deste livro consolida a ideia de que Canhoteiro foi o mais genial dos atletas maranhenses. Portanto é necessário falar do mesmo, homenageá-lo (como a outros notáveis maranhenses ) sem a parcimônia atual , para evitar que o trem do tempo passe em sua viagem sem regresso, solapando a memória de seus feitos e realizações.

José Ewerton Neto é autor
de O ABC bem humorado de São Luis
sem comentário »

MINHA VIDA ENTRE LISTAS

0comentário
febre de listas

Fui presenteado recentemente pela amiga, poetisa e confreira Laura Amélia Damous  com uma dádiva especial: o livro Listas Extraordinárias, em tudo e por tudo um livro extraordinário.

A inspiração para esse presente surgiu-lhe de uma crônica que escrevi neste mesmo jornal em que o assunto foi justamente minha sedução por listas. A ponto de ter sido cognominado de ‘listador’ pelo também confrade Joaquim Haickel no prefácio que gentilmente escreveu para o meu próximo livro de contos, prestes a ser publicado,  cujo título inspirado em um dos contos se chama Pequeno Dicionário de Paixões Cruzadas, um conto policial narrado em formato de listas, eis que um dicionário, ao fim , não passa de uma lista de palavras.

Esse fato foi destacado pela visão cinematográfica do mesmo que chegou a esse cognome a partir dos assuntos dispostos em sequencia  numérica em muitos de meus textos para jornal.  Quando lembro que, certa vez, também em uma crônica, reclamei da ausência do samba Camisa Listrada de Assis Valente da lista das melhores músicas da música popular brasileira,  suspeito que não sou apenas seduzido mas associado a elas. Concluo que esta é uma bendita sina, já que graças a ela – e a generosidade de minha amiga Laura -, tornei-me possuidor deste verdadeiro tesouro.

Este, por sua vez difere em essência de O Livro das Listas de Irving Wallace citado na crônica anterior,  onde as listas são  provocadas ou  imaginadas a partir da opinião de especialistas sobre vários assuntos, sendo, portanto, em grande parte fictícias. No presente livro, não. Um cuidadoso trabalho de pesquisa disponibilizou listas reais (todas fotografadas) fazendo realçar aspectos da personalidade de seus autores e do ambiente em que viviam num valioso trabalho biográfico e histórico.  São sequências por vezes triviais, mas sempre curiosas e até mesmo espetaculares pela informação trazida. Desde a lista de exigências de Einstein para sua esposa até os motivos de internação  em um hospital da Virgínia Ocidental de 1864 a 89 há listas para qualquer gosto podendo ser:

Tragicômicas. A lista dos conselhos  do famoso ensaísta e clérigo Sidney Smith para sua grande amiga com depressão guarda ‘pérolas’ como estas: 1) Viva o melhor que puder… até 2)Por fim, acredite em mim, querida Georgiana.

Imperiosas. Os onze mandamentos de Henry Miller para ele mesmo evidenciam o esforço que ele demandava para se autodisciplinar, ao se ordenar: “Não comece a escrever outros livros, não acrescente mais nada a Primavera Negra”… até findar em: “ Escreva primeiro e sempre. Leitura, música e amigos, deixe tudo isso para depois “

Patéticas. As listas de esforços de Sylvia Plath e Marilyn Monroe guardam extraordinária semelhança (as duas se suicidaram) na tentativa de serem felizes. A de Sylvia começava dizendo: “Mantenha constantemente um ar de alegria”. 

Engraçadas. A lista de símiles de Raymond Chandler que as acumulava para sua narrativa policial irônica e noir é de morrer de rir: “ sexy como uma tartaruga, frio como um calção de uma freira, raro como um carteiro gordo, bonita como uma tina de lavar roupa…” etc. etc.

E  foi assim que O livro das listas extraordinárias entrou  na minha lista dos mais preciosos livros.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luís
sem comentário »

Pela volta da Monarquia

0comentário
Já está na hora de se voltar à Monarquia

PELA VOLTA DA MONARQUIA

No começo era a Monarquia, sob a qual vivemos muitos anos, embora nem mesmo se conhecesse o rei, de tão longe que este ficava. A vida era difícil,  mas dava pra levar numa boa até mesmo porque, nessa época, não havia Faustão, rede social e nem dupla de música  sertaneja.

Tudo começou a melhorar depois que o imperador nasceu aqui. Era um sujeito culto e generoso, que queria o bem do país, mas, assim como Cristo, não conseguiu agradar todo mundo. Escorraçaram o velhinho e implantaram a República e, com ela,  a Democracia.  Tinha tudo para dar certo, mas, aos poucos,  o inconformismo tomou conta do país. Resultado: Ditadura neles!

O ditador era um baixinho gaúcho, gorducho e patriota que tinha,  no entanto,  um pequeno problema: era chegado a um suicídio. Isso causou uma enorme confusão e a solução foi apelar de novo para a velha e manjada solução: democracia, com presidencialismo a reboque. Tentou-se de tudo desta vez , até  um bruxo apareceu como uma vassoura, mas o povo continuava insatisfeito.  Ora, diante do caos nada como uma ditadura para salvar a pátria. Apelou-se  então para uma ao  estilo militar para não haver suicídio à vista ( militares, como se sabe,  mão se suicidam, só suicidam os outros, mandando-os para a guerra) .

A pau e pedra  a coisa permaneceu algum tempo, enquanto durou a alegria no futebol. O Brasil ganhou a terceira Copa do mundo, foi o tempo do país que ia dar um passo à frente.  Tão logo  o Brasil voltou a apanhar no futebol o país deu um passo à frente , caiu no abismo e foi a vez do velho e surrado presidencialismo dar as suas caras de novo desta vez com um presidente com cara de novo: Fernando Collor, que tinha cara de novo mas era um velho ladrão. Solução: impeachment nele.

 A coisa capengou até chegar a Dilma Roussef que também foi impichada mostrando que o Brasil havia deixado de ser campeão mundial de futebol para ser campeão mundial de impeachment.  Depois de um ex-presidente ir parar na cadeia por roubo  e ter assumido um vice ,    suspeito de roubo, já estão querendo impichar um terceiro, em vias de implantar o Bolsonarismo que é um regime que funciona mais ou  assim:  o presidente manda pra cá para defender o filho acusado de roubo, os deputados mandam prá lá para se defenderem da acusação de roubo, os judiciário tira os corruptos da cadeia e, em volta, o roubo impera.  

Ora, se o roubo continua, está mais do que na hora da volta  do regime monárquico onde o roubo é institucionalizado, mas  para poucos.  Além do mais…

            1.O Brasil sempre foi  cheio de reis . Rei do futebol (Pelé), rainha dos baixinhos, rei da Voz, rei dos apelidos na Lava-Jato  etc.

            2.A forma de governo não é  monarquia mas dá no mesmo porque os governantes não são reis mas agem como se tivessem um na barriga.

            3.Coroa tem aos montes, em todas as capitais deste imenso país. É só procurar nas fotos das colunas sociais dos jornais. A variedade é imensa, embora enferrujadas.

            5.Os nobres e poderosos do Brasil podem até não ter sangue azul, mas, com certeza, este não é vermelho porque,  depois de tantas falcatruas jamais se viu um deles corar de vergonha.

            6.Bobo da Corte também é o que não falta neste país. Desde Galvão Bueno gritando gol do Flamengo no limite de perder a fala, até os que fazem cócegas nos egos dos poderosos da Corte, como Gilmar Mendes, para que estes caçoem de suas misérias. Quem duvida de que o eterno bobo da corte desse país sempre foi o povo ? 

José Ewerton Neto é autor de
O ABC bem humorado de São Luis
sem comentário »

SEXO, AINDA O MELHOR REMÉDIO

0comentário

Descobri, em reportagem recente deste jornal, que 6 de Setembro  é o dia internacional do sexo, data assim escolhida como  uma alusão à prática  do  69. Complementando,  a reportagem informava o que tudo mundo, mais ou menos, sabia:  SEXO é o melhor remédio.

            As razões, explicadas cientificamente, aqui não carecem ser esmiuçadas. Enumeram-se as doenças e dores para as quais funciona que é uma maravilha:   1) Para enxaqueca, 2) Para fortalecimento dos ossos 3) Para combater a incontinência urinária 4) Para aliviar as cólicas de TPM. 5) Para melhorar o aspecto da pele 6) Para melhorar o sono 7) Para aliviar o estresse 8) Para queimar calorias 9) Para aumentar a imunidade contra infecções , gripes e resfriados 10) Para envelhecer melhor e… Enfim, trata-se de um remédio tão eficiente que não é exagero se conjecturar que o sexo seja bom também para morrer melhor.

            Com tantos atributos o que se lamenta é que ainda não seja reconhecido como tal pela ANVISA, o que só pode ter origem preconceituosa a partir do que se admite como politicamente correto. Uma primeira providência para desconstruir o ‘pecaminoso’ que ronda a atividade sexual seria passar a reconhecer melhor seus propagadores e agentes. Urge, por exemplo,  que os motéis deixem de ser instalados apenas em avenidas e locais obscuros e passem a existir em locais de grande visitação vindo a denominar-se , ao invés de motéis, clínicas de saúde. O mesmo vale para prostitutas que passariam a ser reconhecidas como profissionais da saúde pública com direito a aposentadoria por tempo de serviço e direitos equivalentes aos que lidam com a saúde como médicos, enfermeiros e farmacêuticos.

            Restaria ao Ministério de Saúde distribuir bulas explicativas à população mais ou menos da forma que segue:    

            Composição: Trata-se de um remédio natural  cujos principais componentes químicos e físicos são trilhões de células desenvolvidas a partir de um código de crescimento chamado DNA até se constituírem   seres humanos. A otimização  dos efeitos de SEXO como remédio exige que haja conjunção de dois indivíduos para tanto, preferencialmente.  

            Posologia: Embora aplicado e ingerido comumente em horários noturnos, SEXO não tem restrição de horário, podendo ser consumido a qualquer hora do dia. Quanto ao local dá-se preferência para locais pouco movimentados e com baixa visibilidade. Essa restrição tem a ver com certo grau de paroxismo e excitação que, surgindo logo em seguida a aplicação do remédio, pode fazer com que seja confundida sua forma de utilização com a de alguém sob o impacto de alguma possessão ou loucura.    

            Precauções: Embora liberado sem a obrigatoriedade de receita médica,  recomenda-se não exagerar na dose o que pode viciar os pacientes tornando-os obsessivos. (Obs. Um exemplo disso foi a cantora Anitta, presentemente sob  cuidados médicos).   

            Efeitos Colaterais: O principal efeito colateral acontece depois de 9 meses e tem a ver com o surgimento na barriga da receptora  daquilo  que convencionou-se chamar de filho, nem sempre bem-vindo, infelizmente. Neste caso, para evitar, deve-se socorrer de uma camisinha enquanto se estiver tomando o remédio.   Os demais efeitos colaterais são considerados contornáveis sem uso de outro remédio: paixão, obsessão, perda temporária de raciocínio  e outras manias.             

                               josé Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis  , à venda na livraria da Amei e Tempo de ler                                                   [email protected]  

sem comentário »

No país do abuso do abuso

0comentário

por aí um país em que puta goza, gigolô tem ciúme, traficante fuma maconha e comunista é de direita. Por mais que muita gente não saiba, ou finja não saber disso para não ter que pensar a respeito, esse país é o nosso Brasil e precisou ser definido dessa forma no século passado pelo sagaz e  irreverente cantor Tim Maia para que pela primeira vez nos déssemos conta do quanto é, frequentemente,  bizarro, afrontoso e absurdo viver neste país em que vivemos.

E olha que em termos de gigantismo do  absurdo o que disse o cantor é muito pouco diante do que se vê até hoje! Tivesse um pouco mais de requinte Tim Maia teria complementado: e em que puta goza,  é artista de cinema e pastora de igreja; em que comunista é de direita , milita no Centrão e tem filho de esquerda;  em que traficante fuma maconha, se elege com cocaína e dá festa com ecstazy; em que gigolô tem ciúme, casa com artista e vira celebridade.

Sem contar que tantos anos  depois que Tim Maia se foi, os absurdos evoluíram  a ponto de o Brasil ser hoje também um país em que bandido tira férias, jogador de time grande morre queimado em centro de treinamento,  mala entupida de dinheiro não tem dono e ateu reza pra Deus, pra Exu, pra Buda e para Maomé. É mole ou quer mais?

Pior é que tem. Quando no século passado um senador da república disse que esta era uma Nação feita por bandidos para bandidos não previu que as gerações seguintes fariam tudo para sacramentar  o que ele disse.  Bote-se, pois, na conta dessa estranha  vocação para o absurdo ( para não se atribuir a coisa pior ) a lei recentemente criada  para proteger bandidos intitulada Lei do Abuso da Autoridade, segundo a qual não se deve punir  o bandido , mas sim aquele que o prende,  enquanto  estabelece que é abuso de autoridade prender o bandido, mas não soltá-lo. Nada mal para um país em que a primeira assembleia constituinte reuniu-se  numa antiga cadeia pública. Faz sentido, ou não?

Pobre Tim Maia!,  não  viveu a ponto de ver sua irônica frase aperfeiçoada com tanto esmero. Não chegou a ver figuras como Renan Calheiros e Gilmar Mendes, estabelecidos como representantes do povo,   e, portanto, devendo ser guardiões da moralidade, saltitando de felicidade com a nova lei, da mesma forma com que  traficantes e meliantes  vibram por viver em um país  que reserva sempre uma absurda cota de leniência para criminosos de todo tipo, principalmente  os corruptos .

A revolta do povo com essa tal lei está dando tanto o que falar que escutei, em uma livraria,  uma conversa de um grupo de idosos na qual um deles   ponderou  que ainda bem que não havia   a tal Lei do Abuso da Autoridade na época de Jesus Cristo. Senão ele teria sido preso por abuso da autoridade ao expulsar a chicotadas os vendilhões do templo, comerciantes corruptos que usavam a Igreja local para enriquecimento fácil.

Impulsivamente,  dei asas à minha imaginação para conceber a cena. Os acólitos dos infratores  afrontando  Jesus Cristo após os criminosos terem sido enxotados.  

-Com que autoridade  fazes essas coisas?

– Sou filho de Deus, não posso ver maculada sua santa casa.

– Tem provas disso?

-Não? Não preciso de provas.

-Considere-se preso então, por abuso de autoridade.  

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis
sem comentário »

A verdadeira história de Wilson Simonal

0comentário

Uma nuvem de mistério pairou  sobre três de nossos grandes cantores da década de 70.   A dúvida sobre Belchior era “Por onde andará Belchior?”; sobre Geraldo Vandré “O que foi feito de Geraldo Vandré?” e sobre Wilson Simonal  “ Como pode ter desaparecido depois de um sucesso tão avassalador?”

Sobre Simonal vamos encontra-lo em começos da década de 70, pleno e esfuziante como show-man e apresentador. Mas não era apenas isso, Simonal era muito bom cantor: Juca Chaves e Jô Soares o consideravam o melhor cantor do Brasil. Para Maria Bethânia era nota 10 e melhor do que Chico Buarque. Idem Vinícius de Moraes.  Para Roberto Carlos era um dos três melhores do Brasil ao lado de João Gilberto. Ah, sim, tem mais: Wilson Simonal era negro, envolvente, e ostentava a riqueza adquirida. Teria isso alguma coisa a ver com seu declínio? Mas o que aconteceu mesmo?

Vamos ao que sei de sua ótima biografia Simonal, de Gustavo Alonso:

 Em pleno apogeu Wilson Simonal montou sua própria empresa visando maximizar seus lucros e sua imagem.   Ao suspeitar de que estava sendo lesado, socorreu-se de amigos que tinha no DOPS ( a polícia da ditadura) para dar uma lição no seu antigo contador. Em tempos de repressão, o episódio ganhou contornos de escândalo nacional, quando a vítima denunciou o ocorrido. Isso bastou para que intelectuais da esquerda passassem a acusá-lo  de informante e traidor.

Wilson Simonal tornou-se a bola da vez. Tudo começou quando o Pasquim o taxou, em primeira página, de dedo-duro e traidor. A partir daí o cantor encarnou para  os jornalistas (que se investiam da carapaça de resistentes ao regime) o protótipo do abominável e execrável. Punir os dedos-duros era uma das intenções declaradas do Pasquim . O cartunista Jaguar desenhou Sig, o mascote do jornal  como uma estátua da liberdade em que lia-se  o mandamento “Não dedurarás”. 

Fecharam-lhe as portas. A Rede Globo  deu para trás . O circuito universitário o isolou. Em poucos dias seu talento e charme que antes magnetizavam plateias foram soterrados Até as minorias o esqueceram. (Estranhamente, até hoje, inclusive, sua bela composição de exaltação à raça negra Tributo a Martin L. KIng). Os colegas  viraram-lhe as costas, esquecidos de que, além de ter ajudado o início da carreira de Chico e Caetano, Simonal foi o primeiro a gravar Toquinho.

Havia se transformado, a partir de uma Fake-news da época,  em um Negro Dedo-Duro. Num gesto desesperado e vão solicitou ao Ministério da Justiça pós-ditadura o desagravo que tanto necessitava. O documento o reabilitou, nunca se provou que tivesse sido informante, mas era tarde demais, a injustiça se perpetrara.

Um único  gesto de solidariedade lhe foi prestado por Geraldo Vandré, que o visitou, ao fim, sendo, talvez,  o único dos seus colegas cantores com legitimidade para isso, por ter enfrentado , de fato a Ditadura. Vandré  nunca foi um aproveitador de ideologias, como disse Millor Fernandes de Chico Buarque de Holanda ao ser perguntado porque a amizade entre ambos acabara  “Não confio naqueles que lucram com a ideologia que defendem”.

Millor. Decepção c Chico

Simonal não era político e nem propagava ideologias. Apenas, ao seu modo, defendia a sua raça. Um grande cantor cujo filme a seu respeito, recém- lançado  e anunciado, merece ser visto por admiradores ou não.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis    

sem comentário »

Outramento e alguns tormentos

0comentário
Começando com Fernando Pessoa

Descobri a palavra outramento. Estava fazendo uma pesquisa sobre Fernando Pessoa quando me deparei com esse termo, que me soou bizarro mas,  ao mesmo tempo,  instigante. E, mais ainda quando conheci seu verbo correspondente: Outrar-se. Fiquei imaginando como se conjugaria o dito cujo: “Eu outro-me, tu outras-te, ele outra-se…” e por aí vai,  salvando-se quem puder.

Se o termo não deve constituir novidade para os especialistas na obra do poeta lusitano imagino que alguns leitores estejam, assim como eu então, querendo saber do que se trata.  Outrar-se é fazer-se de outro, adotar várias personalidades dando-lhes vida e independência como fez Fernando Pessoa com seus muitos heterônimos.

Por indução, comecei a pensar em algumas outras palavras que, na esteira da invenção do poeta, cairiam muito bem para explicar certas atitudes comuns nos dias que correm.  

1,Patriotamento.

Patriotamento (nada a ver com patriotismo) seria a atitude de alguém  se produzir como patriota, investindo nisso para tirar proveito na competição da alavancagem social .  Aliás, o que é mesmo ser patriota?

Guardo a convicção de que qualquer cidadão honesto, probo e cumpridor de seus deveres faz mais pelos cidadãos e sua Nação  do que um outro que sai por aí beijando a bandeira nacional, cantando hino e torcendo por time de futebol em época de copa do mundo.  Patriotar-se seria a ação correspondente a essa velhacaria.

Se alguém não captou a semântica exata deste neologismo proposto nem precisa recorrer a Samuel Johnson que dizia,  com muita propriedade,  que o “Patriotismo é o último refúgio dos canalhas”. Basta observar ao redor. O que tem de gente patriotando-se neste país dá  para encher vários estádios de futebol.  

2.Corruptamento.

É o termo faltante em nosso dicionário capaz de traduzir a atitude, tão comum hoje em dia, daquele que se adapta à corrupção não pelo talento (corrupto natural), mas por costume ou mimetismo. Ou seja, como se já não bastassem os corruptos nascendo a torto e a direito adicione-se às desgraças deste país o Corruptamento, que viria a ser uma contaminação, um vício, ou até mesmo um aprendizado.

Corruptamento esse  que tem se tornado tão frequente na vida deste país que até mesmo gente boa,  tida como incorruptível,  sucumbe aos seus atrativos ou sua contaminação,  como por exemplo na mudança de atitude em relação ao juiz Sergio Moro. Sobra para essas pessoas, vítimas do corruptamento, abrirem a boca com feroz loquacidade (imitando a fala abjeta e oportunista de Gilmar Mendes) para vociferar contra o juiz Sergio Moro, justamente ele, um caçador de corruptos que botou na cadeia, indistintamente, políticos de todas as ideologias e partidos com o propósito de limpar o país  e que, surpreendentemente, não conseguiu agradar a todos;  mesmo conseguindo a proeza de, caçando corruptos, devolver a todo cidadão brasileiro  uma parte do  dinheiro que lhes foi roubado.

Pessoas assim, que não são corruptas profissionais ou de nascença,  mas abrem a boca para vociferar contra autoridades bem intencionadas, tentando acobertar seus dignos propósitos e  seus feitos que são de todos; a bem dizer corruptaram-se, o que, contudo,  ainda não é o mesmo que corromper-se. Pelo menos por enquanto.

Artigos publicados no jornal O estado do Maranhão, às quintas

José Ewerton Neto é autor da novela policial premiada O ofício de matar suicidas, em terceira edição

                                               [email protected]

sem comentário »

ESTES SÃO ÚNICOS

0comentário
artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

De todas as listas especiais talvez nenhuma seja tão única quanto esta, justamente por ser uma lista de…ÚNICOS

1.Elvis Presley  fez apenas um único show fora dos USA. Foi no Canadá em 1957.

Isso deve ter sido lamentável para seus fãs do resto do mundo, que não puderam vê-lo pessoalmente. Em compensação, tendo morrido cedo, se livrou de ter participado do Rock in Rio, onde acabaria sendo chamado de gordo decadente e tendo de cantar com Luan Santana. Já pensou que desgraça?

2.Uma única pessoa acompanhou o caixão de Mozart da Igreja ao cemitério, onde foi enterrado em uma vala comum.

Esse fato concretiza uma verdade absoluta. Não se mede a glória póstuma de uma pessoa pela quantidade de gente que vai aplaudir seu caixão. Essas enormes e barulhentas aglomerações vistas nos enterros de políticos ou autoridades, quase sempre medíocres, serve pouco para a sua memória e, menos ainda, para o próprio defunto.

4.O único escritor da língua portuguesa a ganhar O Prêmio Nobel de Literatura foi José Saramago.

Pois é, nem Fernando Pessoa, nem João Cabral de Melo Neto! Enquanto isso, Chico Buarque de Holanda foi o único cantor a ganhar o prêmio Camões, o Nobel da Língua Portuguesa.  

Quem sabe se Milton Hatoun, ou  Cristóvão Tezza,  pegassem um violão e começassem a cantar teriam também, um dia,  chances de abocanhar o mesmo prêmio.   

5. O famoso escritor Oscar Wilde escreveu apenas contos, exceto um único romance: O Retrato de Dorian Gray.

E que romance! Que ideia genial! Emily Bronte também inglesa, também escreveu um único romance O Morro dos Ventos Uivantes. E que romance! Que ideia genial!

8.O morcego é o único mamífero que voa.

Na realidade, o homem também, mas de avião. E  possui também o dom de viajar mais do que voa, a maioria das vezes no mesmo lugar.

9.O elefante é o único animal que tem 4 joelhos. E o chimpanzé é o único animal que é capaz de se reconhecer no espelho.

 O chimpanzé, portanto,  é capaz de se reconhecer no espelho , ao contrário do homem. Uma prova disso são as fotos das colunas sociais abarrotadas de humanos assemelhados a chimpanzés, sem que estes se reconheçam. E menos ainda os repórteres, que vivem propagando que nesses encontros  só tem gente bonita.  

10. O caracol faz um único acasalamento na vida. Que dura  doze horas.

Os caracóis deveriam ensinar aos seres humanos o que fazer também para terem um acasalamento longo e um casamento curto já que, hoje em dia, o acasalamento dos caracóis está durando mais que os casamentos dos humanos.

11. A única estrela que fica acima da frase Ordem e Progresso na bandeira Nacional é a Spica ( Alfa da Virgem) representando o Estado do Pará.

Só não se sabe é porque o Pará foi Parar por lá. Quem souber informe à Redação.  

12.Deodoro da Fonseca e Hermes da Fonseca foram os únicos presidentes do Brasil que não tiveram filhos.Já o único presidente do Brasil que teve 4 filhos homens e botou um deles para ‘fritar’ general (Carlos), e outro para fritar hambúrguer ( Eduardo), foi Jair Bolsonaro.

E será o único, também, a fazer  de um dos seus fritadores embaixador do Brasil nos USA.

sem comentário »
https://www.blogsoestado.com/ewertonneto/wp-admin/
Twitter Facebook RSS