A verdadeira história da cerveja

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Os primeiros vestígios da cerveja datam de 7 mil anos atrás, na região onde é hoje o Irã. Tanta beligerância que se vê por lá nos dias de hoje sugere que os iranianos já não fazem jus a esse fato histórico. Tivessem mais orgulho dessa ancestralidade estariam se embriagando com cerveja e brincando carnaval ao invés de viverem em pé de guerra (como fazem, aliás, os brasileiros).  

A bebida surgiu acidentalmente: cereais deixados ao relento,  tomaram chuva e fermentaram. Populações nômades que dependiam da caça e da coleta aprenderam a cultivar os grãos, fixando-se junto aos campos de cereal. Nascia assim o embrião das cidades e das civilizações.

1.Mais tarde a Mesopotâmia e o egípcios tiveram a economia dependente da cerveja. Os operários que ergueram as pirâmides do Egito, por exemplo, recebiam parte do seu salário em cerveja, explicando-se assim, quem sabe, tanta perfeição arquitetônica que assombra até osespecialistas, que até hoje não conseguem explicar tanta perfeição. Vai ver que certa dose de embriaguez fez bem às pedras. Será que estas não absorveram o teor alcóolico ao redor, resultando, daí, o clima de sonho monumental, que perdura até hoje?  

A elite do império romano, porém, preferia o vinho à cerveja. Cerveja para eles era coisa de bárbaro, mas, com a queda do império, foi a vez de a Igreja e seus padres adaptarem-se aos modos bárbaros, aparentemente para catequizá-los. Era uma boa desculpa, e, portanto, mãos à obra. A igreja se tornou a organização mais poderosa do mundo ocidental e a maior produtora de cerveja. Não é exagero supor que para catequizarem os bárbaros recalcitrantes, os padres tivessem usado cerveja benta ao invés de água benta – o que, convenhamos,  tinha tudo para ser mais convincente do que sermões.

2.Em meados do século 18 a cerveja passou a ser produzida em grande escala. Era a revolução Industrial, a cerveja levada a sério como parte da dieta do trabalhador, em paralelo ao avanço da Ciência. A guerra Franco-Prussiana (1870-1971) perdida pela França despertou no gênio do jovem francês Louis Pasteur a vontade de superar os alemães na especialidade deles, a cerveja, e foi então que o cientista se dedicou a estudar a bebida. Não demorou muito saiu o seu primeiro trabalho importante da microbiologia, decifrando a ação de microrganismos na fermentação, abrindo caminhos para a invenção de mais remédios e vacinas.

Resumindo: França x Alemanha, deu em Pasteur, que deu em cerveja, que deu em ciência, que deu em remédio, que deu em mais felicidade sobre a Terra. Só não se sabe se Pasteur bebia cerveja com pastel, para fazer jus ao nome e ao trocadilho.

3.Até descambar na geladeira que, como era de se esperar, também se deve, em parte, à cerveja. Carl von Linden, físico e engenheiro alemão, foi o inventor do primeiro sistema de refrigeração ao trabalhar para o setor cervejeiro, sendo contratado por cervejarias para manter baixa a temperatura das fábricas com o objetivo de produzir cerveja de boa qualidade o ano todo. Surgiu a refrigeração artificial, incluindo a geladeira.

E foi assim que, como não podia deixar de ser, a história da cerveja tinha também que acabar na geladeira.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luís cuja terceira edição, revista e ampliada estará, em breve, nas bancas e livrarias
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PERFIS DE BROTHERS

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De uma coisa pode-se ter certeza. Os Brothers este ano foram  escolhidos a dedo ( as mulheres com o dedo, dizem alguns). O que se comenta é que nunca, em outra edição,  houve uma fauna tão exuberante  de concorrentes  tão a gosto dessa plateia brasileira tão  ávida por vida alheia, quanto mais desinteressante melhor . Assim como cada povo tem os políticos que merece,  cada fofoqueiro tem o BBBrasil que merece!

Aos perfis MAIS INTERESSANTES:

1.Um típico representante do grupo é o Lucas Chumbo de 24 anos de idade. O surfista é de Saquarema, do Rio de Janeiro, e disse na sua apresentação ter um jeito bem leve para levar a vida.

O que não dá pra entender  é o porquê do apelido de Chumbo para quem leva a vida na leveza.  Dizem que o apelido surgiu porque  Lucas levava chumbo em tudo quanto é prova do colégio ou do Enem.  

2. Hadson, outro do grupo,  diz que entrou na casa do BBB 20 para somar. O moreno mostrou que está realmente buscando o prêmio ao contar que enquanto jogava futebol não visava a fama,  e sim apenas o dinheiro .

Vê-se logo que a sinceridade é uma das virtudes de Hadson. Quando diz que veio para somar faz questão de esclarecer está se referindo a somar a grana almejada.

3. Thelma é médica anestesiologista, tem 35 anos de idade e é de São Paulo. Ela, que está no grupo Pipoca, está mais do que determinada a levar o prêmio máximo do programa.

Pelo visto, Thelma mais que determinada, é determinadíssima. Se for preciso ela será capaz de anestesiar todo mundo na casa, mas para isso anuncia que não precisa usar remédio ou produto químico. Prefere tirar  a roupa.

4. Marcela tem 31 anos de idade, é ginecologista obstetra e é de Rancharia. A loira comentou que foi criada para ser uma princesa e que tem a autoestima elevada.

Marcela tem certeza de que vão solicitar seus serviços profissionais pela velocidade com que as ‘coisas’ acontecem na Casa. Diz que sua autoestima elevada vai continuar do mesmo jeito, mesmo  se perder,  porque ser Ex BBBrasil é como ser princesa. Haja autoestima alta!

6.Conhecido YouTube, Pyong Lee é hipnólogo, tem 27 anos de idade e é de São Paulo. Mágico há 12 anos, ele comenta que uma das conquistas que mais se orgulha é a de ter construído uma família.

Diz Pyong Lee  que o sujeito que consegue a mágica de constituir uma família hoje em dia, sem precisar hipnotizar mulher e filhos, pode perfeitamente enlouquecer uma segunda família. No caso, a do BBBrasil. Só não mostrou ainda a varinha mágica.  

7. A celebridade de rosto mais conhecido é Babu Santana, que interpretou Tim Maia no cinema! Ele já fez mais de 40 filmes além de atuar em novelas globais. E já mandou seu recado: Tá na hora de um preto favelado ganhar esse BBB!

            Enfim ,  Babu está doido para acrescentar mais um complemento à frase famosa de Tim Maia, (falada no filme)  que diz que o Brasil é um país absurdo em que traficante fuma maconha, comunista é de direita, etc …e agora, favelado ganha BBBrasil!

José Ewerton Neto é escritor e poeta

4 poemas de José Ewerton Neto

Pequeno Dicionário de Paixões Cruzadas, contos, será lançado em breve

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POR UM BRASIL GARANTIDO

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“Dizem-me com quem andas e eu te direi quem és“ diz a sabedoria popular. Raramente falha.

 Referindo-se a leis, a sentença torna-se mais infalível ainda, segundo um amigo advogado, que a anuncia “Dize-me quem apoia uma lei controvertida e eu te direi o que essa lei é.” Para ele não tem erro, devendo estar coberto de razão. O que se pode esperar de uma lei defendida com unhas e dentes por Dias Toffoli e Gilmar Mendes?

O certo é que a lei estabelecendo o tal do Juiz de Garantias ( elaborada para colocar empecilho à celeridade na penalização de bandidos e corruptos, sob o suposto de proteger os inocentes deste país) foi aprovada e sancionada rapidamente. Sua aprovação de forma tão estapafúrdia só não causou surpresa porque estamos no país das aberrações onde puta goza, gigolô tem ciúme …etc. como dizia Tim Maia

Contudo, já que foi criada e sancionada, nada mais  lógico que seja estendido o ponto de vista no qual foi baseada para as demais profissões permitindo assim que, de fato, funcione a favor das vítimas. Eis algumas sugestões.

            1.O Médico de Garantias. Todo cliente deveria ter direito a um segundo médico de garantia para assegurar o diagnóstico do primeiro. Erros médicos persistem sem que se tome conhecimento das barbaridades cometidas. Mesmo admitindo a capacidade profissional da maioria,  o segundo serviria, pelo menos, para dar ouvidos às queixas do paciente,  quando a atenção do médico principal  estiver dedicada, como tantas vezes ocorre, ao celular.

            2.O Juiz de Futebol de Garantias.

            Já existe. É o VAR. Mas acabou nada garantindo porque, no Brasil, os juízes do VAR roubam mais que o juiz titular. O pior, para o torcedor, é que não há como direcionar sua raiva e xingamentos para as  mães dos ditos cujos.            

            4.O Engenheiro de Garantias.

            Embora o engenheiro de garantias, de certa forma, já exista, sendo chamado, na prática, de Coeficiente Matemático de Segurança, nada impede que haja um segundo engenheiro para que o coeficiente de segurança (ou garantia) seja maior. No Brasil, como se sabe, os engenheiros das empreiteiras contratadas pelos governos subdimensionam o coeficiente de segurança das obras para gastar menos e ficarem com o dinheiro.

            5.O Psicanalista de Garantias

            Teria grande utilidade principalmente quando, após duas ou três sessões, o cliente começa a desconfiar que o louco não seja ele, mas o sujeito que o escuta. O segundo profissional  serviria para confirmar que os três, paciente e médicos, são todos loucos,  o que já é alguma coisa para o coitado do paciente, confirmando-lhe, em  definitivo, que não está sozinho com sua doença.

            6. O marido de garantias.

            Um marido nem sempre é profissão, mas tantas vezes acaba se transformando nisso, para a parceira ou vice-versa. Ter como garantia um segundo parceiro seria bastante salutar contra os maus tratos e incompreensões habituais, principalmente no caso da esposa, ajudando-lhe a economizar fantasias sexuais.  

Obs. O Ricardão já é outra  coisa, mas do jeito que as coisas avançaram em termos de liberação sexual e libertinagem não seria nada demais pensar em Dias Toffoli e Gilmar Mendes aprovando, em breve,  a  Lei do Amante de Garantia.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis, 3a edição, revista e ampliada em Fevereiro nas livrarias de São Luis

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O ANO NOVO E O JUIZ DE GARANTIAS

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Ao contrário do que muita gente pensa, o Ano Novo não é o mesmo para todo mundo, ou  seja, o Ano Novo do brasileiro, não é o mesmo do Ano Novo do chinês ou do esquimó.

Por isso, no Brasil, sempre é vital uma conversa antecipada entre ambos, antes da posse, para que o empossando se previna, mais ou menos, do que poderá acontecer.

ANO NOVO-  Prazer em conhece-lo Ano Velho!

ANO VELHO – Esse prazer não pode ser maior que o meu, ANO NOVO BRASIL. Ando exausto.

ANO NOVO – Não me assuste antes do tempo, amigão. Sei muito bem como são as coisas por aqui. Mas sou otimista e ao invés dos dramas que acontecem a três por quatro, prefiro que se atenha ao que se anuncia como novidade.

ANO VELHO – Bem, o que deixou de ser novidade há muito tempo e se repete, tem aos montes: enchentes, fracasso no futebol, histerismo político, BBBrasil, corrupção, Carnaval , Imposto de Renda…Já novidades de verdade…Ah, sim lembrei de uma: este ano você terá o Juiz de Garantias.

ANO NOVO. – Juiz de Garantia? Que diabo é isso? Aprendi muito a respeito do que fazem os juízes neste país: de futebol a juiz comum, mas jamais poderia supor que um juiz, que estuda tanto, precisasse de mais um para garantir o que é capaz de fazer profissionalmente.  Por favor, me explique.

ANO VELHO – Como você é ingênuo! Apesar de seu interesse não teria mesmo como saber, antecipadamente, como acontecem as coisas neste país, por isso vou tentar resumir para facilitar o seu entendimento. No futebol foi criado o VAR para garantir que o juiz de campo não roube.  Como por aqui não se consegue garantir a honestidade de ninguém foi criado, com a tecnologia,  um novo juiz para garantir a honestidade do primeiro. Sacou ???? Outros juízes ficam com os olhos grudados em uma tela para vigiar o que o juiz titular vai decidir. Pois o Juiz de Garantias, que estão querendo implantar, não passa de uma espécie de VAR do juiz comum.

ANO NOVO. Incrível! Deus do céu, a coisa é feia mesmo!

ANO VELHO – Sim, isso porque nesta terra não se garante sequer que o VAR não roube. Portanto, os deputados desonestos acabaram inventando o tal Juiz de Garantias para garantir que o primeiro juiz não impeça ninguém de roubar. Qualquer  dia inventarão o juiz de garantias para garantir o juiz de garantias, da mesma forma que no futebol já estão para inventar o Var do Var.

ANO NOVO. Isso que você acabou de falar é uma tragédia! Caso Deus fosse brasileiro eles seriam capazes de inventar o Deus de Garantia para garantir que a justiça de Deus não prevaleça.

ANO VELHO. Vejo que você aprendeu depressa, mas só me resta lhe desejar toda sorte do mundo. Talvez até aquela que não tive. Boa sorte!

ANO NOVO – Calma  rapaz, não dá para esperar um pouco?

ANO VELHO – Como? Para quê?

ANO NOVO. Para que dê tempo de chegar o ANO NOVO de GARANTIA. Acabei de pedir pelo celular outro Ano Novo que me garanta. Sozinho aqui eu não fico. 

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis , cuja 3a edição chegará às livrarias ainda este mês
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O papai noel mais merecido

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O papai noel que cada um merece

GABIGOL. Uma camisa do Liverpool. Presente do amigo Roberto Firmino, do Liverpool.

O presente veio acompanhado de um conselho. “Gabi, vai por mim. Segura o mais depressa que você puder a irmã do Neymar pra te garantir.  E quer um conselho de amigo? É melhor ficar por aí mesmo. Futebol europeu o buraco é mais em baixo. Não dá pra ti.”

LULA. Uma algema. Presente de sua namorada Janja. Ao lado, a mensagem:

“Lulinha, meu amor, preferi algema a uma aliança de casamento. Dá no mesmo, é mais seguro para ambos, mais barata e, depois, você não vai estranhar porque já está acostumado. Pensei também em uma tornozeleira, mas vi que iria atrapalhar na hora do fuc fuc que já sai com tanta dificuldade de tua parte. Ok, meu bem? Tua Janja.”

FLÁVIO BOLSONARO. Um sanduiche. Presente de Joyce Hasselman.

“Flávio, já fomos amigos, tomei esta liberdade para  voltarmos às boas. O sanduiche, como você sabe, é para que você nunca desista de ser embaixador nos USA, graças ao seu enorme talento de sanduicheiro. E, depois, você e seu pai estão sem Partido. Ora, nada como um sanduíche, que como todo mundo sabe é bi-Partido .”

NEYMAR. Uma Garota de Programa. Presente do pai, seu Neymar.

“Esta é pra você,  Ney. Dá uma olhada no vídeo. Do jeito que você gosta, parece até com aquela descarada da Nágila, porém, mais nova. Não posso garantir que seja zero km, mas nessa pode dar tapa à vontade, sem risco algum. Ela não vai reclamar, tá no contrato. Pra mim, é mais bonita que a outra e mais gostosa, mas, como já disse, não testei. O frete do avião a jato já está pago. Quer dizer, naquele cartão que você disse que eu podia usar quando quisesse. “

BOLSONARO. Um fuzil de caça, fabricação venezuelana. Presente de Nicolás Maduro

“Caro Bolsoña. Esse é para apagar de vez com nossas brigas que não levam a lugar algum. Sinto que já está passando da hora de parar de fingir que não estamos no mesmo barco. Seja de esquerda, seja de direita o que nós dois gostamos é de uma ditadurazinha, certo?  Rerere

Pode confiar na máquina que a  bicha é boa, mata mesmo. Você vai gostar de caçar passarinho e tocar fogo na mata com ela.  Obs. Serve também para se matar quando as coisas não dão certo, mas claro, que isso não vai acontecer com a gente, não é mesmo? Fidel, não deixa! Ops,  Deus! Abração, camarada!”

DIAS TOFFOLI. Uma seção de exorcismo no STF. Doador anônimo

“Prezado Ministro. Não precisa saber quem lhe presenteia. Trata-se de uma seção de exorcismo feita pelo padre Rubens Miraglia que, segundo a  Veja, é grande craque nisso. Acredite, espantará todos os demônios que estão infernizando as decisões do STF que, como você sabe, a Nação já não aguenta. Basta de soltar bandido, basta de desrespeito ao homem de bem.

Obs. Os serviços já começaram. Não precisa abrir verba suplementar que o serviço já está pago. Só não podemos garantir é a limpeza completa dos demônios da mente de Gilmar Mendes. Aí é mais difícil, o buraco é mais em baixo. No caso dele, talvez não seja tarefa para padre, nem mesmo para  Deus.”

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis. A terceira edição revista e ampliada vem aí.
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A verdadeira história da Dor

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A dor começou em….

Talvez o melhor título para este texto fosse A verdadeira história da Aspirina.  Ainda assim não está de todo impróprio visto que uma tem tudo a ver com a outra.

A DOR

O Universo, começou  há 13, 5 bilhões de anos, mas nada consta que a dor tenha tido uma vida tão longeva. Aliás,  a pobre da dor não teria a mínima chance naquela explosão descomunal pós Big-Bang. Mesmo admitindo que a matéria possa ter alma, esta não teria tempo de pensar o suficiente para  sentir dor.

Outra coisa certa é que Deus, que criou tudo isso, jamais sentiu dor e, talvez por isso, tenha permitido ao seu filho, Jesus Cristo,  tanto sofrimento depois por uma causa tão inútil quanto salvar a humanidade. A humanidade nunca fez questão de salvar-se  a si mesma e, muito menos, de seus pecados.  

A consciência da dor e o ser humano sempre foram indissociáveis e surgiram quase ao mesmo tempo (a dor, certamente um pouquinho antes, pelo sofrimento antecipado de saber que teria tão má companhia).  Da para imaginar o quanto nossos ancestrais devem ter sofrido, já que não havia remédio e muito menos reza.  

Essa convivência histórica teve alguns capítulos marcantes. Para se ter uma ideia, por volta de 7 mil  anos atrás um dos artifícios usados para aliviar  dor de cabeça era a chamada trepanação, um procedimento que consiste em perfurar o crânio pra libertar a alma dos maus espíritos causadores do desconforto. Na China havia um método mais light: agulhas feitas de pedra eram fincadas em pontos do corpo para equilibrar a energia, vindo dar na acupuntura, milhões de vezes mais light, dos tempos atuais.    

A ASPIRINA

A aspirina começou em…

Pouco antes da civilização egípcia um arremedo de alívio começou a vir na forma na forma de folhas e pedaços de casca vindos da folha do salgueiro, com a planta passando pelas mãos de grandes nomes da medicina como o famoso Hipócrates 460 a.c que recomendava mascar as folhas, e o romano Celsus (50 a.c)  que usava um extrato das folhas para combater diversos tipos de inflamação.

Vários séculos se passaram até que em 1867 um americano chamado Edwin Smith transformou para sempre essa relação de amor e ódio. Numa viagem ao Egito adquiriu dois textos considerados fundadores da literatura medicinal, o Eber Papyrus , que acabou por revolucionar o tratamento da dor, sendo uma verdadeira enciclopédia compilada em 1534 a.c com a finalidade de combater variados males, de úlceras a dores no coração.

Em 1897  um jovem farmacêutico, Felix Hoffman, da Bayer ,apresentou a fórmula de uma droga capaz de aliviar a dor sem muitos efeitos colaterais. derivado da salicina, ou simplesmente o extrato das folhas e da casca do salgueiro. Surgiu a Aspirina.

De lá para cá só aumentou a paixão pelo comprimidinho sendo que de todas as drogas vendidas, legalmente e sem receita,  ela responde por 37,5% das vendas o que faz dela uma espécie de Coca-Cola das farmácias . Objeto de mais de 160 artigos científicos a Aspirina enfrenta garbosamente a dor de cabeça, de dente, de ingestão alcóolica, nevralgia, artrite, amidalite etc., incluindo as dores causadas por outros analgésicos.

Enfim, a aspirina é boa para todas as dores, até para amor verdadeiro. A única coisa que a Aspirina ainda não conseguiu resolver  – mas aí seria querer demais –  seria a de aliviar a dor, tão brasileira,  de ter de aguentar as consequências de haver permitido doenças tão contagiosas como Lula ou Bolsonaro.  

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luís

3a edição revista e ampliada em breve

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O que rolou no Black Friday

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Se você pretende globalizar um costume basta associá-lo ao consumo. Foi assim com o Halloween, agora é a vez do Black Friday, invenções norte-americanas que  se instalaram universalmente em pouco tempo. O que pouca gente soube foi dos casos bizarros  e  surpreendentes  que rolaram nas encruzilhadas das ofertas e das procuras nesta última edição.

1.Cemitérios.

As promoções valeram até para a hora da morte. Belo Horizonte e Contagem ofereceram descontos de 50 %. No Rio de Janeiro   o  cemitério e crematório da Penitência ofereceu jazigos com descontos até sexta-feira. Portanto, para o ano que vem,  leitor, se você cair doente ou quiser se suicidar,  faça tudo para não morrer um dia antes do Black Friday. Vai ter gente suplicando que você segure, pelo menos, mais um dia. 

1.Corruptos.

Logo depois da operação lava-jato houve imediata desvalorização do preço de um corrupto. Após o episódio da segunda instância, porém, os corruptos voltaram à alta, por obra e graça do Sr.  Dias Toffoli. Bastou, no entanto, uma Pec Caça-Corrupto aparecer nos corredores da Câmara dos Deputados  para os corruptos se ressabiarem novamente.

Coincidindo a data do BF (Black Friday) com essa indefinição, era natural que o preço de um corrupto despencasse de novo. Assim, nas  primeiras horas do dia havia político corrupto se vendendo por um Prisma zero. Notícias dão conta, porém, de que nas primeiras horas da madrugada prefeitos corruptos do interior estariam se oferecendo até por uma moto de segunda mão.

2.Prostituição .

Além de mais de 100 motéis cinco estrelas, a preços especiais, em todo o Brasil, serviços de prostituição foram oferecidos a 3 x 4 nas redes sociais, desta vez com enorme concorrência de sexos intermediários, em diversas modalidades. Por exemplo, compradores interessados em sexo virtual encontraram travestis asiáticos a preço duas vezes menor que no ano passado.

O motivo da baixa pode estar relacionado à proliferação de robôs sexuais a preço de banana (prata, que é a mais barata). Este ano foi possível ao consumidor remediado adquirir até serviços anteriormente destinados ao público considerado VIP. Ex-BBBs quarentonas e com grife  (haver posado na Playboy )  atingiram o menor patamar da história ao fim da noite.

O grande empecilho para essa operação era o frete, mas dava para o comprador se virar viajando de ônibus, já que nesta modalidade de compra o comprador pode viajar,  ao invés da mercadoria. Como se sabe não é qualquer um que pode pagar o frete aéreo para a encomenda, como fez Neymar.

3. Técnicos de futebol.

Fontes dão conta de que Felipão, Abel e Mano Menezes que um ano atrás não eram contratados por menos de 400 mil reais foram oferecidos, por seus empresários, por um valor 4 vezes menor. Claro, o anúncio não podia ser explícito e o serviço desses profissionais consagrados era oferecido disfarçadamente como “Instrutores  de Políticas de Campo”, por exemplo. Como para bom entendedor meia palavra basta esse títulos visavam, sobretudo, atrair o mercado chinês, mas, na prática, significa dizer que se qualquer clube da série B, por exemplo, chegasse com um contrato de 50 mil, levava.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luís, terceira edição até o fim do ano

Primeira, abaixo, segunda acima . O gato está de olho na terceira
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LONGE DE RACIONAIS

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SOMOS REALMENTE RACIONAIS?

A primeira coisa que aprendemos nos bancos da escola  é que o mundo animal é dividido em racionais, os humanos, e irracionais, o restante. Isso prova que já começam nos enganando, o que não é coisa de racionais.

É o que tenta provar o autor israelense Dan Aryele, psicólogo, economista e professor, autor do livro Previsivelmente Irracional da editora  Campus. Mas, precisava livro pra isso? Basta pensar no que somos capazes de pensar, após milhões de anos sobre a Terra,   para constatar o quanto estamos longe,  muito longe de racionais. Se ainda perdurasse alguma dúvida bastava recordar de alguns pequenos exemplos:

1.Todo ser humano pensa que não morrerá nunca. E age como tal.

2.Todo ser humano pensa ao elogiar um defunto que está fazendo algo pelo qual o morto lucra alguma coisa.

3.Todo estudante jovem pensa, ao agir em grupo,  em locais públicos, que precisa fazer isso da forma mais irreverente possível e que essa atitude soa simpática aos que os rodeiam , esquecidos de que a juventude brilha não quando é ostentada grosseiramente na tenra idade , mas quando é suavemente exibida para todo sempre. Enfim que é preciso tempo para ser jovem, como dizia Picasso.

4.Todo sujeito (autoridade, formador de opinião, intelectual etc.) que vai para a imprensa demonstrar piedade de assassinos cruéis quando estes são menores de 18 anos, pensa que com isso demonstra generosidade e amor ao próximo, e não que está sendo um portentoso hipócrita, primeiro por tentar auferir louvores para si e, segundo por atingir, com isso, o ápice da covardia,  que é a de doar esmolas às custas do sentimento alheio.

5. Todo ser humano, que enfrenta uma imensa fila de Loteria, pensa que apesar de suas  infinitamente miseráveis chances de ganhar , um dia a sorte lhe sorrirá. Pensa também que está participando de um jogo limpo e não que está servindo de idiota para concorrentes mais espertos e ricos ( entre os quais se inclui o próprio Governo) que se aproveitam de sua boa fé e sua pobre ilusão para enriquecerem às suas custas.

6.Todo Luan Santana pensa que é cantor. Todo Gabi Gol pensa que é Neymar. Todo Neymar pensa que é Cristiano Ronaldo e todo Cristiano Ronaldo pensa que é Messi. Toda Anitta pensa que é Ivete Sangalo e toda Ivete Sangalo pensa que é Ivete Sangalo.

7.Todo jornalista e comentarista de futebol pensa ao comentar o andamento de uma partida que está falando algo de enorme importância para a humanidade. Pensa que os outros pensam que o futebol é uma ciência complicadíssima  e tenta agir como se não soubesse que até para o mais burro dos torcedores , tudo o que sai de suas bocas não passa da mais desatinada tolice.

8.Todo ser humano pensa , ao discutir sobre política e políticos de esquerda e direita em qualquer lugar do mundo  que de fato está fazendo uma opção quando vota em um deles, que existe diferença entre uns  e outros e não que as supostas ideologias são apenas disfarces para que os mesmos farsantes de sempre exerçam o poder para proveito próprio e de seus parentes e acólitos. 

José Ewerton Neto é autor de
O ABC BEM HUMORADO DE SÃO LUÍS
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O CAVALO CANTOR

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Denise Emmer e seu cavalo cantor

Em o Cavalo Cantor, recente livro da romancista, compositora musical e poeta Denise Emmer lançado pela editora  Espelho d’Alma (antiga Escrituras) estamos diante de uma autora “que escreve em letras destacadas, como a poesia que permitiu em sua vida” , como ela mesma diz na abertura do livro.

Quantos de nós permitimos a poesia em nossas vidas? Parece simples, mas não é, pelo contrário, é muito raro e especial! O escritor francês Vítor Hugo já determinava: “As palavras como se sabe, são seres vivos”. É fácil imaginar, então,  a poesia escrita, esse ser ainda mais vivo que as palavras, porque é composta delas, nos acercando, nos envolvendo, pedindo passagem, sem que nós estabeleçamos, na maioria das vezes, a ponte para recebê-la , porque nos falta sensibilidade, talento ou mais alguma coisa, ocupados que estamos com o cotidiano de nossas sensaborias, mesquinhas e passageiras.

Este Cavalo Cantor, de Denise Emmer é testemunho disso. Uma enxurrada de poesia em prosa poética que nos salva da indiferença, que nos resgata trazendo-nos de volta, da realidade para nós mesmos, para esse ser anterior à cegueira cotidiana à qual aderimos para não ver, para não sentir e testemunhar o quanto nos afastamos da beleza e da epifania das palavras e da natureza das coisas.

O que há de novo neste livro Cavalo Cantor de Denise Emmer, como há muito tempo não víamos é, justamente, a conjugação da narrativa típica da construção do conto com as metáforas características da arte poética, num todo uníssono e indissociável. Não se trata exatamente de poesia em prosa, mas sim de uma narrativa poética, não por intenção ou malabarismo, mas por ter nascido assim, por imposição do destino, como nascem os gêmeos univitelinos. A intensidade poética, como se verá, é destacada na introdução, intitulada Prosa e Poesia de Álvaro Alves de Faria, poeta e artista plástico, quando a poetisa e escritora esclarece que nos contos de agora (deste livro) “ A poesia  e o enredo se encontram num ponto comum da forma mais madura”.    

Dito isso, recomenda-se cuidado ao leitor para que este não se perca na aparente complexidade que isso pode trazer. A narrativa não é linear, foge aos estereótipos do gênero, há apenas um breve intervalo de alguns segundos, na realidade sugerida, antes de se imergir e tomar fôlego na poesia que se apresenta dessa forma para cedo nos fazer perceber que não há salvação da leitura fora do domínio poético. Como no conto Escadaria de Pedra em que o narrador diz: “quando ela se cansava ou sentia os calos dos verões, puxava a lua para baixo e abria um guarda-chuva para a noite”.

Num de seus contos mais pungentes e tristes Sem começo, meio e fim o sem rumo dos desvalidos e solitários expõe a radiografia de suas almas em palavras como estas: “Ao perceber-se  vivo , vira para o outro lado e morre. Tanto faz.”  São Imagens de metáforas arrebatadoras que somente poderiam jorrar de alguém que se permitiu destacar a poesia em sua vida. Assim como essa imagem, tantas outras se sucedem, mas o leitor quase não as percebe,  apenas se extasia,  porque já está devidamente montado na sela do cavalo-cantor, a relinchar, vitorioso, a sua melodia sedutora.

José Ewerton Neto é autor de O ofício de matar suicidas

O prazer de matar ganhou terceira edição
com o título O ofício de matar suicidas
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Caneta azul, azul caneta

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Todos a conhecem, a ouviram e, mesmo sem querer, já a cantaram. Isso porque a ingênua música (se é que podemos chamar assim) do maranhense Manoel Gomes  ‘bombou’ na Internet  e o transformou numa celebridade repentina.

Trata-se de mais um fenômeno de earworm (minhoca de ouvido) como se definem aquelas músicas cujo refrão faz com que, inconscientemente, as fiquemos repetindo mentalmente. Até aí nada demais, a não ser a aporrinhação, que não deveria ser tão cruciante assim para quem, por  exemplo,  tem às mãos um livro para ler. A verdade é que o tal som chateia, mas  ‘não mata’. O curioso, porém,  é que, à reboque de sua divulgação massiva, começaram a se propagar na net, com maior velocidade ainda, as piadas e as reclamações.

Certo, a música é ‘podre’ de tão chata, mas será que precisa ficar repetindo isso? Ou por outra, tem o direito de achar essa música tão execrável assim quem tem paciência para permanecer por mais de duas horas em um show, escutando sons de duplas sertanejas, que são mais abomináveis do que essa? Ora, como diz a anedota: “comprem  um bode!”.

 O pior é que esse tipo de competição soa como  favorável ao humilde compositor maranhense.  

Na bizarria do seu sucesso não houve premeditação, estruturas pagas de publicidade, nem esquemas mercadológicos que jamais estariam ao alcance de seu bolso, como estão da conta bancária de fajutos cantores sertanejos. Sem contar que deve ter aflorado, na excitação coletiva pela música, a simpatia espontânea da população dirigida a um confiável e singelo objeto que faz parte do nosso cotidiano, e a quem nunca se deu o devido valor, ou seja, a uma humilde caneta, que pouco exige em troca  pelo fato de nos fazer tão felizes .

Essa gente que se doa ares de apurado gosto musical quando reclama do non sense da simplória letra dessa música, se esquece de que esta falta de senso é useira e vezeira em cantores consagrados de sua predileção, no entanto, nem por isso se põem a achincalhá-los. Alguns exemplos:

1. Açaí, guardiã/Zum de besouro um imã/Branca é a tez da manhã. De Djavan. Pode até soar bonito, graças à melodia, mas as palavras parecem estar convalescendo em algum hospício. Se a tez da manhã é branca, tudo bem, mas o que o açaí estava fazendo lá? Haja besouro que justifique!

2. Minha pedra é ametista Minha cor, o amarelo/Mas sou sincero/Necessito ir urgente ao dentista. Esta é de João Bosco e sua sinceridade não se esclarece, nem com muita dor de dente.

3. Abacateiro, acataremos teu ato/Nós também somos do mato como o pato e o leão/Aguardaremos brincaremos no regato/Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração. De Gilberto Gil. Parece que Gil estava tão sem inspiração, que para facilitar a rima  resolveu sequestrar o abacateiro. Coitado do abacate!

4. Que não é o que não pode ser que/Não é o que não pode/Ser que não é/O que não pode ser que não/É o que não/Pode ser/Que não/É. Esta é dos Titãs. Quem sabe, são ecos do dilema Shakespeariano do ser ou não ser,  pouco antes de um  dilúvio mental.

E, assim por diante…

Que esta crônica seja encarada como um singelo desagravo ao tão vilipendiado, quanto humilde, Manoel Gomes em busca de seus quinze segundos de fama. Que pode até ser pra lá de chato, mas, existem piores por aí. E como!

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis, em breve em terceira edição revista e ampliada

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