As escolas públicas maranhenses, todos sabem, estão longe de ser consideradas “um paraíso” por aqueles que as frequentam. As dificuldades estruturais porque passam são endêmicas e oriundas das dificuldades atávicas de um país cujos administradores nunca tiveram como prioridade a formação cultural e intelectual do seu povo.
Vez por outra, porém, a partir da inventividade e da abnegação de alguns, esse paraíso se aproxima dos alunos, se não no todo, pelo menos no que tange ao imaginário das emoções alojadas no cérebro dos jovens, quando uma parcela desses executivos se empenha em disponibilizar bons livros para os estudantes. Não foi à toa que o grande escritor argentino Jorge Luís Borges concebeu o paraíso como uma espécie de biblioteca.
E é aí que entra a GIROTECA, um projeto de bibliotecas móveis do qual muito mais gente precisa tomar conhecimento. Estava eu, meses atrás, em visita à Livraria Vozes quando deparei com certo aparelhamento pouco peculiar, porém muito sedutor na sua disposição de estantes agregadas. O amigo e livreiro Milton logo me inteirou da maravilha: tratava-se de um conjunto de módulos, em formato de pequenas estantes , móveis, anunciando o melhor de suas possibilidades: a adequação a diferentes ambientes e espaços reduzidos, facilitando o acesso de estudantes e professores a livros , independente do ambiente de sua instalação, geralmente espaços inapropriados. Neste caso, o custo de implantação reduz-se enormemente. A facilidade de locomoção e transferência é outro ganho.
Coincidentemente, logo após, chegaram á Livraria representantes da Secretaria de Educação do Município que, já as tinham avaliado e chegado à conclusão de sua enorme valia para as Escolas de São Luís, dada sua evidente praticidade. Enfim, uma biblioteca capaz de chegar facilmente aos alunos, um prato cheio para o atingimento da lei 12244 de 2010 que determina a universalização das bibliotecas em todas Escolas do Brasil até 2019.
A imprensa bem que noticiou a aquisição, por parte da Prefeitura, e sua inauguração em escolas, porém, , com menos destaque do que merecia considerando o tirocínio da criação por parte de um empreendedor maranhense e o leque de possibilidades que propicia.
Estamos falando de uma economia aproximada de 80 % nos gastos totais. Estamos falando de uma biblioteca que, mesmo móvel é capaz de disponibilizar 4 computadores, três notebooks e uma tevê, com mapoteca e cinco módulos sobre diferentes produtos literários. Finalmente, estamos falando de uma biblioteca que, concebida por um maranhense, Kléber de Castro, privilegia o autor maranhense em um desses módulos, (como condição contratual firmada entre as partes envolvidas) aproximando o jovem estudante do artista local e de sua produção literária e permitindo que este conheça melhor os mantenedores e os fundadores de uma de nossas mais caras tradições que é o título de Atenas Brasileira.
É de se esperar que novas bibliotecas sejam adquiridas permitindo que os nossos jovens possam se achegar, como disse o escritor portenho, um pouco mais para perto do paraíso.
José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas