Sabe aqueles sentimentos que você não encontra palavras capazes de traduzi-los? A culpa, neste caso, não é de falta de conhecimento do seu idioma, mas, sim porque ainda não existe no Dicionário da Língua Portuguesa um conjunto de letras com essa finalidade específica.
No entanto, alguns desses sentimentos fazem sucesso fácil em outros linguajares, já que, por lá, existem palavras que os traduzem. Que tal pedir emprestado algumas delas?
1.JAYUS (Indonésia). Significa a vontade inexplicável de rir de uma piada muito, muito ruim.
No Brasil essa vontade é muito comum nas repartições e ambientes de trabalho quando é o chefe que conta a piada ruim. Só que, neste caso, uma expressão conhecida explica o jayus à brasileira: puxa-saquismo.
2.TARTLE (escocês) É o pânico que alguém sente quando vai apresentar outra pessoa e não se lembra do nome da mesma.
Essa palavra teria muita serventia para nós, brasileiros. Numa situação dessas, muito comum, bastaria ao desmemoriado se sair com um “Desculpe- me, deu um branco agora…rererere . Você podia me dizer seu nome? A culpa é do Tartle! ”
Mais comum, porém, é o inverso, ou seja, o pânico acontecer quando você lembra do dito cujo , mas faz tudo para fingir que não sabe o nome, muito menos a pessoa. Geralmente quando se trata do cobrador, do síndico do condomínio, do oficial de justiça, ou da ex-mulher.
3.SHADENFREUDE ( alemão) É o prazer obtido a partir do sofrimento dos outros.
Enfim, temos a perfeita tradução (no original) do que sentiram os alemães quando nos sapecaram aquele 7 a 1. A palavra até que soa bonita embora não combine com a agonia que sentimos do lado de cá. Para nós foi crueldade, mesmo.
4.ILUNGA (tshiluba/ Congo). Pessoa pronta para perdoar duas vezes, mas nunca a terceira.
Essa expressão teria aplicação na nossa fala para significar pessoas com a estranha vocação de perdoar sempre, como Gilmar Mendes. A diferença é que Ilunga é aplicável para quem vai só até o terceiro perdão, enquanto Gilmar, como se sabe, perdoa indefinidamente, desde que o sujeito seja corrupto e tenha grana . Uma adaptação se faria necessária. Ao invés de Ilunga, Alonga- Gilmar.
5.SHEMOMEDJAMO (georgiano) Traduz a incapacidade de parar de comer uma comida muito boa.
Não confundir com o nosso equivalente “gula”, que se refere a um excesso de volúpia, porém sem a obrigatoriedade da contrapartida de sabor. Aliás, por mais que procuremos no nosso dicionário não vai aparecer expressão similar com tanta desenvoltura, ou seja, com a quantidade de letras proporcional ao volume de comida que o sujeito está pondo no bucho.
6.KOI NO IOKAN ( japonês) Sensação de que será inevitável se apaixonar por uma pessoa que acabou de conhecer .
O que temos de mais semelhante por aqui é “Amor à Primeira Vista”, uma expressão parecida, mas que raramente é usada atualmente. “O Koi no Iokan” tem seu charme, mas acabaria em desuso assim como sua equivalente nacional . O problema é que as novas gerações brasileiras trocaram o Amor à Primeira Vista pelo Sexo a Perder de Vista.
José Ewerton Neto é autor de O ENTREVISTADOR DE LENDAS