A HORA E A VEZ DA MALA

0comentário

artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

Quando as empresas de aviação brasileiras anunciaram que os viajantes teriam, doravante, que pagar dobrado pelo transporte de suas malas, não me surpreendi, já que, neste  país, parece ser sina de todo cidadão pagar caro pelas malas. As suas e as dos outros.

É o que nos conta a  Lava-Jato, e a coisa se passa como se houvesse dois mundos. No primeiro, o deles, cada um tem o direito a ter além de mala o seu “homem da mala”, como aconteceu, segundo a imprensa,  com o nosso presidente e com Aécio Neves, ex-governador de Minas. Um tanto diferente do nosso “mundinho”, no qual, desprovidos de malas e de ilusões,  só nos cabe esperar, pelo menos,   que se faça justiça e que se descubra o que há por trás das malas ( dentro não mais, porque já se sabe).

Mas, eis que sempre aparece um mala  (Gilmar Mendes) para decidir a questão e este há de,  estranhamente, bradar não contra quem botou o dinheiro na mala ou a carregou , mas contra quem viu a mala,  e o brasileiro aprende rapidamente mais uma no país das malas. Por aqui  o famoso provérbio  funciona um pouco diferente. Ao invés de “melhor um pássaro na mão…etc. é  melhor ‘um mala’ na mão, que  duas malas voando ”

Nunca é tarde para aprender sobre os diversos tipos de malas que por aqui proliferam:

1.Mala Popular. Mala tradicional, simplesmente mala. Mala que serve para carregar os panos de b…e mais algumas moedinhas. Esse tipo de mala não serve para a gente do mundo citado acima. Neste, a serventia principal é para carregar propina.

2.Mala de Caixa 2. Ninguém sabe exatamente como é (Distraídos à vista dela, todos estão  mais preocupados em conferir a grana ). Lembra   remotamente uma caixa apenas no formato e esse número 2 parece um humilde intruso no meio de MILHÕES.

3.Malas com rodinhas. Na versão moderna, são as malas que podem ser protegidas por uma rodinha de amigos, superpoderosos a ponto de  não deixar cair a mala.

4.Mala sem alça. É o modelo mais frequente e o mais detestável. Proliferam neste país com uma velocidade assustadora, mas têm especial predileção para se concentrar nos canais de televisão que você assiste, quando o botão dá uma vacilada (e você também)  Ex. Tite, Galvão Bueno, Faustão , Luan Santana etc.

5.Mala-cueca. Ou malacueco,  que significa espertalhão, tanto faz. Fez muito sucesso tempos atrás,  no início da generalização do hábito propineiro.  Lembram? Então era um assessor de José Genoíno que foi descoberto com propina na cueca. O dinheiro deve ter ido para o paraíso fiscal, mas que fim levou a cueca e seu  dono?

7.Mala-faia. Aguardente fraca. Não confundir com outro tipo de Mala-faia (Silas, o pastor) que fala asneiras como se vivesse tomando goles de  aguardente pra lá de forte.

6.Mala-Barismo. Esse é o único tipo de mala accessível aos dons do povo, que tem de se equilibrar carregando tanto mala (com a mala cheia). Infelizmente, a julgar pelo encaminhamento que está sendo dado aos acusadores dos corruptos o  povão estará condenado ainda durante muito tempo  a fazer mala-barismo com  única arte que aprendeu: “Fazer miséria para escapar da miséria”.

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

Sem comentário para "A HORA E A VEZ DA MALA"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS