Um encontro de médicos

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Encontram-se os dois, hoje médicos e  ex-colegas de república,  25 anos depois, num Simpósio de Medicina, em Brasília. Um deles toma a iniciativa:

– Puxa vida, cara! Não me leve a mal, se você fosse um pouco mais alto e menos gordo, me faria lembrar um grande colega que eu tive na República, o Sinésio, que a gente chamava  Margarina.

– Coincidência! Eu também sou Sinésio. Mas nada de Margarina hehehe.

– Bem, eu formei em Recife, mas fiz residência no Rio e você?

– Eu também fiz residência no Rio.

– Ora, você é mesmo o Margarina…Quer dizer, o Sinésio.

– Sem dúvida. E você é o Ernesto Cara de Banjo. Vi logo pela cara…hehehe

Abraçaram-se efusivamente.  A eles, juntou-se  Wamberg,  da mesma época.    Mandaram às favas o simpósio e seus palestrantes e logo estavam num  bar.

– Quer dizer que o Renato Branco agora é deputado.

– Sim, um ano depois que se tornou cirurgião largou o bisturi.

– Parecia tão empolgado com a Medicina. Por que teria largado o bisturi?

– Na verdade, não largou. Esqueceu na barriga de um paciente. Quiseram processá-lo, mas mobilizou colegas, advogados e sindicatos a favor do direito  humano de errar. Angariou amizades influentes depois que o assunto dominou as páginas da imprensa. Daí pra  frente foi um passo. Elegeu-se deputado e agora quer ser  senador.

– O Branco senador! E o Fulgêncio? Alguém sabe seu paradeiro? Dava até pena, o coitado,  tremia quando via sangue,  vê se pode.

– O Fulgêncio tá na Alemanha.

– Na Alemanha? Fazendo curso?

– Não, dando o curso. É um dos mais renomados especialistas mundiais em medicina quântica e constantemente é chamado para palestras na Europa e até na China.  

– Medicina Quântica? Que diabo é isso, alguém sabe?  Que vida imprevisível. E o que foi feito do Armando Bocudo? Metido a bonitão,  comia todas na Escola. E se gabava disso.

– Casou-se com a Claudete Chilique.

– Como? A Claudete Chilique? Não dá para acreditar, até eu mandei-a passear quando quis dar pra mim num fim de festa.  Era tão sem graça que diziam que o canudo de papel que ela segurava na com tanta firmeza na diplomação era a coisa mais dura que ela ia segurar nas mãos pro  resto da vida.

– Também soube. O Bocudo realmente apaixonou-se por ela. Formou-se em psiquiatria e hoje está numa clínica para loucos.

– O Bocudo virou dono de clínica? Ou dá expediente por lá?

– Nem uma coisa nem outra. É paciente. Ficou tantã depois que a Claudete Chilique o encheu de chifre.

– Essa não! Que vida mais louca! Mas por falar em Claudete isso me faz lembrar a Vânia.

– A Vânia da pediatria?

– Essa mesma. Gostosa, mas burra que nem um poste.

– É, mas acho que um poste não escreveria medicina com dois esses na sua tese de formatura.

– Ela nem precisava estudar. Paquerava os professores e só tirava dez, com louvor. Vocês sabiam que ela tem uma loja  nos USA onde fatura alto?

– Mais uma que abandonou a medicina.

– Se abandonou a medicina não sei, só sei que foi abandonada pelo ex-marido, o Dr. Serapião que era  dono de um plano de saúde para cães , 40 anos mais velho. Felizmente para ela, porque depois que morreu ele lhe deixou uma baita grana.

– O Profeta também era doido por ela.

– O que foi feito dele? Bebia feito um condenado.

– O Profeta é um dos maiores cirurgiões plásticos do Brasil. Só atende celebridade global.

– Parou de beber?

– Mais ou menos. Dizem que  só bebe quando faz cirurgia. Deve ser seu grande  segredo .

– E devia ser também o nosso. Hehehe. Garçom,  traz mais uma!

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luís, 3a edição em breve.

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