Listas são assim mesmo, nenhuma é perfeita. O que não significa que muita gente não seja atraída por elas, inclusive este cronista que vos fala. Gosto tanto de listas que tendo comprado um dia O livro das listas de Irving Wallace, belo dia não o encontrando, julguei que havia se extraviado. Desolado, mandei buscar outro exemplar na Estante Virtual até que deparei, poucos dias depois, num sebo, com um exemplar do livro. Sem pensar muito o carreguei pra casa com a desculpa: “Bom que agora terei dois”. Resultado: hoje possuo três porque acabei achando o primeiro.
Sendo assim não é de admirar que, ao topar na net com mais uma das incontáveis listas de melhores filmes, tenha ido conferi-la, a ver se havia novidades ou se os escolhidos coincidiam com alguns dos meus prediletos. Constatei que havia assistido a 25 do total de cem, o que não considerei tão mal assim para quem não é cinéfilo e há muito tempo deixou de frequentar as telas com frequência . Acontece que não sou muito chegado a cinemas em shoppings centers, e, em casa, na tevê, o futebol acaba se impondo porque a esse posso assistir em paralelo com a atividade da leitura de revistas ou livros, coisa que não dá para acontecer vendo filmes.
Foi então que parti para a segunda lista, desta vez sobre os filmes mais superestimados de todos os tempos. Evidentemente que esta se trata de uma lista de elaboração mais complexa , já que , neste caso, trata-se de contrapor uma apreciação negativa a um juízo positivo já estratificado e consagrado. Verifiquei que, os elaboradores da lista tiveram o cuidado de nortear a pesquisa municiando-a de críticos consagrados do mundo inteiro para diminuir a margem de erro.
Desta segunda lista eu não havia visto vários, na qual se incluem filmes premiados com o Oscar como Avatar, Gravidade, Shakespeare Apaixonado, Coração Valente etc., os quais não presenciei por falta de oportunidade e/ou interesse. Quanto aos apontados na lista que tive oportunidade de ver, tive a mesma impressão dos votantes na quase totalidade. Inclusive, o famoso Cidadão Kane, o que, de certa forma, reabilitou meu tirocínio como apreciador da sétima arte. É que jamais entendera o que de tão maravilhoso havia nesse filme, por mim visto na juventude, para que constasse da maioria das listas sobre os dez melhores de todos os tempos. A verdade é que, mesmo tendo entendido a mensagem sutil do diretor, e sendo capaz de perceber seu caráter inovador para a época, achei-o arrastado demais para o resultado observado.
Inquietou-me sobremaneira, porém, a presença de um filme em especial, nessa demolidora lista, o que me fez discordar dos argumentos apresentados para incluí-lo.
Trata-se de Sociedade dos poetas mortos, uma fita que sempre considerei com empatia, por haver tratado de forma envolvente e delicada, embora cáustica, um tema que aprecio, o bildungsroman que na literatura me proporcionou O apanhador no campo de centeio, O Ateneu, O retrato do artista quando jovem etc. sobre essa fase da vida que é (conforme consta da narrativa de um dos episódios de meu próximo livro de contos a ser lançado) “ a maior de todas as liberdades, chamada juventude”.
José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis à venda na livraria Amei, shopping São Luis