“Dizem-me com quem andas e eu te direi quem és“ diz a sabedoria popular. Raramente falha.
Referindo-se a leis, a sentença torna-se mais infalível ainda, segundo um amigo advogado, que a anuncia “Dize-me quem apoia uma lei controvertida e eu te direi o que essa lei é.” Para ele não tem erro, devendo estar coberto de razão. O que se pode esperar de uma lei defendida com unhas e dentes por Dias Toffoli e Gilmar Mendes?
O certo é que a lei estabelecendo o tal do Juiz de Garantias ( elaborada para colocar empecilho à celeridade na penalização de bandidos e corruptos, sob o suposto de proteger os inocentes deste país) foi aprovada e sancionada rapidamente. Sua aprovação de forma tão estapafúrdia só não causou surpresa porque estamos no país das aberrações onde puta goza, gigolô tem ciúme …etc. como dizia Tim Maia
Contudo, já que foi criada e sancionada, nada mais lógico que seja estendido o ponto de vista no qual foi baseada para as demais profissões permitindo assim que, de fato, funcione a favor das vítimas. Eis algumas sugestões.
1.O Médico de Garantias. Todo cliente deveria ter direito a um segundo médico de garantia para assegurar o diagnóstico do primeiro. Erros médicos persistem sem que se tome conhecimento das barbaridades cometidas. Mesmo admitindo a capacidade profissional da maioria, o segundo serviria, pelo menos, para dar ouvidos às queixas do paciente, quando a atenção do médico principal estiver dedicada, como tantas vezes ocorre, ao celular.
2.O Juiz de Futebol de Garantias.
Já existe. É o VAR. Mas acabou nada garantindo porque, no Brasil, os juízes do VAR roubam mais que o juiz titular. O pior, para o torcedor, é que não há como direcionar sua raiva e xingamentos para as mães dos ditos cujos.
4.O Engenheiro de Garantias.
Embora o engenheiro de garantias, de certa forma, já exista, sendo chamado, na prática, de Coeficiente Matemático de Segurança, nada impede que haja um segundo engenheiro para que o coeficiente de segurança (ou garantia) seja maior. No Brasil, como se sabe, os engenheiros das empreiteiras contratadas pelos governos subdimensionam o coeficiente de segurança das obras para gastar menos e ficarem com o dinheiro.
5.O Psicanalista de Garantias
Teria grande utilidade principalmente quando, após duas ou três sessões, o cliente começa a desconfiar que o louco não seja ele, mas o sujeito que o escuta. O segundo profissional serviria para confirmar que os três, paciente e médicos, são todos loucos, o que já é alguma coisa para o coitado do paciente, confirmando-lhe, em definitivo, que não está sozinho com sua doença.
6. O marido de garantias.
Um marido nem sempre é profissão, mas tantas vezes acaba se transformando nisso, para a parceira ou vice-versa. Ter como garantia um segundo parceiro seria bastante salutar contra os maus tratos e incompreensões habituais, principalmente no caso da esposa, ajudando-lhe a economizar fantasias sexuais.
Obs. O Ricardão já é outra coisa, mas do jeito que as coisas avançaram em termos de liberação sexual e libertinagem não seria nada demais pensar em Dias Toffoli e Gilmar Mendes aprovando, em breve, a Lei do Amante de Garantia.
José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis, 3a edição, revista e ampliada em Fevereiro nas livrarias de São Luis