Poucas dúvidas restam para a ciência de que tudo começou em um buraco e, pouquíssimas, de que tudo vai acabar em outro buraco, quem sabe o mesmo. Quando falamos em tudo, claro que estamos falando do Universo, inclusive.
Bem que os humanos sempre souberam disso, já que surgem para a vida através de um buraco e, no fundo, por causa de um buraco. Desnecessário dizer que aprendem depressa que acabarão em um buraco (de suas covas) e, que, ao longo de suas vidas, não vivem sem um buraco.
A dúvida que persistia era se a sina do Universo rumo a um buraco era a mesma do ser humano, dúvida essa que foi extinta há duas semanas atrás quando se conseguiu a primeira fotografia de um buraco-negro. Ora, se um buraco-negro consegue engolir galáxias inteiras e, mais ainda, o tempo, o espaço e a própria luz, não é difícil conceber que foi em algum buraco-negro, maior que o da fotografia, que o Universo permaneceu guardado e bem escondidinho, antes de nascer há 13 bilhões de anos. Se existem outros buracos negros iguais a esse dando à luz por aí a outros Universos (paralelos ou não) isso fica por conta de Deus ou da vocação de mãe de cada um deles.
Foi a partir da constatação de que estamos irremediavelmente associados aos buracos, que estudos foram desenvolvidos para arregimentar a criação de uma ciência que se tornará fundamental e obrigatória nos bancos escolares neste século. Trata-se da BURACOLOGIA, a ciência do século XXI.
1.O propósito é que o ensinamento e o estudo dessa nova ciência venha a substituir matérias abstratas como Filosofia, Letras, Psicologia etc. (No Brasil, aliás, um passo nessa direção já foi dado pelo Governo Bolsonaro que pretende extinguir o estudo das matérias inexatas direcionando menos recursos para seus estudos. Tem-se como certo de que, em breve, o governo Bolsonaro substituirá essas matérias pela Buracologia, que terá o dom de explicar melhor para onde o governo dele está indo).
O que enche de orgulho os maranhenses é que para a postulação dos princípios básicos dessa nova Ciência, os estudiosos escolheram a cidade de São Luís como laboratório por uma razão óbvia: nossa capital é o lugar do universo onde mais florescem os buracos o que a torna um farto manancial de estudos. Segundo os cientistas, impactados diante do que viram, São Luís “não é uma porção de terra cercada de água por todos os lados, mas, especialmente no inverno, porções de água de chuva cercada de buracos por todos os lados” .
Diante do que viram por aqui foi fácil chegar ao postulado zero da nova ciência.
2.Postulado Zero Da Buracologia. “O Buraco é um ser vivo. Nasce , cresce, reproduz-se e faz de conta que morre, pois sempre ressuscita.”
Tal constatação foi extraída da observação de como os buracos se desenvolvem nas ruas de São Luís, e de como se dá a geração , a infância e a maturidade dos mesmos, até a eternidade.
Obs. Sem mais espaço nesta crônica não percam em próxima edição mais leis, teoremas e comprovações que servem de base para o fascinante estudo da BURACOLOGIA, uma arte ludovicense.
José Ewerton Neto é autor de O ofício de matar suicidas