Emagrecer é uma das obsessões do mundo atual. Sempre surge uma balança para ajudar E é aí que começam as frustrações.
A BALANÇA
Se você está adquirindo uma balança a fim de que esta se torne sua amiga na batalha contra seus quilos a mais, esqueça! Uma balança, seja ela qual for ( portátil, tamanho GG, eletrônica, ou com tecnologia de física quântica), não está nem aí para seu apelo de solidariedade.
Antes de tudo porque, definitivamente, ela não gosta de você. Não adianta escolher a mais simpática, a mais alegre ou a mais fácil de ludibriar. Uma balança não faz concessões à sua angústia, Não é que tenha sido concebida para isso, a questão é de antipatia pura e simples, desde o instante em que você pôs seus olhos em cima dela.(E olhe que você ainda nem tinha posto o corpanzil).
Assim, ela é capaz de descansar o dia todo sem lhe fazer mal esperando a penas o momento de lhe cravar o equivalente a um tapa bem dado: o registro de seu peso, sem tirar nem por. Sim, porque basta um mero esfregar de números em sua fuça para colocar por terra tanto esforço e tanta esperança acumulada ao longo do dia.
Você tem esperança de ficar mais magro? Ela está cagando pra isso. Você está depressivo e sofrendo com jejuns e dietas? Ela também caga pra isso. Você chegou ao desespero de tomar remédios para evacuar o dia inteiro a ponto de viver defecando ao invés de defecar para viver? Ela não está nem aí pra isso. Resumindo: você está diante de uma inimiga que se especializou em ‘cagar’ nas suas esperanças.
Certo, tendo batalhado a vida inteira, ao descobrir que tem uma inimiga dentro de casa você não se rende. Você é forte, bravo, você é um herói da resistência e está disposto a lhe provar isso. Um belo dia, num lance de sorte que nem você saiba explicar, ela se rende e, afinal derrotada, tem de se conformar em lhe anunciar os seus quilos a menos. Você sorri, vitorioso e tem vontade de berrar: Venci!
Mas é bom não se iludir. Mais dia menos dia, ardilosa e ladina como uma cobra, a balança estará esperando para se vingar. Silenciosamente, (como fazem os sorrateiros) ela lhe anunciará que você, de fato, não emagreceu de verdade porra nenhuma. E, como toda cobra que se preze, matará a cobra e mostrará o pau exibindo a prova definitiva.
Desesperado você chama o mecânico e diz: “Essa balança tá doida! Não aumentei tantos quilos de uma hora pra outra.” Com dó de você ele talvez diga: “Tente trocar a bateria! ”
Jamais faça isso. No primeiro reencontro ela vai escancarar sua derrota definitiva e só lhe restará jurar que, a partir de agora, jamais vai vê-la o resto da vida. Só assim ambos dormirão e viverão em paz. Você porque comerá suas guloseimas sem dramas e sem dar satisfação a ninguém, ela porque se livrará de um babaca em cima dela!
José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis