REENCARNAÇÕES BRASILEIRAS

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Tem gente que não acredita em reencarnação. Deveria acreditar já que, ao fim de tudo, não passamos a cada instante de reencarnações de nós mesmos na base do “nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. As várias reencarnações de autoridades brasileiras se auto  comprovam.

GILMAR MENDES. Nascido em Portugal foi empregado como carcereiro durante a Guerra Civil Espanhola. Enriqueceu recebendo propina para soltar presos endinheirados, até que foi descoberto pela tropa do generalíssimo Franco. Muito articulado, conseguiu se safar sendo substituído no pelotão de fuzilamento por outro prisioneiro. Após sua morte, acreditando na recuperação de sua alma, Deus o fez ser reencarnado no Brasil para se tornar um especialista em Direito. De fato, se tornou especialista, só não perdeu o hábito de soltar presos visando vantagens.

DILMA ROUSSEF. Oriunda da Europa Oriental  nos anos 30 refugiou-se na França com o nome de Régine. Após desistir de arrumar marido (devido sua aparência) sobreviveu vendendo marmitas aos soldados durante a segunda guerra até que descobriu que teria mais lucros fornecendo prostitutas, ao invés. Tornou-se a dona de um cabaré muito famoso com o  nome de Madame R. Ao fim da guerra foi condenada ao fuzilamento, mas como ninguém entendia o que ela falava julgavam que fosse louca, vindo a falecer no sanatório.

Reencarnou como guerrilheira no Brasil porque Deus acreditou que nessa função poderia se regenerar ou,  pelo menos,  recuperar sua fala ininteligível. Como todos sabem Dilma Roussef acabou virando presidente da República para estranhamento divino.

MICHEL TEMER.

 

Foi um bruxo de segunda categoria durante a Idade Média, ou seja, daqueles que ganhavam a vida denunciando mulheres como feiticeiras para que estas morressem na fogueira e eles ganhassem prestígio.  Praticava falsa  alquimia e, com uma aparência entre vampiro e Satanás  andava de um lado para o outro com uma mala onde carregava poções e dinheiro vivo. Denunciado, fugiu para o Brasil  onde veio a falecer .

Depois de ter passado alguns anos no inferno Deus compadeceu-se dele e resolveu dar-lhe uma chance. Como todos sabem também se tornou presidente e continuou se associando a mala de dinheiro e a promessas enganadoras.

LULA.

 

 

No início do século  passado Lula não era um ser humano mas um sapo rabugento que coaxava o tempo todo, reclamando de tudo, doando-se ares de líder da saparia na lagoa. Com pena dos demais sapos Deus resolveu dar-lhe um castigo: “Nada de moleza. Serás um ser humano , trabalharás duro como operário e terás um dedo cortado.” Dito e feito. Lula se fez operário em São Paulo e teve o dedo decepado. Sua origem de batráquio não passou despercebida a Leonel Brizola que o chamou de sapo barbudo. Por incrível que pareça o talento de reclamar de tudo e de todos levou-o também à presidência,

Depois do fracasso de  tantas reencarnações Deus está tomando a decisão de proibi-las no Brasil porque por aqui tudo sai ao contrário e as almas pioram. Já existe, inclusive, uma corrente de conselheiros no céu que, desiludidos estão pensando na solução extrema de reencarnar o próprio país  em outro lugar. É difícil, mas como Deus tudo pode, quem sabe…

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

https://www.youtube.com/watch?v=zOVJJTMUHWI

 

 

 

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SETE VIDAS

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Recebi de presente do confrade Benedito Buzar o livro As Sete Vidas de Nelson Motta. Possuidor de multifacetado talento, o  jornalista, compositor, escritor, empresário e apresentador de tevê  traça, nesta espécie de autobiografia comentada, um rico painel da vida cultural brasileira onde pontuam personalidades marcantes da vida artística e intelectual – nacional e internacional – de Paulo Francis a Rolling Stones. Alguns momentos do prazeroso livro:

Sobre Rolling Stones

(…) Sem que ninguém soubesse Mike Jagger esteve no Rio na casa de Fernando Sabino. Edu Lobo e Luiz Eça foram também convidados por Fernando para mostrar um pouco de música brasileira para o agitado Mike que, no entanto, não mostrou interesse por música de qualquer tipo e preferiu falar o tempo inteiro sobre filosofias indianas, LSD e outras “descobertas do espírito”.

Sobre Elis Regina

 

 

(…) Sem ser uma comediante ela consegue ser engraçada, sem ser bailarina consegue dançar bem, sem ser americana canta muito bem em inglês, sem ser da jovem guarda interpreta muito bem Roberto Carlos. Por ser uma extraordinária cantora e uma rara personalidade artística, ela  consegue fazer tudo isso com talento ao longo de duas horas de show.”

Sobre Lampião e a moda Hippie

(…) Lampião  o rei de cangaço, se não foi um hippie na filosofia de vida o era na moda. Cabelo grande? Basta olhar as fotos onde qualquer Mike Jagger seria considerado um Yul Brinner diante de sua cabeleira lampiônica. John Lennon foi um beatle plagiário ao copiar sua moda de óculos redondos de aro bem fininho, que o cangaceiro usava não porque precisava deles, mas porque achava bonito.

Sobre Clarice Lispector. Obs (Durante a  célebre passeata dos cem mil)

 

 

 

(..) Eu me sentara ao lado de Vinícius de Moraes com sua clássica camisa preta de banlon e não tirava os olhos de Clarice Lispector. A escritora era uma mulher alta, alva e belíssima. Vestida com discreta elegância e sentada no asfalto quente, gritava slogans e se desmanchava em elogios calorosos ao charme de Chico Buarque que não estava à vista.

Sobre Raul Seixas

(…) Por meio de rock e baladas, xaxados e baiões, Raul vai passando a sua visão do mundo, à qual não faltam humor e irreverência, por mais duros que estejam os tempos. São raros os autores musicais que tenham fustigado tanto e tão ferozmente o establishment, como Raul, à sua maneira – uma maneira muito brasileira  de criticar o que incomoda, restringe e aprisiona.

Sobre cocaína

(…) “Está nevando no Rio de Janeiro”. A frase era ouvida com frequência entre gargalhadas e intenso júbilo nas noites cariocas do início dos anos 80. Como uma neve química a cocaína se espalhava pela cidade, não só entre artistas, festeiros e criaturas da madrugada, mas seduzindo políticos, médicos, grã-finos e donas de casa, todo mundo estava caindo de nariz no pó branco que dava instantânea sensação de poder e alegria. Irresponsáveis dirigiam enlouquecidos pela cidade. Homens que cheiravam muito ficavam loucos de tesão, mas completamente brochas.

Depois de 5 anos de dependência decidi parar e me mudei para Roma. Dependeria mais de mim do que dos outros me livrar do que, 30 anos depois, Paulo Coelho, que na época cheirava como um tamanduá  e apresentou a cocaína a Raul Seixas,  chamaria de “ droga do demônio”.

 

José Ewerton Neto é autor de

O entrevistador de lendas

 

 

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A ORIGEM DE TUDO

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O QUE SOMOS? DE ONDE VIEMOS? PARA ONDE VAMOS ? Essa pergunta, básica e inquietante para qualquer ser humano minimamente preocupado com o sentido de sua própria existência, nomeou uma conhecida obra-prima da pintura, no caso um trabalho do artista francês Paul Gauguin.

O que ninguém esperava é que viesse a se tornar o tema principal de um romance de proposta  intrigante, que se tornou  best-seller, no caso o policial ORIGEM de Dan Brown. Classificando-o como policial (e ele o é, sem dúvida, porque encerra crime, investigação, intriga e mistério) desta vez o objeto de desejo não é um falcão maltês, como no famoso noir de  Dashiel Hammet,  nem fortunas em jogo, como na maioria dos enredos do gênero, mas a solução dessa pergunta.

Dan Brown, o autor não se perde em piruetas de estilo ao gosto de alguns críticos literários.  Seu plano de narrativa é oferecer uma trama,  que soa às vezes implausível,  mas que carrega o fascínio da perseguição às grandes descobertas. De quebra,  oferece informações e conhecimentos básicos, mas atualizados,  de física e da Teoria da Evolução que compõem um enriquecedor contraponto ao desenrolar do enredo, onde com frequência pontua o eterno embate Ciência x Religião. Aqui e ali, o autor evidencia nas entrelinhas, a sua simpatia pela vitória da primeira, mas de cujo veredito  sabiamente se esquiva com falas redentoras e quase definitivas como a de um de seus personagens, um cientista: “Quando testemunho a precisão da matemática, a confiabilidade da física e as simetrias do cosmos, não me sinto observando a ciência fria . Sinto que estou vendo uma pegada…A sombra de uma força maior que está fora de nosso alcance”.  

 

 

Enquanto a narrativa se encaminha para o final apoteótico  (a exposição para todo o planeta do conhecimento adquirido por um gênio da ciência ) um verdadeiro tour de force acontece com a sina dos protagonistas, na realidade meros figurantes do personagem principal que é essa grande questão universal.

Diria que caso o leitor, como eu, seja seduzido mais pela  curiosidade em relação à resposta que pelo enredo em si,   a solução final é apenas parcialmente compensadora. O “De onde viemos” embora fundamentado numa original e revolucionária teoria científica, carece de maior embasamento justamente por ter surgido de ousados estudos científicos, carecendo-lhe rigor e comprovação. Já o “Para onde vamos” anunciado com estardalhaço como estarrecedor, não chega a esse nível de tensão para quem acabou de ler livros sobre o tema como os recentes livros de Yuval Harari  e, portanto, já concebera  algo nesse rumo em termos de previsões.

Lembro  um grande autor que,  em palestra para estudantes, instado a explicar o que era necessário para escrever um romance respondeu que essa tarefa era simples: “Ponha no começo uma letra maiúscula e no final um ponto. No meio você coloca uma boa  ideia.”  Foi o que fez Dan Brown com  imaginação e talento.

 

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

https://www.youtube.com/watch?v=zOVJJTMUHWI

 

 

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