O MARANHÃO E O PARÁ
Maranhão e Pará. De vez em quando surgem, no meio político-administrativo, ideias de dividirem os dois estados, o que certamente será uma lástima. Este artigo é só para lembrar que estes, embora separados hoje, comungam de tanta coisa junta que , às vezes parece que continuam um só como foram, aliás, no princípio.
Eles ( os paraenses) têm um pai com nome de um time, Paissandu. Nós ( os maranhenses) temos um time com nome de pai, Sampaio Correia. Eles têm um que anda de barco, o Clube do Remo. Nós temos um que anda de moto, Moto Clube. Eles jogam debaixo de uma mangueira, o Mangueirão, nós dentro de um castelo, o Castelão. Verdade que eles já disputaram a primeira e nós nunca chegamos lá, mas será que isso faz diferença, mesmo? O Sampaio, por exemplo, já foi campeão da quarta, da terceira e da segunda, o que mostra que a primeira é uma questão de tempo. Em compensação, se eles deram Sócrates, o Maranhão deu Canhoteiro. E Canhoteiro foi melhor. Pergunte a Djalma Santos, aquele lateral campeão de 58 e 62, que dele levava baile e foi o melhor lateral de uma Copa por um jogo só. Eles ganham na pontualidade da chuva, nós na do sol. Eles ganham na umidade, nós no vento. Eles dizem que as mulheres daqui são quentes, nós dizemos que as de lá são acesas. Ambos devem ter razão.
Eles tem Banda Calypso. Nós temos Zeca Baleiro. Eles têm Fafá de Belém, nós temos Chico e Rogério – do Maranhão. O povo de lá gosta de brega aforrozado, nós gostamos de forró abregalhado. Eles tem Carimbó, nós temos o Bumba-Boi. Eles tem Amado Batista, nós Alcione. Eles tem pato no tucupi, nós temos arroz de cuxá. Eles tem praias de água doce, nós de água salgada. Eles tem o mercado de Ver-o-peso, nós temos um onde não se vê o peso. Eles tem a festa do Círio, nós temos a de São José de Ribamar. Eles têm índios diversos, nós temos índios de versos ( ou Gonçalves Dias não era índio?). Por falar nisso em literatura nós damos de 7 a 1 ( não se diz mais dez a zero) com um time da pesada: Aluízio Azevedo, Gonçalves Dias, Sousândrade , Josué Montello etc. etc. Enquanto isso, por lá, Dalcídio Jurandir, Benedito Nunes e…Melhor parar por aqui. Já foi dito num jornal ( O Pasquim dos áureos tempos) que cada 10 maranhenses juntos formavam uma academia de letras, assim como 10 paraenses juntos formam uma feira, onde 5 vendem tacacá, maniçoba e castanha –do-pará , 4 compram e um fica esperando a sobra na cuia. Eles gostam de música das Guianas, nós gostamos de música da Jamaica. Eles o zouk, nós o reggae. Eles tem o maior rio do mundo, o Amazonas. Nós temos o lugar onde mais sobe a crista da onda na América do Sul, ou seja, eles ganham no comprimento, nós na altura. Nós temos cupuaçu, eles também, nós temos jacama, eles craviola, nós temos juçara , eles açaí. No fundo – e na barriga – é a mesma coisa, mas os nomes daqui são mais bonitos, não?
Se eles têm a lenda da Cobra-Grande nós temos a da Serpente Encantada. Para tempos -modernos, se nós temos bombando na net o Pablo Vittar eles têm a Gaby Amarantos, que canta tão bem que é bom não E Vitar.
Parece que deu empate. E ainda sobra pra ficar debaixo do boi. De Morros ou do Caprichoso. Sendo assim, para bem de todos e felicidade geral da nação Maranhão x Pará diga ao povo que ficamos por aqui.
José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis