O LINGUAJAR MARANHENSE (e nossas lendas)

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https://www.youtube.com/watch?v=YMRRhkMjt2c

ENTREVISTA AO PROGRAMA AVESSO COM AMÉRICO AZEVEDO NETO EM QUE ME REFIRO Á PRODUÇÃO DE LIVROS SOBRE TEMAS MARANHENSES.

O ABC BEM HUMORADO DE SÃO LUIS, nova edição prevista para este ano

 

e

O ENTREVISTADOR DE LENDAS, ficção científica em que as Lendas Maranhenses falam a respeito de si mesmas

 

 

 

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O PERIGO QUE RONDA TITE

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Primeiro o trabalho bem sucedido. O reconhecimento. O convite para a seleção brasileira. Vitórias. Celebrações. A partir daí,  podem surgir a santificação e o endeusamento. E é aí que mora o perigo.

Isso aconteceu antes. Com Luís Scolari, o Felipão. A  sequencia acima acontece graças a méritos pessoais, um tanto de sorte e craques excepcionais, quase sempre.  (O futebol, diga-se de passagem, não é uma ciência assim tão difícil  de entender,  como pretendem   os comentaristas de futebol e os técnicos que ganham a vida com isso).

Nem todos os técnicos se mantêm, contudo, vigilantes.  Convivem com a mentira criada  em torno de si mesmos  fomentada  pelos formadores de opinião ,   e daí surgem a  arrogância, a empáfia e a boçalidade. Foi o que aconteceu com Felipão e o resultado foi  o 7 a 1.

Tite, hoje tão elogiado e exaltado, encontra-se na fase da celebração, véspera do endeusamento. Ainda não foi santificado. Por enquanto ainda não. Galvão Bueno, o  porta voz da Nação para endeusamento dos ídolos de futebol, ainda não o proclamou como tal. Deve estar aguardando a Copa.

Sim, porque Galvão Bueno é o arauto nacional para questões de idolatria.  E ele tem esse poder: o de supervalorizar jogadores e técnicos,  poder este que lhe foi concedido pela estrutura de transmissão de jogos da seleção, pela publicidade e pela propaganda. Foi ele o principal  porta voz da onda irracional que promoveu o endeusamento de Felipão, alçando-o de técnico medíocre a gênio do futebol. Ele é especialista nisso, na proeza de  usar seu  patriotismo de araque para seduzir plateias. Samuel Johnson dizia que “O Patriotismo é o último refúgio dos canalhas”. A frase tornou-se  a cara ( e os arroubos) de Galvão Bueno.

Tite não corre o mesmo perigo, pelo menos quanto à  arrogância.  Ao invés, usa sua fala mansa e repleta de clichês para seduzir seus jogadores. Se ainda não foi contaminado pelo veneno da arrogância  anda se deslumbrado, porém,  com uma certa mosca azul: a do oportunismo. E é aí que mora o perigo.

 

 

Desde o começo Tite privilegiou a convocação de jogadores de seu ex time O Corinthians, não por critérios técnicos , mas, aparentemente,  por simpatia pessoal e amizade. Muitos viram oportunismo e safadeza nisso: ao invés de critérios técnicos Tite estabeleceu uma meritocracia, baseada no oportunismo, para agradar as maiores  torcidas do país, obviamente as que detêm a maioria de formadores de opinião entre os jornalistas. Tite foi capaz de convocar para o gol do Brasil o goleiro Muralha, do Flamengo, um jogador que a própria torcida do Flamengo abomina.

Essa falha foi eclipsada pelos bons resultados.  Mas eis que Tite na última convocação exibiu a mesma sanha “oportunista” – na falta de outra explicação razoável. E foi assim que jogadores como Diego do Flamengo e Cássio do Corinthians foram chamados em desfavor de jogadores como Vanderlei (disparado o melhor goleiro do Brasil)  e Lucas Lima, do Santos,  causando apreensão até nos comentaristas menos fanáticos.

Seria Tite um oportunista nato a favor da idolatria que almeja angariar? Calma Tite, você sabe enxergar onde estão os melhores  jogadores . O trio fantástico Neymar, Gabriel e Coutinho não poderá salvá-lo, sempre, se você não abdicar de convocações baseadas em clubismos oportunistas.  Esse é o perigo que te ronda, Tite.

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

 

 

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A LENDA DO OLHO D’ÁGUA

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DUAS LENDAS LUDOVICENSES 

 

1.A LENDA DO VIRA-PORCO

Foi na São Luís de outrora, de ruas mal iluminadas, clareadas apenas pela lua e raras fogueiras. Seres esquisitos apareciam do escuro e, avançando sobre os desavisados, os punham para correr nas noites de sexta-feira e de lua cheia. Ninguém duvidava de que certas pessoas haviam adquirido o dom de se transformar em porcos.  No dia seguinte às aparições, bastava uma aparência um pouco mais esquisita para ser logo apontado como um vira-porco em potencial na boca do povo. Certamente, se já houvesse então jornais como hoje, toda essa gente bizarra que se vê nas fotos das colunas sociais teria sido promovida a  vira-porco.

Acontece  que  ruas mal iluminadas e mal cheirosas eram constantes na cidade de então como diz Domingos Vieira Filho no seu livro Ruas de São Luis “Quanto à limpeza das ruas as autoridades municipais sempre viveram em luta aberta contra os moradores. A rua, nessa época, era lugar para tudo. Nela torrava-se café e estendia-se roupa lavada. Era rio de águas servidas, amontoado de animais mortos, de lixo em suma. “

 

 

Não é de admirar que num ambiente desses, os vira-porcos tivessem meio caminho andado. Quem sabe,  o porco já existisse antes até do humano. Não seria razoável acreditar  que o horror que causavam estivesse mais no fedor  que exalavam do que na aparência em si?

Nunca se saberá a resposta, mas o fato é que a transformação arrefeceu com o tempo e, hoje, só aparece pros lados dos subúrbios, assim mesmo em forma de cachorro ou de touro, como no Quebra-Pote. Sinais dos tempos. Sendo Touros podem ganhar uma estadia de graça na Expoema e sendo cachorros, uma vaga no desfile de pet da TV Mirante.

2.A LENDA DO OLHO DÁGUA.

Aconteceu na faixa de praia que hoje corresponde ao bairro do Olho D`água. Uma bela índia, filha do cacique Itaporan enamorou-se de um fogoso índio e era por ele correspondida. Enquanto as núpcias não aconteciam o jovem apreciava banhar na praia defronte, quem sabe para esfriar o fogo de seu ímpeto. Tudo ia bem até que uma mãe d`água, metade peixe , metade mulher-,  botou também o olho no índio e logo enfeitiçou  o rapaz. (Nesse triângulo amoroso  o que não faltava, portanto,  era índio, água e olho). Mal olhado ou não, o certo é que a sedutora mãe d`água levou o rapaz para o fundo do mar e este nunca mais apareceu.

Os rivais do índio  apressaram-se a explicar que o desaparecido não passava de um aproveitador e, em tempos de escassez de comida, deve ter se aproximado da mãe d`´agua para comer primeiro  de sua metade peixe e, de sobremesa, de sua parte mulher, numa competição muito desfavorável para a filha do cacique.  Para estes, o oportunista continuou vivo em algum palácio no fundo do mar num banquete pra homem nenhum botar defeito, comendo ora peixe, ora mulher, ou os dois ao mesmo tempo.

O certo é que a indiazinha não suportou seu destino inglório e logo morreu de desgosto. Tantas foram as  lágrimas que elas continuaram a jorrar de seus olhos mesmo depois de morta, gerando uma nascente de lágrima abundante que corre para o mar até hoje.

Lágrima ou água? Sendo comprovadamente lágrima  é melhor acreditar que a índia continua revoltada, porém, muito mais  com a  CAEMA,  que hoje cobra de seus descendentes pelas lágrimas de sua nascente como se fosse água.

            Esse pessoal tira proveito até das lágrimas de uma índia!

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

 

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Jeitos de usar a boca

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ou PARA ENTENDER OS BEST SELLERS, artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

Muita gente não consegue  entender porque alguns livros se tornam best sellers e outros não. Evidentemente que não é só o conteúdo apelativo que faz o sucesso da maioria em detrimento da boa literatura. Vez por outra surgem best sellers de boa qualidade literária

Qual seria então a razão? Existem várias, mas os especialistas sabem que o título do livro está entre uma delas. Um título sedutor (para o leitor comum)  tem de ser, à primeira vista, de tal forma incisivo que desperte a sua curiosidade. Se a isso se adiciona uma capa interessante (‘legal’, no sentido de ‘sugar’ o potencial leitor para dentro do contexto da realidade na qual está inserido e que está sendo proposta) já temos meio caminho andado. O resto é o resto. Fisgado o leitor, o esmero do que está escrito lá dentro muita vezes é de somenos para o comprador atual.

Se prestarmos atenção aos títulos da lista de mais vendidos,  veremos que seus títulos apresentam uma qualidade a mais que as já sugeridas: a  margem  de interpretações que permitem da vida cotidiana . Vejamos alguns da lista de Veja:

1.Outros jeitos de usar a boca. Rupi Kaur

Quaisquer que sejam esses jeitos, isso precisa ser urgentemente ensinado à maioria das duplas sertanejas que prolifera por este Brasil. Para bem de nossos ouvidos poderiam usar suas bocas para essas outras coisas,  ao invés de cantar.

2.O Festim dos Corvos. George Martin

A imagem de  alguns políticos festejando depois que Temer foi absolvido da primeira acusação (segundo a imprensa a troco de aprovação de emendas de seus interesses ) , dá bem ideia do que pode ser um festim de corvos. A única diferença é que os corvos de verdade festejam quando matam a fome. Essa raça de corvos pelo contrário, quando adicionam grana  aos seus bolsos.

4.Depois de você. Jojo Moyes

‘Depois de você’, evoca uma  sina avassaladora no que tange ao Brasil e à Presidência da República. A regra,  aplicada aos presidentes surgidos depois de FHC  é esta: “Por pior que você seja, depois  virá outro pior”. Assim foi com Lula, Dilma, e agora, Temer. Deus nos proteja! Quem virá depois de você?

 

 

3.A Fúria dos Reis. George Martin

A fúria dos reis, ou  melhor de um reizinho,  com certeza baixou em King-Jong-Un líder  da Coréia do Norte, que está adorando dar uma de macho e mandando míssil pra tudo quanto é lado. Tanta fúria não tem explicação, já que nem Freud explica. Será que ele é? Alguém já pensou nos estragos que o reizinho faria se fosse Jong-Dois ao invés de Jong-Um?

5.O Poder do Hábito?

A corrupção impera neste nosso país pelo hábito do poder ou o poder do hábito? O hábito de roubar nasce com o poder ou a vontade de roubar lhes é inata? Será que o livro responde?

6.Extraordinário! R.J. Palacio

Mais do que os 800 milhões pagos pelo PSG por Neymar  é extraordinário que se pague 150 milhões por Vinícius Jr., do Flamengo, apenas uma promessa de craque, que, até agora, nada confirmou. O que houve por trás disso? Quando lembramos   do cabotinismo de  Galvão Bueno e Felipão, vê-se que as coisas do futebol hoje em dia são pra lá de extraordinárias.  Estão  mais para ordinárias do que para extra.

8.A Dança dos Dragões. George Martin

A Dança dos  Famosos continua todo domingo na Globo, mas a dos Dragões  só surgirá quando Suzana Vieira entrar em cena para dançar com Faustão. Já pensou?

 

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São  Luis

 

 

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CARTÃO DE IDOSO

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Estamos num país em que você tem que provar tudo. Desde que você não é bandido até que ainda está vivo. Desde provar que você  já viveu alguns anos até testemunhar que você já viveu o suficiente ou, até, que viveu mais do que o suficiente.

E, para isso, não bastam os atestados que lhe obrigaram a possuir: Carteira de Identidade, C.P.F., Bons Antecedentes, Certidão de Idade, de Casamento e o escambáu. Não bastam ações como pagar imposto de renda, multas de trânsito, etc. Para todos os efeitos, você é um sujeito inexistente quando se trata de usufruir alguma regalia.  (Claro, para pagar, nada precisa provar. Pra isso você poderia até ser um E.T.)

Não é de admirar que anos  atrás tenha surgido a tal PROVA DE VIDA, em que o aposentado precisa provar que está vivo para poder receber a sua aposentadoria. Para isso precisa ir até um caixa do banco (nem que seja arrastado –  se for deficiente), pra espernear, gritar, gemer, chorar, etc.

Não fique confiante, porém, se tiver conseguido a almejada prova. A Prefeitura de São Luis acabou de inventar um tal CARTÃO DE IDOSO, para atestar que você é, de fato,  velho. Isso mesmo! Você resistiu a ser velho a  vida inteira, mas um dia você chegou lá. E, como se não bastassem as agruras que isso lhe trouxe, a partir de agora você está condenado a enfrentar a tradicional burocracia  para poder usufruir das  duas míseras compensações que a velhice lhe trouxe: fila de idoso e estacionamento livre.

Ora, se fila de idoso é melhor nem encarar,  só o que lhe restava de privilégio era o estacionamento preferencial. Só que,  para usufruir disso, agora você tem que ter um Cartão de Idoso. Não bastam carteira de identidade, rugas, dentadura postiça, muleta e R-X da coluna ou do  tórax, tem de ter um Cartão. ( Dias atrás, em fato que ganhou as páginas dos jornais uma senhora teve o carro guinchado em pleno shopping porque não lhe bastou mostrar sua carteira de identidade. Faltava o tal cartão. Dá pra acreditar?)

 

 

Dia virá  que lhe exigirão o CARTÃO DE MORTO, para poder ser enterrado. Dá até pra  imaginar a cena: na porta do cemitério, você dentro de um caixão e o parente, que lhe conduz,  sendo interceptado por um guarda.

– Cadê o cartão de morto dele? Sem isso ele não pode ser enterrado.

– Bem, tá aqui o Atestado de Óbito.

– Não basta! Ele precisa apresentar o seu cartão de morto. Todos sabem disso. Agora é lei.

– Não deu tempo pra isso, ele morreu antes. Como poderia tirar um cartão de morto se ainda não tinha falecido?

– Poderia ter sido previdente e ter se antecipado.

– Como assim? Ele não estava desenganado,  e tinha esperanças, coitado. Queria viver mais um pouco.

– Tirasse então um cartão de QUASE MORTO.

– De quase-morto?

– Sim, de quase morto, ou meio morto, tanto faz. Já colocamos à disposição do público. É só requerer.

– Por favor, desculpe, não sabíamos. Deixe-o passar só esta vez. Como você sabe  ele não terá outra chance.

– Huuuummm! Tá certo. Desta vez pode passar, mas na próxima providencie.

– Na próxima? Só se for o meu,  você quer dizer…

– Não se faça de engraçadinho. Na próxima entrada dele. No céu, no inferno ou no purgatório. Sem cartão não passará por lá também. E agradeça pela paciência!

 

José Ewerton Neto é autor de O entrevistador de lendas

 

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