As coisas belas da juventude

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

A liberdade é a maior de todas as ilusões, dizia Herman Hesse. O narrador de um meus contos finaliza sua narrativa dizendo  que a juventude é a maior de todas as liberdades. Admitindo que ambos estejam certos, a juventude seria a maior de todas as ilusões.

E, por ser justamente a juventude a  expressão mais comovente dessa necessária ilusão da liberdade, confesso que sempre me incomodei  com a literatice imposta aos jovens , nas escolas, através dos livros que lhes são intimados a ler.  Acontece que, a meu ver, a propagação do hábito da leitura não se promove através da obrigação, mas pelo prazer.

Considerando que cabe ao mestre orientar seus alunos no rumo da melhor escolha,  o ideal seria  que se concedessem alternativas aos clássicos que estes considerarem chatos (e isso acontece até para quem  tem “estrada” intelectual). Vejo como opções mesmo  os best-sellers (por que não?) quando são capazes de condensar o propósito maior da literatura que é de oferecer prazer e reflexão através de uma boa escrita.

Como apreciador do bildungsroman ( romance de formação) vez por outra saio à cata, nos sebos, de alguma ‘pérola’. Se não é possível,  a qualquer hora, descobrir um O Apanhador no Campo de Centeio, consigo encontrar, porém,  gratas surpresas:

 

 

1.Gosto de você assim. Romance de Francesco Gungui,  autor italiano, tornou-se best-seller internacional. Para  introdução ao seu conteúdo bastam algumas falas de  sua personagem central, Alice: “As conversas de sempre, as palavras de sempre. O seu futuro antes de tudo, você tem que fazer, você tem que entender…Mas por quê? Por que tenho que encontrar um futuro ? Por que tenho que ler livros de que eu não gosto?” .

Este resumo das inquietações e perplexidades de uma jovem reprovada na escola dizem mais do que qualquer crítica literária, inclusive tangenciando o assunto do início desta crônica. Uma leitura insinuante que traz uma curiosidade: um poema da escritora gaúcha  Martha Medeiros, introduzido  por um dos personagens.

 

 

 

2.Simon vs. A agenda homo sapiens. Romance cujo título  pouco convencional desperta a atenção para uma jornada que faz jus ao título. A troca de e.mails entre dois jovens que se desconhecem substitui a tradição literária dos romances epistolares para uma linguagem adaptada às novas gerações, explorando uma linguagem idem, inserida numa simbologia que traduz as ansiedades típicas de uma geração.

Dessa forma a autora contorna a densidade de um tema tradicionalmente opressivo como a homossexualidade para inseri-lo no contexto da naturalidade e ironia com que os jovens o observam.  Por assim dizer a autora higieniza o tema, mas não o desqualifica ou o sublima mantendo o fio condutor da trama em torno do mistério trazido pela identificação dos personagens envolvidos.

 

 

  1. O Limão. Romance que talvez seja o mais literariamente valioso dos três. Deparando-me, agora, com a exiguidade deste  espaço,  direi, resumindo,  que o encontrei no sebo do Poeme- se e que minha curiosidade foi despertada, também, quando vi o nome do tradutor, o político e jornalista Carlos Lacerda. Resgatado pelo escritor Paul Bowles de um contador de histórias árabe, o texto já  instigante pelo ambiente exótico e bizarro, torna-se sobremaneira envolvente quando os diálogos reproduzem, no mesmo diapasão,  igual atmosfera mágica.

José Ewerton Neto é autor de O oficio de matar suicidas

 

 

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FALTOU TORNOZELEIRA!

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Um dos assuntos mais comentados pela imprensa na semana passada foi a falta de tornozeleiras. Não de tornozeleira para moças, nas lojas de artigos femininos, mas de tornozeleiras eletrônicas para criminosos. E não a de tornozeleiras para bandidos comuns, mas para os da Lava-Jato.

Bons tempos esses? Não seriam piores os tempos em que faltava feijão na mesa  dos brasileiros? Talvez não, talvez sim. A falta de tornozeleiras quando não falta arroz e feijão, mas escasseiam valores morais, enseja a que se pondere que, pelo menos, foi criado um novo tipo de oportunidade empresarial para o  empreendedor inventivo.

As oportunidades são muitas. Vamos a elas!

1.Tornozeleira Eletrônica, categoria VIP.

Sob qualquer ângulo, é inadmissível que faltem tornozeleiras justamente para gente capaz de comprar milhares delas, só com o troco da propina recebida. Acostumados a usufruírem do bom e do melhor imagine o constrangimento de ter que enfiar a canela numa tornozeleira vulgar, que qualquer bandido de segunda pode usar. Isso sim,  é bullyng pra ninguém botar defeito!

(A cara de bebê chorão de Geddel, por exemplo,  após ser preso,  é bem uma demonstração disso. Parece que está reclamando mais por não ter direito a uma tornozeleira adequada do que pela cadeia em si. É fácil imaginá-lo berrando ao celular. “Maiê! Fiz de tudo pra enriquecer e não me deram sequer  uma tornozeleira!”)

Essa  oportunidade única  se apresenta, agora, ao empresário arrojado que se disponha a fabricar tornozeleiras com recursos tecnológicos adicionais indispensáveis à clientela a que se destina: com alívio de posição, jogos eletrônicos ao alcance dos dedos do pés, pulsações para exercício muscular etc. etc.

2.Dispositivo Anti Gravação.

Com um desses equipamentos à disposição Michel Temer não precisaria, hoje, descer do seu pedestal para assediar deputado a deputado,  do alto ao baixo clero e, até, sub clero. Fáceis de acionar a um comando simples, tal dispositivo embutiria um tipo de ressonância que tornaria inaudível qualquer gravação inconveniente. Prático e moderno,  tal equipamento tenderia a ser um sucesso no ambiente de empresários e políticos corruptos  onde passaria  a ser chamado também, com muita propriedade,  de Confunde-Delator.

3.Malas Camufláveis.

A descoberta pela lava-jato de malas de dinheiro associadas a autoridades fornece a impressão desmoralizante de roubo muito primário. A fabricação de  malas camufláveis evitaria que essa gente passasse por essa constrangedora vergonha. Inovações advindas dos avanços tecnológicos já permitem a fabricação dessas malas, a salvo de qualquer detecção eletrônica.

Claro, seu custo não seria accessível a ladrões de galinha, mas estamos falando de gente que transporta nessas malas dinheiro capaz de comprar centenas de malas camufláveis. Sem contar que a clientela não seria feita apenas de criminosos já constituídos, mas dos futuros,  em potencial. Atualmente, os fabricantes rezam para que o foro privilegiado continue ad eternum. Sua produção em larga escala fundamenta-se na regra básica do bandido precavido: “Melhor prevenir que remediar”.  Com foro privilegiado e sabendo que ninguém vai preso,  jamais haverá ladrão capaz de resistir à tentação! Pelo menos, no Brasil.

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NANOTECNOLOGIA À LA BRASIL

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

Nanotecnologia, para quem não sabe,  é uma ciência que, em linhas gerais, se preocupa em desenvolver equipamentos minúsculos, mais especificamente, a criação de motores e máquinas em escalas microscópicas.

Daí que a descoberta do primeiro motor molecular artificial, um bilhão de vezes menor que um comum, foi anunciada anos atrás.

Ora, se já foi construído um motor assim, imagine o que não se poderia descobrir, nesse tamanho,  para resolver os gigantescos problemas que nos afligem. Quem sabe não seja por aí. Formiguinhas em vez de elefantes brancos.

1. Mini Documentação. Para que tanto papel, tanta assinatura, tanta senha? É carteira de identidade, CPF, Título de eleitor, Carteira Profissional, Certificado de Idoso, de Vivo, etc. Do jeito que a burocracia impera neste país e com tanta vontade que se tem de soltar bandido (a partir de cima),  não demora muito vão inventar uma  carteira pra  bandido. Dá pra imaginar a lei: se o dito cujo for pego em flagrante,  mas comprovar que está apenas exercendo sua profissão, com a carteira não poderá ser preso.

Ora, toda essa parafernália sumiria facilmente no dia em que a Nanotecnologia reduzir toda essa documentação a um ponto. Já pensou que maravilha? Ninguém precisará mais de documentos, bastaria mostrar um pontinho e ponto final.

2.Mini Celular. Estamos caminhando para isso. Os celulares hoje já fazem tudo o que uma pessoa faz ou precisa,  podendo-se até dizer que só não guardam o corpo da pessoa porque é desnecessário. Os celulares, embora pouca gente tenha se dado conta já são uma antecipação da Nanotecnologia, uma avant première, vamos  dizer assim. Esvaziada uma pessoa de tudo o que interessa que é seu cérebro, em meia centena de anos os corpos serão dispensáveis. Não é a toa que os celulares possuem mais de um milhão de funções que ninguém sabe para que  servem,  e, quando você tenta descobrir justamente aquela que você precisa, nunca acha. Ou  seja,  o ser humano, tornou-se um micro cérebro vagando na imensidão de neurônios da caixinha.

3.Mini Presidente.

 

Esse seria o presidente ideal para o Brasil, tão minúsculo que, por não enxerga-lo,  possamos nos esquecer dele. Então poderíamos seguir nossa vida normalmente, sem malas roubadas, lava jato, reformas previdenciárias etc. Nunca teríamos medo de que surgisse um presidente pior do que o caos, como já está se anunciando  Lula. A solução, através da Nanotecnologia,  viria em forma de um bonequinho microscópico, só para fazer de conta.

Uma vantagem seria óbvia. Esse jamais receberia aqueles a quem chama de bandidos, altas horas da noite, no aconchego de seu próprio lar.

Jose Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

 

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FÊMEA MAIS ISSO OU AQUILO

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

 

De algum tempo para cá a invenção de nomes para isso ou aquilo passou a interessar mais do que isso ou aquilo.

Para falarmos apenas no que se refere à mulher, o nome  fêmea parece ter sido reabilitado para dourar algumas questões para as quais não se encontra solução. Mais ou menos como as leis,  que por aqui são recriadas sob o suposto de que basta mudar as palavras para resolver o fato de que ninguém as cumpre.

Assim, se tornou comum a expressão  FEMINICÍDIO  para referir-se a assassinato de mulheres, quando já  havia para isso a palavra homicídio que significa a mesma coisa. Quando se procura a definição do termo para não  incorrer em falha, os dicionários se enrolam para explicar, como, por exemplo, o Wikipédia “ Feminicídio é um termo de crime de ódio, amplamente definido como o assassinato das mulheres, mas as definições variam…”

Haja  indefinição, o que insinua que a o termo se disseminou  para dar maior relevância a qualquer ato de violência praticado contra as mulheres; como se isso fosse capaz de impedir um boçal de praticar monstruosidades.

Dito isso, acrescento  que fui motivado a escrever esta crônica  , depois que me deparei numa revista semanal com a palavra  FEMINEJO. Femi o quê???? É isso mesmo,  FEMINEJO, referindo se à atual onda de mulheres que se dedicam a cantar música sertaneja. Fêmea + Sertanejo, já pensou?  Se a música sertaneja já era ruim de dar dó apenas com os Machonejos (essa eu inventei agora), imagine com esse acréscimo!

Não custa imaginar o que vem por aí:

1Femininteira. Mulher Maria Chuteira. Mistura de fêmea com Maria chuteira. Ex. Da  top Bruna Marquezine até a infeliz Elisa Samúdio.

2Femininterrupta. Mulher Corrupta. Mistura de fêmea com corrupta. Como Adriana , mulher Sérgio Cabral ou Cláudia Cruz, de Eduardo Cunha . O ininterrupta soa muito apropriado porque se há uma coisa que nem cadeia consegue interromper é corrupção.

3.Femeira. Mulher Chifreira. Mistura de fêmea com chifreira. As grandes festas, como o São João  estão infestadas delas mas, por uma incrível estatística, a quantidade de chifrudos  é muito maior. Talvez porque alguns chifres valem para dois.

 

 

5.Peruina. Mulher Perua. Mistura de perua com Feminina. As colunas sociais estão repletas delas,  e suas fotos no Instagram, de tão concorridas,  parecem mais um quintal.

  1. Femijateira. Mulher corrupta envolvida com o lava jato. Mistura de fêmea com lava jato. Esse termo precisa ser introduzido logo já que a Lava Jato vai durar mais de dez anos e hão de  aparecer pra mais de cinquenta.  Cabeças ou milhões, tanto faz.

ETC. Etc.

Jose Ewerton Neto é autor de O Entrevistador de lendas

 

 

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AS ARANHAS E O CACURIÁ

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E AS ARANHAS CHEGARAM AO CACURIÁ

 

Tem causado grande repercussão a infestação de aranhas na Lagoa da Jansen, causando a apreensão por parte da população a ponto de os bombeiros estarem prestes a entrar em ação motivados pelos reclames da sociedade ( embora os cientistas garantam que são inofensivas)

 

 

Simultaneamente aconteceu o episódio do Cacuriá de Candinho com cenas ousadas de sexo em meio à dança, logo difundidas via watts app.

 

 

 

TERIA UMA COISA A VER COM OUTRA?

 

Comentário de Juca Polincó:

 

 

 

 

Ao que eu saiba aparentemente não, mas ouçam o que foi dito por uma veterana do Cacuriá tradicional quando soube do ocorrido:

-Tão dizendo que as aranhas estão à solta mesmo, atravessaram a ilha  e chegaram até o Cohatrac.

 

– Até o Cohatrac?

– Sim, onde as meninas dançavam.

– Não acredito.  Deu aranha no cacuriá?

– E como! E surgiram no meio da dança. Só acho que ao invés de chamar bombeiro para conter a “festa” das aranhas na Lagoa da Jansen, deveriam ter que chamar é muito home pra apagar o fogo das aranhas dessas muié!

 

 

José Ewerton Neto é autor de O ABC bem humorado de São Luis

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