PORQUE CHOVEM SAPOS

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Existem mais mistérios entre a terra e o céu do que sonha a vã inteligência humana? Sim, quanto a isso a ciência não tem a menor dúvida, embora o homem que disse a frase, o dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare, nem tenha se dado  ao trabalho de provar.

Tanta ignorância e desconhecimento das coisas elementares do Universo por parte do gênero humano,  a essas alturas,  leva a outra lei, mais absoluta ainda e mais dolorosamente aceitável: a de que existem menos mistérios entre o homem e sua incapacidade de desvendar os segredos do Universo do que sonha a vã Ciência.

Isso soaria definitivo caso não houvesse nascido neste planeta um  ser humano, tão peculiar como indecifrável ,  intitulado JUCA POLINCÓ, pronto para ter sempre respostas para todas as questões irrespondíveis que nos afligem.

 

 

Juca Polincó ( cujo sobrenome é  uma abreviatura que significa  filósofo Politicamente Incorreto da Periferia), sempre teve respostas para tudo, especialmente para aquilo o que as pessoas não querem que alguém saiba. Quem é ele?

Acrescento que é meu amigo e que me permite reproduzir, semanalmente em meus blogs,   suas verdades  a respeito das coisas e das frases do dia.  Verdades, por exemplo, como as  que oferece abaixo, para as  questões irrespondíveis da ciência:

1.Pode haver vida inteligente fora da Terra? Mesmo com os recursos que a Ciência dispõe hoje, os cientistas não conseguem responder.

Resposta de Juca: Se não existe inteligência fora da terra, aqui mesmo é que não há. Como chamar de inteligente uma raça que depois de 1,5 milhões de anos não conseguiu inventar um equipamento de proteção contra a chuva melhor do que o guarda-chuva? Ou que ainda não conseguiu erradicar baratas  muriçocas e corruptos?

  1. Não é só na Bíblia que chovem sapos. Em 2007, esse fenômeno ocorreu em Odzaci, na Sérvia. Depois, em 2009, choveu girinos no Japão, e tem aparecido outros relatos, sobre chuva de aves e peixes. Nenhuma teoria é cientificamente comprovada.

Resposta de Juca: O fenômeno não surpreende, pois aqui no Brasil não só caem sapos das chuvas, como a população é obrigada a engoli-los. Muito mais grave é a chuva de animais que caem sobre os telhados das repartições onde legislam políticos corruptos. Neste caso, chegam a cair répteis e cascavéis. Ratos, de vez em quando, mas são engolidos pelas cobras.

  1. O zumbido. Por que algumas pessoas ouvem este som particularmente incômodo, enquanto outras não? Se ele se origina dentro ou fora da pessoa que o escuta, é um problema sem explicação científica até o momento.

Resposta de Juca: Não há zumbido mais insuportável que o de alguém que escuta um Luan Santana até o fim. Portanto, neste caso, o zumbido ao invés de vir de fora nasce dentro da própria pessoa. Quem sabe, de um cérebro atrofiado.

Jose Ewerton Neto é autor de O oficio de matar suicidas

 

 

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PARA ONDE IRÁ BELCHIOR?

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artigo publicado no jornal O estado do Maranhão

Onde andará Belchior?

            7 anos atrás escrevi uma crônica neste jornal com esse título. Era a pergunta do momento, dado o sumiço do cantor que,  em fase de ostracismo, desaparecera misteriosamente.

Jose Ewerton Neto é autor de O oficio de matar suicidas

 

Parecia algo meio bizarro, (o sumiço), mas, de alguma forma, uma atitude  não desgarrada do estilo do cantor e de suas composições peculiares: melodias com letras filosófico-existenciais, num ritmo indefinido que ficava a meio caminho entre balada rock e MPB, sob a batuta  de uma voz anasalada e melancólica.

A estranheza do contexto policial (já que  alguém famoso desaparecera), fazia girar, novamente, como num disco antigo em 78 rotações sempre as mesmas questões  que desde suas primeiras canções mais conhecidas pareciam dançar em torno de um eixo que eram as questões existenciais irresolvíveis de todo mundo: “O que fez Belchior de si mesmo? Por onde andará sua música? E a juventude? E  os sonhos da juventude? (Os seus e os nossos?)”

A solução detetivesca foi até fácil,  sobrepondo-se às especulações que a mídia carreava para valorizar o mistério: estava quebrado financeiramente? Envolvera-se com uma mulher possessiva que o  mantinha afastado da sociedade? Ou simplesmente estava cagando e andando para tudo (esse tudo que, para facilitar, mais uma vez,  estava cheio de nadas)? .

E foi assim: apenas um rapaz (coroa) latino americano sem dinheiro no bolso, prosaicamente instalado em uma fazenda de interior, que a reportagem da televisão encontrou no interior do Uruguai onde deu sua última entrevista conhecida. O mesmo Belchior, o mesmo bigodão que, como o sorriso da Mona Lisa, parecia estar ali apenas para garantir um  mistério.  Talvez porque,  a essas alturas, isso fosse a única coisa que agora lhe restava.  Foi então que ele, como se desculpasse, disse que estava recolhido para traduzir a Divina Comédia, de Dante.

Semana passada, após o anúncio de sua morte,  em um grupo de whats app um de seus fãs,  comentou: “Mais um que não soube lidar com o sucesso, mergulhou-se em dívidas e se desestruturou”. Será que isso é verdade?

Sabe-se que lidar com o sucesso não é próprio de artistas muitos talentosos. Estão aí, só para citar o rock,  vários: Amy Winehouse, Renato Russo, Janis Joplin, Jimmy Hendrix  etc. (O bom livro A vida louca da MPB tem uma fortuna, só com os brasileiros). Na contramão disso, lidar com o sucesso à custa da própria mediocridade ostensiva é muito mais fácil e faz a festa de uma penca, da qual são exemplos caricaturas musicais (e de personalidade) do tipo Luan Santana e Wesley Safadão.

Por essa abordagem Belchior estaria no altar dos  talentosos, pois ligava tão pouco para  a grana que recusou uma oferta milionária, de uma marca de carro muito famosa para reaparecer fazendo propaganda do veículo. Não se pode garantir, porém, que essa condição seja necessária, ou suficiente, para a “grande memória”. E Então, haverá um lugar para ele reservado no panteão dos grandes artistas da MPB?

 

 

 

Sei não. Imagino que desprovido do mistério que lhe serviu  de veste, Belchior agora caminha errante, entre outras boas almas da música brasileira, em algum lugar dessa nova vida espiritual,  (como talvez tenha desejado),  carregando seu alforje;  bigodão bizarro, nome comprido,  versos   filosófico- existenciais, canções sinceras e,  muito bonitas, para muitos!

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POBRES PALAVRAS!

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artigo publicado no jornal O Estado do Maranhão

Jose Ewerton Neto é autor de

O entrevistador de lendas , ficção informativa sobre as lendas maranhenses

 

 

O que dizer de alguém que, de si mesma,  diz que tem um talento absurdo? ( Suzana Vieira, atriz, durante o Carnaval referindo-se à Ivete Sangalo e a si própria: “ Entra ano sai ano e Ivete continua com aquela voz incrível e eu com meu talento absurdo”). Tanta pretensão torna difícil encontrar uma palavra que expresse o exagero do que foi dito em relação à cantora baiana e o “absurdíssimo”  em relação a si mesma. Qual a palavra mais apropriada, então, para esse tipo de  fala/atitude: Arrogante, Iludida, Tola ou…?

Óbvio  que não há termo adequado – o buraco é mais embaixo -, mas alguém poderia tentar explicar tanto descalabro argumentando que as pessoas perderam o senso e,  na ânsia de promoverem o ego em polvorosa,  elogiam-se antes que outros o façam,   mas isso não vem ao caso. O que acontece é que, se pensarmos bem, de repente, faltaram as palavras. Ou, por outra, as palavras  existem, mas já não são suficientes, como se estivessem cansadas das pessoas, que se tornaram cada vez mais risíveis, grotescas e distantes da semântica original  que introduziram nos símbolos para classificarem a si próprios. Teriam as palavras se enfraquecido a ponto de perder o significado diante da hipocrisia com que os seres humanos  investem em si mesmos?

Isso fica evidente quando se tenta encontrar um termo que classifique os políticos que, diante de uma acusação comprovada (na lava-jato, por exemplo) negam a acusação apesar das provas cabais. Dizem “Não sei” com a mesma facilidade com que disseram sim à ambição desmedida, chegando ao cúmulo de, no caso de Henrique Eduardo Alves, insistir em falar que não sabe de onde surgiram  800 mil dólares depositados em sua conta. E, como fingem não se dar conta da realidade, fingem  também não ter consciência do crime que praticaram ( que é da mesma envergadura que a de assassinos cruéis porque, metendo a mão no dinheiro que seria usado para salvar vidas (saúde) ou solucionar futuros (educação), igualam-se  a eles). Diante de tanta negação alguém exclamaria: É muita cara de pau!

Mas, cara de pau, apenas? A expressão, agora débil em sua representação, surge inesperadamente vã diante do cinismo da atitude. Como encontrar um termo capaz de dimensionar um tipo que age assim? Insensível! Torpe! Corrupto? Qualquer um, vá  lá!. Por insuficiência um deles poderia até quase se encaixar, mas uma coisa é certa: a palavra CORRUPTO!, essa  eles tiram de letra!.

A julgar pela reação de alguns dos acusados da lava-jato, poucos se constrangem com isso, pelo contrário, para eles tanto faz serem acusados de Corruptos como ganharem apelidos degradantes e pouco sutis da Odebrecht. No submundo de seus desejos inconfessáveis vai ver que Corrupto lhes soa até bem, como um cognome afetuoso. Talvez se cumprimentem assim, convivam assim, quem sabe de noite na cama suas mulheres os tratem por COCÓ (abreviação carinhosa de corrupto) e, em meio ao êxtase por haverem chegado a esse ponto,  do alto de suas canalhices  deem até  gargalhadas de desprezo aos que querem prendê-los, como Sérgio Moro.

Suas o quê? Canalhices?! Ora, canalhice também soa amena e insuficiente. Pobres das palavras! Perderam para a desfaçatez humana.

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