AO MESTRE COM CARINHO

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aomestre

artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão

 

O amor de um professor pela sua escola: alunos, profissão, ambiente,  e vice-versa. Tudo isso está no romance Adeus Mr. Chips de James Hilton, traduzido por Érico Veríssimo,  que virou filme de sucesso no século passado. (Coisa um tanta rara, aliás,  de acontecer em plenitude, hoje em dia, quando, vez por outra,  alunos costumam se digladiar com professores em situações de confronto).

Devia a leitura desse livro a mim mesmo, faz bastante tempo. Quando na AML, em homenagem prestada a Erasmo Dias por ocasião do centenário do seu nascimento em 2 de junho , me coube essa tarefa ,  lembrei   do episódio inicial de nossa amizade, quando, então  na adolescência, levei para sua opinião, um poema intitulado A Chamada. Ele, diante do jovem tímido,  enquanto eu lhe fazia a leitura do curto poema, exclamava: “Good bye Mr. Chips!” E repetia,  com entonação cada vez mais emotiva, o título do romance que virou filme.

Bem, o poema, por ser curto, pode ser aqui reproduzido facilmente:

 

“Nº 1: Presente!…  

Nº 2: Presente!…,

Nº 3: Presente!…,

Nº 4: Presente! ……

Nº 50: Presente!….

…………………………………………………………….  

Ao mestre com carinho 50 presentes cheios de ausência!’” 

Finda a leitura, percebi que ele se emocionara positivamente com o poema. Mas, e o Good Bye Mr.Chips? Por que a alusão?  Eu sabia que esse era o título de um filme e que o final do poema, por sua vez, evocara o título de outro filme de sucesso Ao mestre com carinho (o qual assistira), com Sydney Poitier. Foi fácil apreender que o filme provavelmente aludia a essa terna relação do mestre com seus alunos  porém, ao mesmo tempo, a essa notável complexidade,  quando se chocam a necessidade do aprendizado e o distanciamento libertário da juventude – que o poema sugere, talvez, inconscientemente.

Após o término da palestra, conversando sobre esse episódio com um amigo confrade e escritor, lamentamos que, passado tanto tempo, eu ainda desconhecesse o texto original do romance que originara o filme e provocara a exclamação de Erasmo Dias. Notei que algo se fazia premente para dirimir essa incompletude, o que, nestes dias de internet é tão fácil: Estante Virtual, preços módicos, breve diligência, e em uma semana o livro ( uma edição antiga e com páginas amarelecidas e frágeis) estava em minhas mãos.

Então entendi melhor. Pouquíssimas vezes poderia  ser condensada na trajetória de um professor prestes a se aposentar a desenvoltura desses sentimentos típicos dessa relação mestre/aluno; maturidade/juventude; experiência/esperança. Na edição que li, de 1962, a chamada de capa já enunciava: “A história irresistível do professor mais querido de todos os tempos que já encantou milhões de leitores em todo mundo”.

De fato, Mr Chips é irresistível, e o resumo dessa empatia talvez ecoe na fala do narrador a respeito de Chips, quando este, a essas alturas já aposentado, foi convidado a regressar ao batente: “Ao  voltar para a escola pela primeira vez na vida Chips se sentiu necessário,  e muito necessário a algo que estava muito perto do seu coração. Não há no mundo sensação mais sublime e isso ele a tinha”.

Enfim, Adeus Mr.Chips é uma leitura breve e prazerosa que recomendo a todos, especialmente os professores, enquanto agradeço ao saudoso Erasmo Dias e sua memória,  anos depois, mais um de seus ensinamentos literários que agora se junta aos que tanto me gratificaram.

Jose Ewerton Neto é autor de

O entrevistador de lendas

 

 

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QUE O QUERIDO DEUS CUIDE

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carlos alberto

Jose Ewerton Neto, autor de O entrevistador de lendas

 

Foi de Pelé, maior atleta do século passado, de quem Romário disse que “calado era um poeta”, no entanto,  uma das mais expressivas homenagens prestadas ao lateral  da seleção campeã mundial de 1970, Carlos Alberto Torres, morto três semanas atrás. Nas palavras de Pelé: “Que o querido Deus cuide do nosso capitão.”

Pois foi essa imagem de capitão e líder de time,  levantando a taça Jules Rimet,  a que permaneceu na memória de todos, naquela que foi a melhor apresentação de uma seleção de futebol em todas as Copas. O seu ultimo gol, o quarto contra a Itália, num passe de Pelé, mil vezes repetido, conjuga com essa imagem como se já  fosse,   em sua concepção e realização,  um  voo harmônico rumo a um levantamento de cetro.

A memória leva a 1966, um dos maiores fracassos do Brasil nas Copas. Depois do bicampeonato e tendo Garrincha e Pelé, dois gênios do futebol, o Brasil partiu para Londres na condição de grande favorito. O oba-oba era tamanho que Carlos Alberto, então um jovem promissor de uma nova geração,  foi cortado da seleção para a entrada de Fidélis, apenas para que Rio de Janeiro e São Paulo tivessem o mesmo número de jogadores na seleção potencialmente campeã. O fracasso monumental veio na esteira de duas derrotas na fase classificatória para a Hungria e Portugal, em cuja seleção despontava um  outro jogador excepcional , o africano Euzébio, logo apontado como sucessor de Pelé – o reinado do futebol brasileiro sendo colocado em cheque.

Pois coube justamente ao   Santos de Pelé e, agora, também de Carlos Alberto , recém-  contratado ao Fluminense,  restaurar a honra do futebol brasileiro. Realizou-se,  em Nova Iorque,  um grande torneio, o World Champion Cup, espécie de tira-teima,  com a presença do   Santos, Milan e Benfica( time de Euzébio) os melhores times do mundo.

 

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Os norte americanos,  que começavam a se deslumbrar com o futebol,  pagaram pra ver e encheram os estádios para comprovar  a derrocada do futebol bi campeão do mundo.

E foi então que a imagem do mito se formou quando, sonho de vingança realizado,  o deslumbramento surgiu. Com atuação excepcional Carlos Alberto Torres anulou completamente o  ponta esquerda Simões considerado o melhor da Europa, especializando-se naquilo que é tão raro e é só possível a laterais de sua estirpe. Não só marcava bem, como atacava melhor, o que é muito raro.  Pelé, de novo exuberante,  e cia.  fizeram o resto. O  Santos esmagou o Benfica por 4 a 0 e goleou  o Milan por  4 a 1, iniciando  a recuperação do futebol brasileiro rumo ao tri em 70.

Portanto, 4 anos antes do tri , Pelé  etc. e os meninos Carlos Alberto Torres e Edu começaram a ganhar a Grande Copa.

“Que o querido Deus cuide do nosso capitão”  como disse Pelé.

 

 

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O DINHEIRO ‘VIVO’ DE LULA, E O NOSSO.

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dinheiro

artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão

autor de O entrevistador de lendas

 

Primeiro a eleição de Donald Trump, depois a SUPERLUA. Alguma coisa a ver? Aparentemente não, mas a ‘realidade’ tem razões que a própria razão desconhece. Isso segundo afirma JUCA POLINCÓ, ex-jornalista, ex-comunista, ex-jogador de futebol, enfim, ex-tudo, antes de se tornar, segundo ele próprio afirma, um filósofo. Tanto assim que se autointitula Juca Polincó, (o filósofo politicamente incorreto da periferia).

 

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São dele   os  comentários que aqui reproduzo.(Não necessariamente em nome da concordância com suas ideias, diga-se de passagem ) .

1.A eleição de Donald Trump, com a entronização de Melânia Trump como primeira dama dos USA confirma uma tendência: ex-modelos como primeiras-damas.  Aliás, mulheres que já tenham posado nuas, neste século, já despontam como favoritas para ocuparem cargos públicos. Recentemente, na Ucrânia, Anastassia Deeva, de apenas 26 anos de idade e habituê de ensaios  sensuais, foi nomeada vice-ministra do Interior sob muita polêmica.

Apenas como primeiras damas, primeiro foi Marcela Temer, agora Melânia Trump. Antes disso já houve a Carla Bruni, esposa de Nicolas Sarcozy, na França. Descortina-se, portanto,  um novo futuro para as modelos: ao invés de Ex-BBBs, Primeiras-Damas.

Comentário de Juca:

“Ao invés de isso ser interpretado como uma coincidência, é tempo de que todos se conscientizem de que estamos diante de uma nova regra que  poderia se chamar Postulado Zero da Pretensão Presidencial que se enuncia: “ Se você pretende ser presidente de um país grande e forte, primeiro case com uma modelo com 30 anos menos – de preferência que já tenha feito nus. Depois disso a presidência lhe cairá como uma  luva. ”

 

temer

 

2.A Revista Isto É desta semana denuncia que  Lula recebeu propina em dinheiro vivo.

Comentário de Juca:

“Felizes os que podem escolher se recebem dinheiro vivo ou dinheiro morto.  Nós, pobres, só recebemos  dinheiro espírita, ou seja , aquele que só aparece quando se sonha.

3.Só não dá pra entender é tanta surpresa quanto à Lula e o dinheiro que recebeu ainda vivo (o dinheiro, claro). Como todo mundo sabe Lula sempre foi mais vivo do que o dinheiro que recebe!”  A eleição de Donald Trump para presidente do maior país do mundo, com zero de experiência administrativa, e com o único mérito de ter comandado um Big-Brother  revela a chegada de um novo tempo.

Comentário de Juca:

“Finalmente!  Deixamos de ser espectadores para sermos (todos os humanos vivos ) participantes de um imenso Big-Brother. Era inevitável, embora tenha acontecido mais cedo do que se esperava.  E nosso comandante será o animador Donald Trump.

Bem, para os brasileiros resta o consolo de que podia ser pior. Por mais canalha que seja, Trump não é um farsante como Pedro Bial ou um bobalhão como Roberto Justus.

 

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ENTREVISTANDO LENDAS MARANHENSES

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capadoentrevistadorhttps://youtu.be/zOVJJTMUHWI

http://blogdowilsonmarques.blogspot.com.br/

HOJE, domingo, às 20 h na Casa do Escritor Maranhense

Livro une ficção científica e personagens do folclore maranhense

O escritor José Ewerton Neto, membro da Academia Maranhense de Letras, lança hoje, na Felis, no stand da livraria Vozes, a partir das 19h, o livro “O Entrevistador de lendas – uma aventura de ficção científica sobre lendas maranhenses”. Trata-se, segundo o autor, de uma aventura de ficção científica sobre lendas do Maranhão com o objetivo de trazer aos leitores, especialmente aos estudantes, todo o fascínio das principais lendas da região num formato mais lúdico que didático. Na trama, personagens do futuro viajam pelo tempo em busca de lendas em um momento em que se esgotam as possibilidades de entretenimento humano. Desse modo, iniciam interações que são divulgados para todo o universo. O ritmo é alucinante. O final é insólito e, além das emoções propiciadas pelo texto, o leitor tem de quebra informações sobre o folclore maranhense.

Para o professor e escritor José Neres, neste novo livro de Ewerton “o exotismo das lendas maranhenses entra em cena como aperitivos rápidos, suculentos e bem explorados em uma questionadora obra que agora vem público”.

“O Entrevistador de lendas” faz parte do Plano de Publicação da Academia Maranhense de Letras, realizado através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

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A VERDADEIRA HISTÓRIA DO TEMPO

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artigo publicado no jornal o Estado do Maranhão

Jose Ewerton Neto, autor de O oficio de matar suicidas

 

Tem tempo pra tudo neste mundo, menos para falar do tempo, já parou pra pensar sobre isso, leitor? Claro que não, porque o tempo… Bem, o tempo…

Durante muito tempo o homem pensou que conhecia o tempo. Sim, porque em qualquer lugar do mundo lá estava ele, o tempo, o mesmo de sempre, com pequenas variações de humor ( às vezes rindo, às vezes chorando, às vezes queimando, às vezes jorrando tempestades). O mesmo estoicismo de sempre, lavando a mão para as presepadas humanas, nem aí para as nossas reclamações e dramas.

Um belo dia, porém, no século passado, Albert Einstein, um humano um pouquinho mais inteligente  que os demais surgiu com a ideia de que o tempo não existe como entendemos, é apenas uma ilusão:  o tempo e o espaço são relativos e, no fundo, a mesma coisa. A partir daí tudo embaraçou na cabeça dos homens a ponto de a conversa mais ouvida na atualidade ser  justamente “não dá tempo” que traduzida em bom linguajar significa “deixa o tempo pra lá, não dá muito papo pra esse cara, tratemos é de viver.”

Um pouco antes de se chegar a esse ponto (de coexistência não pacífica) ao entender que o tempo o perturbava, o homem teve a ideia de que poderia controla-lo. Nessa ocasião, inventou uma caixa a que denominou relógio e enfiou o tempo lá dentro. Ali, contido e demarcado por uma escala pensou que o tempo estava submetido como um escravo, pronto para servi-lo. ”Brilhante”,  pensou o cara que inventou o relógio. “Gênio!” asseverou a plateia “Agora o desgraçado está preso numa gaiola!”.

 

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Mas, qual o quê, o feitiço logo virou contra o feiticeiro e, de repente,  o ser humano é que ficou algemado, ao invés de controlar o tempo, ele é que passou a ser controlado pela máquina.

Hoje, depois da virada do século, aí é que nos controla cada vez mais. ‘O tempo urge’, dizemos quando acordamos, mas bem melhor diríamos que o tempo ‘ruge’, isso sim, pois é a mercê de sua vingança  que seguimos todos, autômatos definitivos, apressando-nos rumo a lugar nenhum.  Essa pressa, a que uns chamam de velocidade, outros de aceleração, faz vibrar algo que bate dentro de nós num ritmo descompassado apenas para cumprir as ordens da caixinha. “Pressão alta”,  diz um parente “Pressão alta”, grita a enfermeira “Mais pressa, grita o médico!” e lá vamos nós, céleres em cima de uma maca, sempre cumprindo as ordens do relógio, rumo a UTI e…  daí,  à morte.

Tornando cada vez mais pertinente uma pergunta crucial: “Afinal de contas, que raios de relação  tem o tempo com Deus? São amigos ou inimigos, quem veio antes ou depois?” Porque se o tempo se disfarça de vida para controlar os humanos, Deus parece permitir isso,  tanto é assim que o usa costumeiramente para concluir seus desígnios nem sempre previsíveis ou inteligíveis. “Cúmplice de Deus, ou um autor poderoso à sua revelia?” Ninguém jamais saberá, o que se constata é que quanto mais vivemos, graças à tecnologia, menos tempo dispomos,  deixando-nos pouca opção a não ser nos agarrarmos à fala religiosa  que diz que a ressurreição, ela sim, acaba sendo a suprema vitória, a paz completa, a liberdade, enfim.

Nessa ocasião o tempo, que já era espaço se subjugará em infinito, depois em luz e nos misturaremos com a essência da vida, libertos, afinal, do tempo e seus humores.

E nosso único relógio serão as estrelas.

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