Autor de O ABC bem humorado de São Luís

Mais pérolas do linguajar maranhense estarão na segunda edição de O ABC bem humorado de São Luís, a ser relançado este ano. As expressões  abaixo foram extraídas da Revista de Geografia e História, edição de Dezembro de 1953, do capítulo A linguagem popular do Maranhão, de Domingos Vieira Filho,  (escolhidas segundo o potencial de sátira, critério que norteou a escolha das expressões na primeira versão)

1.Afolosado. Escangalhado, esbandalhado, quebrado, em estado imprestável. Ex. “Para deixar uma seleção brasileira de futebol afolosada carece onze  alemães profissionais. Já para deixar uma Petrobrás afolosada só precisa de meio time de corruptos.”

Sugere-se que o termo teria se originado da palavra aforrozada. As moças que saiam para dançar  forró até tarde, estendiam a noitada e, segundo a maledicência, voltavam aferrozadas ao invés de aforrozadas. Daí se chegou ao afolosada.

2.Andaço. Mal estar que acomete várias pessoas ao mesmo tempo. Provavelmente deriva do mal que anda. Ex. “Uma epidemia de  Zika é assim. Começa com um voo ( do mosquito) e termina em anda ço.”

3.Apertacunha. Quando várias pessoas se apertam em local exíguo, aglomeração em sítio pequeno. Ex. “Cunha ex-presidente da câmara, teve que cair fora quando não aguentou o Apertacunha. Ou o Aperta Cunha!, como preferir”.

4.Bambi. Coisa imprestável. Ex. “Os são paulinos são chamados pelos corintianos de bambis, mas aí é por outro  motivo. Ou seja, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come…”

5.Baseado.Apianado, excelente, ótimo. Teria se originado da ilusão dos que fumam o primeiro baseado: “Baseado no primeiro baseado, só vindo outro baseado!”

6.Birro. O órgão masculino quanto teso e viril. Sugere-se que o termo teria se originado quando os homens, para  se gabar, diziam que tinham os seus tamanhos equivalentes aos dos burros. Daí virou burro por corruptela.

7.Cacholeta.Golpe violento vibrado com as pontas dos dedos na orelha de outrem. Ex. “O mal da música sertaneja que inferniza nossos ouvidos começou quando os pais das duplas economizaram cacholetas na educação de seus filhos e não educaram seus ouvidos para escutar coisa que preste.”

8.Carachué. Homem que vive a expensas da mulher. Gigolô. Ex. “Um dos acessórios de moda preferidos hoje em dia pelas peruas da soçaite, ou celebridades do mundo artístico é o Carachué. Concorre com a bolsa Louis Vuitton, com a vantagem de que a leva pra casa. Não à perua, claro, mas a bolsa. “

9.Chandanga. Nádegas volumosas. “Aviso aos apressados: não é porque as possuidoras de nádegas volumosas tenham hoje nome de fruta: mulher Melão, mulher Melancia, mulher Pera e mulher  Jabuticaba, que chandanga seja fruta. Jamais peça uma chandanga na feira, a não ser que a feira não seja de frutas, mas de outro tipo de fruto”.

10.Chocar. Fugir à luta, acovardar-se. “Aqui no  Maranhão, ao invés de os machões cantarem o hino nacional dizendo “Verás que um filho teu não foge à luta”, eles cantam “Verás que um filho teu nunca chocou”. As galinhas vibram.

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Jose Ewerton Neto, autor de O ABC bem humorado de São Luis

Doidão, Inconsequente, Irreverente, Engraçado, Obeso, Viciado, Massa! Tantos adjetivos um a um foram aplicados a Sebastião Rodrigues Maia ( Tim Maia ) , mas , nenhum da forma que ele mais almejava: o de gênio da música, pelo menos, na mistura de ritmos, soul, funk, rock em cujo sumo  ele cristalizou seus maiores sucessos.

E olha que gênio não é epíteto tão raro assim num ambiente em que todos se consideram como tal, bastando para isso vender  discos, ser aclamado pelas plateias e ter suas músicas escolhidas como trilhas de novelas. Exige-se, no entanto,  alguns atributos especiais, que vão além da mera avaliação do talento musical,  e a sua concessão, pelos críticos musicais,  exige algumas virtudes, digamos assim, mais palatáveis que as possuídas pelo gordo  e mulato Tim Maia.

Como, por exemplo, seu oposto,  Chico Buarque de Holanda. Esse nasceu para ser considerado Gênio, antes, agora e depois, aqui, lá e acolá. Esse sim! Nascido bonito, de família conceituada e rica, inteligente e culto, (o tipo de marido que todas as mães desejavam para suas filhas), a aura de gênio lhe caiu como uma  luva. E, se, por oportunismo ou não, apropriou-se da sina de revolucionário e contestador (uma atividade que ele, de fato, jamais exerceu) aí mesmo é que sua genialidade passou a jorrar do altar de herói para onde foi alçado por falta de outro,  mais verdadeiro  ou conveniente.

E, assim como a ele, a carapuça de gênio também coube e continua coçando na cabeça de tantos: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Milton Nascimento e, mais tarde, até  Roberto Carlos,  etc. , uma coleção de incensados por causa do  talento , claro, mas,  sobretudo, por incorporarem figuras palatáveis para a sociedade.  Esses não tinham os olhos verdes de Chico, mas adquiriram o passaporte para a genialidade por suas posturas festivas,  simpáticas e dançarinas,  de uma rebeldia  de ocasião, asséptica e inofensiva.

Mas Tim  Maia , não. Era gordo, feio, e  mulato, um viciado   ostensivo,  que fazia a apologia das drogas que consumia em shows, na vida particular, na cadeia e onde houvesse espaço. A biografia de Tim Maia escrita por Nelson Motta, que acabei de ler,  esmiúça os aspectos mais bizarros de sua trajetória, mas não explica a razão por trás de sua tragédia pessoal,  nem o traduz para as gerações vindouras. Cantor e compositor bem mais que medíocre, sempre soaram raros na sua avaliação, tanto uma negativa plena como um arroubo de exaltação,  Tim Maia nunca passou de um artista considerado apenas “aceitável” pela classe média,  que o consumia e com ele ria.

O livro de Motta,  padece da carência da perspicácia do leitor para sugerir que sua incompatibilidade com a vida talvez estivesse nisso mesmo: num julgamento arrevesado e mediano que ele próprio fazia de si mesmo, daí a jactância, que superexagerava, para compensar tantas frustrações em relação ao ambiente em que passou a viver e no qual, para sobressair , teve de se impor na marra.

Da sua frase mais emblemática relativa ao país em que vivia e ao ambiente que o cercava Tim Maia disse: “O Brasil é um país em que puta goza, gigolô tem ciúme, traficante fuma maconha e esquerdista é de direita”. Só faltou  completar: “e que  jamais reconhecerá,   com a mesma medida dos favorecidos, o talento dos gordos , feios,  mulatos e drogados.“ Como ele,  Tim Maia.

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Jose Ewerton Neto, autor de O oficio de matar suicidas.

“Recuso-me a reduzir o ser humano à melancolia de um cachorro atropelado.” Nelson Rodrigues.

Que podia saber o genial Nelson Rodrigues, morto em 1980, sobre o Brasil de hoje? Muito mais do que pensávamos, caro leitor, até mesmo porque o que é sentenciado pelas pessoas sábias, como na epígrafe acima, tem o dom de eternizar-se.  Além disso, nosso país não mudou tanto assim. Com ligeiras adaptações soa surpreendente como seus aforismos, pra lá de verdadeiros, escancaram  a realidade de nosso país atual.

1.”O que atrapalha o brasileiro é o próprio brasileiro. Que formidável seria o Brasil se o brasileiro gostasse do brasileiro!”

O brasileiro gosta tanto do Brasil que julga que é patriotismo cantar hino nacional em tudo que é jogo de futebol. Tem um noção de patriotismo tão hipócrita que adora falar mal de americano, da coca cola,  e das coisas de lá, mas enche a boca para dizer que passou o fim de semana em Miami ou viajou de terceira classe para Nova Iorque.

2.”Arquibancada é a pátria do palavrão”.

E devia continuar sendo, mas por obra e graça de um político, e dos que aprovaram a lei, arquibancada de campo de futebol virou a pátria do Hino Nacional obrigatório. Enfim, o palavrão virou a pátria do Hino.

3.”O que se está fazendo por aqui é uma MPB que não é popular, nem brasileira. E vou além: nem é música”.

O pior, Nelson, é que esses eram bons tempos. O maior crime é que a maioria da música que se faz por aqui virou brasileira e popular, mas ainda está a léguas de poder ser chamada de música.

4.”O grande acontecimento do século foi a ascensão  espantosa e fulminante do idiota”.

E só podia dar, no século atual, naqueles que, devidamente aprimorados e instalados, escutam músicas de Luan Santana (ou Luan e Santana, tanto faz) e centenas de duplas sertanejas.

5.”O Brasil é um elefante geográfico. Falta-lhe,  porém,  um rajá,  isto é, um líder que o monte.”

O pior é que se descobriu – e votou -, numa  rajá de araque, que ainda quis pedalar o elefante.

6.”O Brasil não é uma pátria, não é uma nação, não é um povo, mas uma paisagem”

Bela paisagem, sem dúvida, mas,  Infelizmente, infestada de aves de rapina, que economizam suas asas  para sobrevoarem a paisagem em aviões de carreira, pagos pelo contribuinte.

7.”Há todo um Brasil por fazer”.

30 anos depois, continua havendo mais que um Brasil por fazer. Mas o pior é que depois do Mensalão, Petrolão e outros ãos, ainda carece consertar o que  se  quebrou.

8.”A única miséria que acha graça em si mesma é a brasileira.”

E ainda sai dançando e cantando música sertaneja universitária.

  9.”Antigamente o brasileiro era um inibido até para chupar um chica-bom.”

Hoje é exibido para chupar seja o que for (até isso que você está pensando) nas redes sociais.

10.”Está para nascer a mulher que resista a uma capa da Playboy”. 

E está pra nascer, hoje em dia,  uma capa de playboy que resista a uma perua  com pós-graduação na rede Globo.  (Suzana Vieira, Maitê Proença, etc. etc.)

10.”No Brasil quem não é canalha na véspera é no dia seguinte”.

E ainda tem a cara de pau de negar a própria canalhice, na véspera, no dia seguinte, e por toda a futura geração de seus descendentes canalhas.

  11.”O brasileiro é de profunda religiosidade. Conheço um sujeito que tem dez religiões”.

E trinta deuses, cinquenta santos e um milhão de fiéis pra lhe pagar o dízimo. .

AS MELHORES NOTÍCIAS DA SEMANA

(com comentários de Juca Polincó )

JUCA POLINCÓ , o filósofo politicamente incorreto da Periferia

1.Luiza Brunet acusa o ex-namorado Lírio  Parisotto de agressões verbais e físicas. Em entrevista a atriz conta que foi vítima do empresário e levou um soco no olho, chutes  e ainda quebrou várias costelas.

Comentário:            “Jamais acredite, Luiza,  em homem podre de rico que diz que não bate em mulher nem com uma flor. Principalmente se  o cara tem nome de flor. Ainda mais se essa flor é chamada Lírio. Na próxima prefira um que tenha nome de espinho. Fulano de tal Pinho, por exemplo”.

2.Cleo Pires diz que adora fazer ménage a trois, desde que seja com  dois homens, dependendo do tipo do macho.

Comentário:            “Recente pesquisa comprovou que os tipos de homens preferidos pelas mulheres são os homens ricos e engraçados. Como Cleo é bonita e rica  uma boa ideia seria sair à procura de Donald Trump e Tiririca. Daria pra encarar, Cleo?”

3.O Milionário Roberto Cavendish, dono da Delta Construções foi preso pela polícia no aeroporto do Galeão. Seguiu depois algemado para a cadeia  mas logo foi liberado para prisão  domiciliar. Continua, no entanto,  no xilindró porque falta tornozeleira eletrônica.

Comentário:            “Que sujeito canhenga! Porque não pega um troquinho dos milhões que ele roubou e não freta um avião para mandar vir da cadeia do Estado vizinho tornozeleiras eletrônicas  pra ele poder dormir em casa?

            Ou será que quer economizar a grana do barbeiro porque soube que vão mandar cortar os seus cabelos e vão lhe dar um uniforme listrado, de graça?”

4.A ex rainha do bumbum Greethen que já fez plástica de tudo quanto é jeito casou-se esta semana pela 17ª vez, com um português?

Comentário:           “E o português? Será que sabe que a bunda também é a 17ª?”

5.Juiz manda Zeca Camargo pagar um milhão de reais para a família do cantor sertanejo Cristiano só porque insinuou que houve excesso de celebrações midiáticas em torno da morte do cantor.

Comentário:            “Só por causa disso? E quem vai pagar os danos causados em nossos ouvidos pelas músicas do cantor?”

6.Site já arrecadou mais de 700 mil reais  em doações para Dilma Roussef. O motivo seria para ela fazer viagens.

Comentário:            “Tem gosto pra tudo neste mundo e ainda sobra pra ficar debaixo de um boi, como diz o caboclo. Vai gostar de governo corrupto assim na…! Eu até que mandaria dez reais de minhas parcas economias pra Dilma. Desde que ela fosse pra Cuba e nunca mais voltasse.”

José Ewerton Neto, autor de

O ABC bem humorado de São Luis

Rumo a Ribamar, que está em festa por causa do LAVA-BOIS. E, se dá para lavar bois, dá para lavar chifres também, aproveitando a água abençoada pelo santo padroeiro. Como a praia vai estar lotada de bois e de chifres apenas se recomenda que o visitante escolha cuidadosamente que tipo de boi prefere e em que tipo de chifre se enquadra. Vamos a eles. Êia ,Boi!

Boi Incantado – É aquele que adora arraial. Forró, pamonha e camisa xadrez é com ele mesmo. Mal chega a noite, já ele sai de casa, correndo para não perder nenhuma brincadeira.Enquanto se diverte vendo boi de saia no arraial, sua mulher, para compensar, bota um cabra de duas pernas em sua cama. Quando chega, no final da noite, ainda radiante, ela pergunta: “E aí benzinho, como foi o arraial?”Ele responde: “Maravilhoso, querida. Estou incantado!”.

Boi Pirilampo – É aquele que, solícito, vive convidando os jovens amigos de sua mulher para visitar o arraial. Depois de duas doses fica acendendo e apagando. Quando está aceso ela se derrete de atenções, chamando-o de benzinho prá cá, benzinho prá lá. Quando apaga, ela aproveita para soltar mãos e pernas por debaixo da mesa em direção ao jovem que estiver mais próximo.

Boi de Orquestra. – É aquele boi consciente, que adora propagar sua sina para toda cidade em alto e bom som. Se está solteiro no arraial, numa roda de amigos, e sua esposa passa saracoteando ao longe, sem lhe dar a mínima, ele faz questão de apontá-la para os colegas berrando: “Tá vendo aquela boazuda de minisaia acolá parecendo a Anitta? É minha esposa Concita. Mudou seu nome para Concittta com três t em homenagem à cantora safadinha. Não sou mesmo um homem de sorte? ”

Boi de Matraca – É aquele que não satisfeito em passar o dia inteiro falando mal da vida alheia na sinecura onde finge trabalhar, segue no final da tarde para o arraial do Ipem e põe-se a matracar a mulher do colega fulano de tal, deputado ou empresário. Mal sabendo que, nesse exato momento, sua mulher está lhe matracando num motel de luxo nos braços de um office-boy. Usando seu Master Card.

Boi de Fita – É aquele que, suspeitando ser traido pela mulher, adora ficar fazendo fita com os amigos no arraial querendo ser o tal. Basta passar uma garotinha um pouco mais emperiquitada para que ele comece a executar mais sinais do que um guarda de trânsito e a mexer-se mais que bunda de dançarina de forró exclamando: “Um dia ainda vou tê-la em minha cama!”

Boi de Zabumba – É aquele que trabalha feito um condenado, chega em casa sempre tarde e encontra um bilhete da mulher dizendo que foi para o arraial com algumas amigas. Desesperado, sai atrás dela de arraial em arraial, com o coração batendo feito zabumba, e perguntando para quem aparecer pela frente: “Por favor, algum de vocês viu a minha mulher? ”

Boi Brilho da Ilha – É aquele que se enfeita todo para chegar a um arraial. Desde os cabelos, passando pelo terno, gravata, relógio e celular, tudo é minuciosamente polido e engomado. Só esquece de aprimorar o chifre, com que a mulher lhe enfeita a cabeça.

Boi de Palha – É aquele que se queima facilmente. Conhecedor da fogueira que arde entre as pernas de sua mulher (nem São Pedro apaga), não pode nem ver uma sombra passar perto dela que fica logo gritando: “Ah, eu mato um! ” Porém não tem coragem de largar-se da mesma que repete a quem quiser ouvir que ele é valente para os outros, mas na cama só tem fogo de palha.