Mulheres da Apae de São Luís são exemplos inspiradores de propósito pessoal e profissional

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Mulheres unidas em prol da causa da pessoa com deficiência: autodefensora titular Joseana Pereira Assunção Cajueiro, a presidente da APAE de São Luís, Arionildes Silva e Silva, e a autodefensora suplente Maria Regina Portugal Naiva

São Luís – Neste Dia Internacional da Mulher (8), elas têm muito o que celebrar. Duas mulheres com histórias e bagagens de vida bem diferentes, mas ligadas por uma causa em comum: a luta em prol da inclusão social e do respeito aos direitos das pessoas com deficiência.

Arionildes é mãe e ativista e Joseana é uma mulher com deficiência que conseguiu quebrar paradigmas para ocupar com dignidade seu espaço na sociedade.

A atual presidente da Apae de São Luís, Arionildes Silva e Silva, é mãe de uma filha com Trissomia 21 (Síndrome de Down), a amada Alenilce ou Leninha como a chama. Por meio dela, descobriu as dores do universo das pessoas com deficiência, mas também lhe foi revelada a força de um amor potente que a fez abraçar a causa em prol da pessoa com deficiência intelectual e/ou múltipla com vigor, engajando-se como voluntária na Apae de São Luís, onde está há muitos anos. Ela foi eleita presidente da entidade, mais uma vez, para o biênio 2023 / 2025.

“Não se trata de um cargo, mas de uma missão que Deus me confiou. Mais uma vez, fui eleita presidente da Apae de São Luís para somar esforços na continuidade das ações de expansão das atividades nos três eixos de atuação: saúde, educação e assistência social. A luta por mais inclusão e mais respeito precisa avançar na sociedade. O preconceito ainda é enorme, mas igualmente grande é minha determinação como mãe e como representante apaeana. Essa é a minha causa, meu propósito de vida e espero cumprir com magnitude essa missão de trabalhar pelo crescimento e desenvolvimento dessas pessoas, considerando suas necessidades e anseios”, declara Arionildes.

Segundo a presidente da Apae de São Luís, os desafios para as mulheres com deficiência são ainda maiores que os das demais. “Em pleno século XXI, as mulheres de modo geral ainda são desvalorizadas e discriminadas em muitos sentidos. E, mais ainda quando se trata de alguém com deficiência. Precisamos combater, por exemplo, o capacitismo, que consiste na desvalorização ou desqualificação desse público com base no preconceito e em crenças equivocadas, que consideram a deficiência como um estado inferior do ser humano. Diferentes e limitadas sim, mas não incapazes. A mulher com deficiência precisa ser valorizada por suas inúmeras habilidades, e não ser resumida à deficiência que possui” defende Arionildes Silva.

Infantilismo

Além da discriminação no mercado de trabalho, outro grave problema das mulheres com deficiência é a questão do Infantilismo presente em muitas famílias. Os familiares, às vezes, tendem a proteger demais uma filha com deficiência, deixando de dar mais oportunidades de estudo ou trabalho, por medo das reações adversas da sociedade.

Portanto, nada melhor que a representatividade real de uma pessoa com deficiência para defender de maneira mais eficaz seus direitos e lutas, sabendo exatamente quais são as dores, os limites e os preconceitos evolvidos. Essa representatividade real é a síntese do programa de autodefensoria da rede das APAES, em defesa da valorização da diversidade e da promoção da dignidade das crianças, jovens, adultos e idosos com deficiência intelectual e múltipla.

Por meio desse programa, a pessoa com deficiência intelectual é incentivada a gerenciar sua própria vida cotidiana, na medida de suas possibilidades. É importante que ela faça suas próprias opções para o atendimento de suas necessidades individuais e a ampliação de suas possibilidades existenciais na medida em que lhe são proporcionados suportes e condições adequadas de aprendizagem, nos mais diversos campos.

A autodefensoria no movimento Apaeano vem se estruturando na medida em que as APAES abrem espaço para a participação direta de seus alunos nas tomadas de decisão, motivando-os a se manifestarem sobre determinados assuntos de interesse dos demais colegas e sobre a temática da pessoa com deficiência intelectual e múltipla nas políticas sociais.

Para tal, representantes do sexo masculino e do sexo feminino são eleitos pelos seus colegas para o cargo de autodefensores. Nesse cargo voluntário, eles têm assento, voz e presença assegurada em todos os eventos oficiais promovidos pelas respectivas instâncias nas APAEs: locais, estaduais e nacional.

Eleição

Na APAE São Luís são os alunos da Escola Eney Santana e os demais assistidos pela Associação que vão às urnas para escolher os seus representantes. Os eleitores fazem jus ao lema da Autodefensoria que é “Nada por eles sem eles”.

Na última eleição para esse cargo, Joseana Pereira Assunção Cajueiro foi eleita pelos colegas como a autodefensora titular, tendo como suplente a colega Maria Regina Portugal Naiva, ambas com deficiência intelectual. Além de ativistas, elas são bastante produtivas.

Exemplos

Joseana e Maria Regina são atuantes no mercado de trabalho. Joseana é auxiliar administrativo na Escola Eney Santana e Maria Regina é atendente em uma rede de Fast Food em São Luís. Elas são exemplos de mulheres que estão vencendo os preconceitos e ocupando seus espaços na sociedade.

Atualmente com 41 anos, Joseana é natural de Colinas e veio para São Luís para morar com a avó, em busca de mais oportunidades para se desenvolver. Ela sofreu uma queda ainda bebê, o que provocou sequelas neurológicas e a deficiência intelectual. Mas sempre contando com o apoio da família, entrou na Apae de São Luís ainda criança e lá conseguiu estudar e se desenvolver. Ao longo dos anos, Joseana terminou o Ensino Médio e foi também conquistando autonomia.

Com a morte da avó, hoje mora sozinha no bairro Nova Aurora, onde leva uma vida plena e feliz. Ela divide o tempo entre várias atividades que ama fazer: o trabalho na Escola Eney Santana, os treinos de handeball e as funções como autodefensora voluntária, eleita pela segunda vez.

Quando está em casa ama cozinhar e garante que faz bonito na gastronomia. Para todas as mulheres com deficiência, o recado de Joseana é claro.

“Acreditem em vocês mesmas. Sejam guerreiras, batalhem para conquistar seu espaço. Sejam persistentes e nunca desistam de seus sonhos”, conclama.

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