São Luís – Atuante, engajada, firme em seus propósitos e dedicada à profissão que escolheu, a advogada Ana Brandão é uma das favoritas à Presidência da Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB/MA). Ela é proprietária do escritório Ana Brandão Advogados Associados e preside o Instituto do Bem, voltado para ações sociais. Tem um vasto currículo e figura como um nome de peso para proporcionar maior participação das mulheres na política da instituição. Nesta entrevista exclusiva, Ana Brandão fala sobre a expectativa para o pleito, propostas e os desafios que enfrentará caso eleita.
Leia a entrevista:
Como se deu o consenso, dentro do seu grupo, para que seu nome fosse apresentado à disputa pela Presidência da OAB-MA?
Faço parte de um grupo composto por advogados e advogadas em todo o Estado do Maranhão. Estamos trabalhando em conjunto em prol da classe. Existem valorosos nomes que têm possibilidade de concorrer ao pleito. Meu nome é um deles. Como caminho sempre em equipe, acredito que o consenso será em torno de um nome que mude o caminho da OAB. Não sou candidata individual.
Qual sua expectativa para o pleito?
São muitos os desafios e é alta a expectativa por uma OAB mais resolutiva e protagonista, por uma liderança que honre a atuação do advogado e da advogada. Estamos em busca de união para, em seguida, implementar novas horizontes à OAB.
Quais propostas, das que elenca para a categoria, você poderia nos ressaltar? Ou
seja, quais os temas mais urgentes da sua pauta?
Muitos colegas manifestam o sentimento de ausência do senso de pertencimento em relação à OAB. Acredito que a urgência reside no resgate ao protagonismo da ordem, do lugar à mesa em conjunto com outras instituições para debater e decidir sobre questões importantes da nossa classe e da sociedade em geral. Toda situação que envolva a sociedade e órgãos de justiça deve ter a participação da OAB. Por isso a OAB não deve mais ficar fora. É necessário ouvir, vocalizar e, acima de tudo, concretizar, como instituição, para que o advogado maranhense volte a ter força institucional. E é exatamente essa força institucional que nos dignifica para combater as arbitrariedades sofridas pelos causídicos.
Como você avalia a atuação da atual gestão? Que pontos negativos são mais preocupantes?
Ultimamente, presenciamos com maior frequência lamentáveis situações de violação às nossas prerrogativas. Até quando vamos conformar nosso futuro em notas de repúdio que parecem retroalimentar outras ofensas, diante da impunidade dos agressores? Por qual motivo a OAB tem ficado de fora do debate com outras instituições? Estas são perguntas que me entristecem. Confio em dias melhores.
Quais seriam os maiores desafios da categoria na atual conjuntura, tendo em vista, inclusive, os problemas enfrentados pelo Brasil na pandemia do novo coronavírus?
A pandemia certamente agravou as dificuldades já experimentadas pelos advogados. Na atual conjuntura, acredito que os maiores desafios são com os advogados que estão começando a carreira, e com a luta por uma gestão transparente e mais direta, pois até mesmo os mais experientes enfrentam muitas necessidades. A OAB distanciou-se dos jovens advogados e descuidou dos demais advogados militantes, situação que se torna ainda mais degradante com as cotidianas violações às nossas prerrogativas.
Dada a sua história e protagonismo no campo social, via Instituto do Bem, você acredita que sua atuação será mais humanizada para que, dessa forma, a instituição se fortaleça?
No século XXI, acredito que qualquer instituição, seja pública ou privada, não sobrevive sem dedicar sua atuação em harmonia com a responsabilidade social e à governança transparente. É um compromisso com a cidadania, com os direitos do cidadão representado. A OAB deve ser plural, ativa, democrática, inclusiva, respeitando a diversidade e as pautas mais candentes da sociedade. Anseio por uma OAB lutando por temas como acessibilidade, combate ao racismo, direito à saúde, prerrogativas, dificuldades no sistema prisional. Este debate não é paralelo a nossa atuação, mas sim fundamental para combater situações como assédio e discriminação experimentados na labuta diária por nós advogados e advogadas. Nossa classe clama por respeito, paridade e pluralidade.
Como você avalia a relação entre as seccionais estaduais e o Conselho Federal da OAB?
É necessário preservar a autonomia das seccionais e fortalecer a mutualidade perante o Conselho Federal da OAB, de modo a evitar o distanciamento das pautas locais a entidade superior, o que gera obstáculos na vocalização dos anseios da nossa classe.
E o que dizer das vozes femininas na advocacia maranhense? Há equilíbrio no que diz respeito à questão de gênero?
Esse problema tem raízes antigas, mas permanece muito atual. Não há equilíbrio de gênero. A pluralidade participativa em qualquer instituição indica respeito às mulheres. Somos maioria em nosso país. Vejo colegas advogadas muito preparadas, atuantes, pessoas de fibra que podem contribuir com a OAB. O destaque de inúmeras colegas advogadas nasce da competência e credibilidade, e espero que tenha chegado o momento de sermos a maioria na própria OAB.
Como tem sido a campanha, até agora?
Nos últimos meses visitei muitos fóruns das mais distintas cidades em nosso Estado. Muitos advogados e advogadas estão passando por necessidade. É uma realidade difícil. Ouço relatos de colegas que reclamam da ausência do senso de pertencimento à própria instituição, o que traduz a falta de protagonismo da OAB. Esta conjuntura tem levado a classe de advogados a ter um espírito combativo de coesão. Acredito que a oposição está cada vez mais unida para voltarmos a termos representação da OAB/MA.
Quais suas considerações finais?
Acredito no resgate da representatividade da advocacia no Maranhão. Esse é um sentimento coletivo. Quando alcançado o direito de um cidadão, a atuação do advogado e da advogada é honrada. Nossa luta diária deve irradiar o sentimento de orgulho, e não desvalorização à classe. Semeio para jovens advogados e advogadas a relevância de nosso ofício. Por isto, coloquei-me também à disposição com o propósito coletivo de fazer união e resgatar o compromisso com a advocacia no Maranhão.