SÃO LUÍS – Ao criar, em 1997, uma metodologia própria para implementar a qualidade do processo de alfabetização de seus alunos no Colégio Dom Bosco, a educadora Ceres Murad, uma das mais competentes do Maranhão, já apostava na arte como uma grande aliada para estimular o pensamento crítico, fazer aflorar a emoção e imprimir mais significado e interesse aos atos de ler, escrever, pensar e se emocionar entre as crianças.
Vinte e sete anos depois, seu projeto ‘Ópera Para Todos’ (pioneiro no país e detentor do Prêmio Darcy Ribeiro de Educação) segue formando leitores e escritores diferenciados e emocionando.
Para Ceres, o poder da arte é imenso. “Arte não é só entretenimento. Arte é uma porta de entrada para o pensamento. O que a arte faz, o que a ópera faz com essas crianças é emocionar e fazer pensar, escrever e derramar toda a sua emoção no texto. Este projeto que já alfabetizou milhares de crianças, não é apenas um show que as crianças ensaiaram. Ele nasce a cada rima que as crianças memorizam para conhecer as palavras e a regularidade da língua portuguesa. Ele nasce quando as crianças, representando a estória, se preparam para escrever a estória que elas representaram. Tudo isso embalado pela música. Estamos entregando aos pais, crianças alfabetizadas com qualidade”, diz,
Ceres prossegue: “Não apenas alfabetizadas para copiar, mas sim, alfabetizadas com textos produzidos por elas, e capazes de escrever o que de fato pensam e sentem. Isso é um outro nível de alfabetização; nível este do qual o Colégio Dom Bosco Exponencial se orgulha imensamente. Cada família irá receber também, um livro com os textos produzidos pelos alunos alfabetizados com a ópera Aída. E nessa releitura apresentada no palco por nossos alunos, é lindo ver como essas crianças se apropriaram de uma estória que fala de amor e lealdade à pátria”.
Releitura da ópera Aída
Na 27ª edição do projeto, os alunos das classes de alfabetização do Colégio Dom Bosco Exponencial encenaram, no ginásio da escola, no último sábado (23.11), uma releitura da mais famosa ópera de Guiseppe Verdi, Aída. Sob a direção de Ceres e Raíssa Murad, a montagem contou com o apoio das professoras das classes de alfabetização, além da direção musical do maestro e professor de música Paulo Cardoso, com coreografia assinada por Concita Garcia.
Com um belo cenário concebido pelo arquiteto Roosevelt Murad, a plateia foi transportada até o Egito Antigo, onde se passa o drama de amor vivido pela princesa etíope Aída e pelo comandante do exército egípcio Radamés, durante a guerra etíope-egípcia. No palco, as expressões dramáticas e as interpretações precisas dos pequenos alunos – atores se destacaram, prenderam a plateia e emocionaram.
Mas ao fim da encenação, ficou a certeza maior de que essa é uma história que está só começando para esses novos alfabetizados. Meninos e meninas que agora desenvolveram a capacidade de ler com prazer e paixão para descobrir o mundo, e mais que isso, capazes de repensar o mundo a sua volta, escrevendo com protagonismo sua própria história. Assim como a arte, a educação emociona, transforma e revoluciona.