A campanha eleitoral americana de 2024 ganha nova narrativa após o atentado e a imagem icônica do ex-presidente Donald ao mostrar momentos após o tiro, por pouco mortal, do candidato republicano levantado por seguranças e com o punho cerrado, sangue espalhado pelo rosto, e atrás dele uma bandeira americana tremulando na brisa sob um céu azul, num sentido de “vitória” alcançada. A imagem atravessou de costa a costa americana e percorreu o mundo.
Segundo Gabriel Rossi, sociólogo e coordenador do Master em Comunicação Política e Sociedade da ESPM, a política é, em boa medida, um jogo semiótico, uma batalha de signos e representações. O discurso, também alicerçado por imagens, constrói personagens com o potencial de tocar corações e mentes no jogo do poder.
“Pelo ângulo, a imagem captada pelo fotógrafo Evan Vucci, durante o atentado contra Trump na Pensilvânia, eleva o candidato republicano a uma espécie de salvador, homem do triunfo, do braço erguido e do punho cerrado; Trump, vitorioso, sangra ao derrotar o assassino e recebe o abraço coletivo dos agentes secretos”.
O especialista explica que o candidato republicano com a tomada de câmera baixa, foi alçado, pela perspectiva semiótica como o herói; a figura que passa por uma grande provação antes da conquista desejada. Um ser quase divino, sustentado pelo céu azul ao fundo e a bandeira norte-americana. Um salvador que encarna as propriedades do verbo e da ação. Quase um deus ex machina do teatro.
“Carregada de simbologias, a imagem dará sim vantagem competitiva a Donald Trump e pode ajudar a definir o próximo mandatário norte-americano. Principalmente se os democratas não mudarem rapidamente seu candidato ao pleito”, ressalta Rossi.