São Luís – Após altas sucessivas durante 2021 e meados de 2022, motivadas pelos altos preços do boi gordo, os preços da carne estão em forte queda. O momento atual é mais que propício para o aumento do consumo de carne bovina pelos brasileiros em todas as regiões do país.
Seguindo um reflexo global e motivado por questões de maior oferta x demanda, além da queda nos custos do milho e da soja – principais insumos de alimentação animal, o preço final teve uma redução em açougues e atacarejos de todo o país.
A Scot Consultoria confirmou o mesmo cenário de queda nesse mês de junho no atacado e varejo de carnes. E os consumidores maranhenses já sentiram o desconto no bolso. O proprietário do restaurante Villa do Vinho Bistrô, na Cohama, Werther Bandeira, revela que compra carne bovina de três diferentes fornecedores semanalmente, entre eles da Fribal, e em todos houve uma queda no preço.
“Eu pagava cerca de R$ 69,00 pelo quilo do filé e essa semana me surpreendi ao pagar R$ 49,00 o quilo. Um bom desconto, e isso ajuda a segurar os preços no restaurante. Não abro mão da qualidade e só compro carne boa e de fornecedores confiáveis, mas quando estava mais caro ficava difícil ter lucro, a margem era muito apertada. Agora com a queda no preço, conseguimos incluir a proteína em mais pratos executivos e o melhor, sem repassar nenhum aumento para os clientes” atestou Werther Bandeira.
Uma pesquisa em três diferentes tipos de cortes de carne bovina na rede Fribal confirma essa impressão do empresário. O acem bovino com osso teve decréscimo de – 35%, pois custava R$ 25,99 em junho de 2022, caiu para R$ 21,99 em dezembro de 2022 e nesse mês de junho de 2023 está custando R$ 16,99. A alcatra com maminha teve desconto de – 22%, caindo de R$ 44,99 (preço de junho de 2022) para o valor atual de R$ 35,99. O mesmo aconteceu com o filé mignon sem cordão, que chegou a custar R$ 88,99 em junho de 2022, caiu para R$ 75,99 em dezembro de 2022 e atualmente está custando R$ 49,99; com decréscimo da ordem de -44%.
Muitas famílias brasileiras haviam trocado a carne bovina por outras proteínas. E agora estão aproveitando a queda no preço para voltar a consumir a carne que havia sido cortada ou reduzida da mesa. Não se sabe quanto tempo vai durar essa tendência de baixa, mas a dica é aproveitar.
O cliente comum que frequenta os supermercados já sentiu o desconto no bolso. O engenheiro José D. Neto faz as compras da família no supermercado Mateus, e revela que voltou a consumir mais proteína bovina.
“No ano passado, estava bem cara a carne bovina, e apesar dos meus dois filhos e esposa gostarem muito de churrasco e outros pratos com carne, optamos por reduzir esse consumo a apenas uma vez por semana, pois nossa renda familiar estava bem apertada até dezembro. Esse ano, com o desconto que vem se mantendo nos supermercados e açougues, voltei a comprar mais carnes desde fevereiro, e aumentamos o consumo de carne bovina para quatro vezes por semana, além do churrasquinho aos domingos” revelou o engenheiro.
Desempregada, a balconista Marisa da Costa está animada para montar uma barraca para vender churrasquinho na porta de casa. Quer aproveitar o preço mais em conta da carne para atrair o movimento de vizinhos e alunos de uma escola noturna de informática próximo à residência dela no Maiobão.
“Sempre fiz churrasquinhos para a família e vou usar a minha churrasqueira portátil para garantir uma renda extra. Sigo procurando um emprego formal em lojas, mas não está fácil. Testei essa venda na última semana e consegui um bom lucro. Já comprei mais carnes e essa semana vou seguir vendendo churrasquinhos. Essa renda vai me ajudar muito com as contas de luz e água, e com a feira também” disse Marisa.
A nutricionista Karina Moreira lembra que a carne bovina faz parte do histórico de consumo humano, garantindo a evolução da espécie. Ela explica que além do sabor, a ingestão da carne bovina é importante, por diversos benefícios dessa proteína para a saúde.
“A proteína bovina é principal fonte de vitamina do complexo B, além de ser rica em minerais e vitaminas como B12, niacina (vitamina B3), selênio, zinco e potássio. Uma porção de 100g de carne vermelha tem o equivalente a 20-25g de proteína, que é fonte de ferro Heme, do tipo que o corpo absorve mais facilmente. À medida que envelhecemos, construir ou manter a massa muscular deve ser nossa prioridade para reduzir o risco de mortalidade precoce por sarcopenia. Sendo rica em aminoácidos, a carne bovina também tem essa função importante no favorecimento da manutenção e no aumento da massa muscular”, explicou a nutricionista.