Raíssa Mendonça é a primeira transexual maranhense a lutar por uma vaga no Congresso Nacional

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São Luís – Figurando entre as poucas candidatas trans que se apresentam nas eleições deste ano no Brasil, a maranhense Raíssa Mendonça segue firme em sua campanha para ocupar uma cadeira no Congresso Nacional. Ela é a primeira transexual da história do Estado a disputar uma vaga em Brasília.

A ativista e idealizadora de um instituto que acolhe pessoas da população LGBTQIA+ em situação de vulnerabilidade social na capital maranhense, a psicóloga formada pela Universidade Ceuma é identificada pelo número 1277 e seu lema é “O voto que transforma”.

No jingle que já circula nas redes sociais, ela destaca bandeiras como “educação”, “inclusão social”, “igualdade de gênero” e “direitos humanos”. Raíssa quer mostrar que sua trajetória de luta a credencia para representar milhares de pessoas que não têm voz nem vez nas decisões políticas do seu país.

“Pessoas trans precisam fazer parte desse processo. Há uma defasagem muito grande entre o total de candidaturas e o tamanho da população trans no Brasil. Esse recorte populacional ainda sofre com uma queda no total de nomes concorrendo”, frisa Raíssa Mendonça.

Ela lembra que, em 2018, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) identificou ao menos 53 pessoas trans competindo para a Câmara dos Deputados e para as assembleias legislativas estaduais.

“Dos mais de 28 mil candidatos e candidatas com registro nas eleições deste ano, apenas 33 são pessoas identificadas como transsexuais ou transgêneros, conforme aponta a lista divulgada pelo coletivo Vote LGBT+”, afirma a candidata.

A proporção, que corresponde a pouco mais de 0,1% do total de candidaturas, contrasta com o tamanho da comunidade trans no Brasil, que representa cerca de 2% da população brasileira, conforme estudo realizado pela Universidade Estadual Paulista (Unesp).

No Tribunal Superior Eleitoral, a estatística de pessoas trans já carece de critérios que permitam uma análise precisa nestas eleições: pessoas que não utilizam nomes sociais ou que conseguiram a mudança de nome em cartório são contabilizadas como cisgênero, e dos 34 nomes sociais registrados, nem todos são por questões de gênero.

A comunidade trans não possui representantes na atual legislatura da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, com seus quadros ficando limitados a poucas deputadas estaduais e vereadoras. No Congresso Nacional há, ainda, parlamentares com atuação na defesa dos direitos dessas pessoas.

A ativista e candidata Raíssa Mendonça, que concorre a deputada federal pelo PDT do MA, conta que, para as pessoas trans, esse apoio não substitui a representação direta no legislativo.

De acordo com ela, a importância da participação política de pessoas trans começa justamente pelo lançamento das candidaturas. “É uma forma de mostrar que podemos ocupar os mesmos espaços que as pessoas cis, de superar os preconceitos e mostrar que nós também temos potencial para isso”, explica.

O outro ponto está no papel desempenhado por essas candidatas após as eleições. Depois de eleitas, pessoas trans observam questões sociais não simplesmente de forma superficial, mas em uma posição de equidade: observando as especificidades de cada indivíduo.

“Sentimos na pele o quanto o povo é diverso. Há pessoas indígenas, negras, pessoas que precisam de acessibilidade e por aí vai”, ressalta.

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