São Luís – “As mulheres trans estão mais organizadas desde a última eleição”. A afirmação é da psicóloga Raíssa Martins Mendonça, 40, candidata a deputada federal pelo PDT e que aparece como um nome forte para representar a população LGBTQIA+ no Congresso Nacional.
“Nós temos uma frente nacional transpolítica e estamos engajadas, articuladas e unidas para ocupar cada vez mais um lugar que é nosso por direito”, frisa a maranhense de Pedro do Rosário fundadora de um Instituto que acolhe pessoas trans em situação de vulnerabilidade social na capital maranhense.
Raíssa, que conseguiu o direito de usar o prenome social por intermédio da Justiça durante o período em que estava na faculdade, está entre os mais de 200 candidatos trans espalhados por diversas cidades do Brasil e que formam um grupo de destaque no pleito deste ano.
Segundo dados do Mapeamento de Pré-Candidaturas LGBT+, realizado pela organização #Vote LGBT em parceria com a ABGLT e Victory Institute, havia pelo menos 210 pré-candidaturas LGBT+ de diferentes espectros políticos e regiões.
A pesquisa também analisou a distribuição desses candidatos por gênero, raça e orientação sexual por linha partidária. De acordo com o mapeamento, as candidaturas, em sua maioria, se declararam preta (86), branca (76), parda (44) e indígena (4).
Apesar da maioria estar presente em partidos de esquerda (83%), como é o caso de Raíssa Mendonça, entre as pré-candidaturas negras (pretos + pardos), 19% estão em partidos de centro e direita, em comparação com 14,5% das pré-candidaturas brancas e 0% das indígenas.
Nas eleições de 2020, foi a primeira vez que candidaturas negras superaram a de brancos, mas isso não se reflete na eficácia eleitoral de pessoas negras, sejam LGBT+ ou não, que ainda não são a maior parte dos eleitos.
“Nossa luta, acima de tudo, é pela conquista de direitos, representando aquelas pessoas marginalizadas, incluindo a população LGBTQIA+. Precisamos dar voz e vez a milhares de pessoas. A discriminação é uma barreira por cima da qual a maioria não consegue passar. Sou negra, vim de uma família pobre e cresci vitimada pela discriminação de gênero. Quero chegar lá para mostrar do que nós somos capazes”, diz.
Pouca representatividade
A maranhense quer preencher um espaço que, segundo ela, carece dessa representatividade. E ela tem razão. Atualmente, somente três deputados federais e um senador se declaram membros da comunidade LGBTQIA+: os deputados David Miranda (PDT-RJ), Vivi Reis (PSOL-PA) e Israel Batista (PV-DF), além do senador Fabiano Contarato (PT-ES). Nas assembleias e câmaras estaduais e municipais, esse número chega a 104.
“É ínfimo diante da magnitude dessa população, espalhada em todo o território nacional. É preciso ampliar essa representatividade”, destaca.
Desde a noite da convenção partidária do PDT, realizada no Estádio Nhozinho Santos, a candidata tem se articulado bastante e se preparado para a propaganda eleitoral, quando terá a oportunidade de mostrar o seu projeto político. A propaganda será iniciada, oficialmente, no dia 16 de agosto.
Essa data marca ainda o início da realização de comícios, distribuição de material gráfico, caminhadas ou outros atos de campanha eleitoral. Fica autorizada também a propaganda na mídia impressa e na internet. “É um espaço muito importante para o nosso partido”, afirma.
O horário eleitoral no rádio e na televisão terá início no dia 26 de agosto e vai até o dia 30 de setembro para os cargos que concorrem ao primeiro turno. O período da propaganda vai de 16 de agosto até 1o de outubro, véspera das eleições. No Maranhão, Raíssa Martins Mendonça será uma das representantes dessa parcela da sociedade. “Vamos mostrar a nossa cara e os nossos projetos. Com união e propósitos a gente chega em Brasília”, frisa.