São Luís – Há mais de 15 anos vivendo entre o Brasil e a França, o cantor e compositor maranhense Paolo Ravley lança, hoje, em sua página oficial no YouTube, o videoclipe de “É só me chamar”, música integrante do EP intitulado “Lado B”, divulgado ano passado. As imagens foram gravadas na Escola de Música do Maranhão “Lilah Lisboa de Araújo”, no Centro Histórico de São Luís, com direção de Lucas Sá e participação especial da atriz Áurea Maranhão (“Cidade Invisível” – Netflix). O projeto é assinado pelas produtoras maranhenses Jirau Filmes e Captura Produções.
A proposta do videoclipe de “É só me chamar” tem um ar de curta-metragem e conta a história assustadora de uma seita que tenta convencer Paolo Ravley a fazer parte dela, por meio de rituais bizarros, sexuais e canibalísticos. O público, no entanto, irá se surpreender devido a um plot-twist, ou seja, uma grande virada no enredo. O trabalho é digno das produções internacionais.
A canção é cheia de mistérios, com detalhes a serem lidos nas entrelinhas. “Acho que conseguimos trazer algo muito inesperado para o videoclipe, mas que, ainda assim, encontra sentido na música. Foi um dos meus trabalhos mais desafiadores e estou mais que orgulhoso de todos que trabalharam com a gente”, diz Paolo Ravley, lembrando que a música está liberada em todas as plataformas digitais do gênero desde o ano passado.
Lucas Sá (diretor e roteirista do videoclipe) é considerado uma das apostas do mercado audiovisual nacional na atualidade. Ele chamou a atenção de Paolo Ravley desde a realização dos clipes “Sinal Fechado”, de Getúlio Abelha, e “Fadinha”, da artista drag Frimes. Lucas e toda a equipe também são co-responsáveis pela realização da última obra audiovisual da dragqueen Aretuza Lovi, que voltou os olhos para o Maranhão no clipe de “Colarzinho de Miçanga”.
Identidade visual
Paolo Ravley é pop e fashion. Quem conheceu seus primeiros trabalhos sabe que ele investe muito na identidade visual. A moda, na verdade, é um dos pilares do seu alter ego musical. Dando continuidade a uma audaciosa parceria, a marca Maison Aries (Paris) realizou mais uma vez o conceito dos figurinos, para que uma equipe local, a Haus 337, liderada pelo estilista maranhense Marcos Ferreira Gomes, confeccionasse e adaptasse as peças usadas no videoclipe. Apesar do desafio, o resultado só traz orgulho aos responsáveis.
Com 11 anos de carreira, o maranhense experimenta uma nova fase, agora com uma ousada proposta conceitual dentro do universo pop/Nova MPB. Segundo ele compara, foi uma guinada de 180°. “Uma mudança definitiva, onde me expresso livre e artisticamente com todas minhas referências e experiências profissionais e pessoais”, diz o artista, que passou um período envolvido com música eletrônica e suas influências.
Do ano passado para cá, apesar da pandemia, ele não parou de produzir. “Foi a pandemia que me permitiu terminar esse projeto e a música me ajudou a manter minha saúde mental. Esse tempo me permitiu parar para refletir, compor, experimentar e, graças à tecnologia hoje disponível, tirar as ideias do papel. Obviamente, como para toda a rede da economia criativa, o impacto foi grande e negativo no que diz respeito à monetização do projeto, com shows e performances presenciais. No entanto, estamos confiantes de ter um trabalho sólido para quando a normalidade voltar”, frisa ele, que planeja um álbum para 2021.
Entre Paris e São Luís
Paolo é radicado em Paris desde a adolescência. Na capital francesa, ele trabalhou como modelo e logo decidiu estudar musicologia na Universidade Paris VIII (Sorbonne). Atuou no mercado de música eletrônica como top liner (autor), compositor e intérprete, tendo trabalhado com selos renomados da cena francesa (Serial Records e Scorpio Music) e europeia (Armada Music do Armin Van Buuren – “Come and Get It”, em parceria com a dupla Ducked Ape).
A partir de 2018, depois de uma longa pausa musical, o maranhense passou a estudar o mercado brasileiro, em busca de um retorno repaginado, mais “livre”. “Para criar um projeto novo que refletisse meu verdadeiro ‘eu’”, finaliza.