POR QUE EU NÃO POSSO TE PERDER? | #DQ59
A resposta óbvia é: porque te amo. Mas há, além de amor, uma necessidade. Dessas que me constrangem e me fazem trocar teu nome por aquele apelido carinhoso, que, para os outros, é bobagem, mas pra nós é só um dos detalhes que compõem o que nós sentimos e como nós sentimos. Se eu te perder, eu, com certeza, perderei a mim mesmo. Porque tu sabes, somos apenas o resto que sobra das múltiplas equações, que ao longo da vida fazemos. Há aqueles que nos tiram sorrisos, e outros, o juízo. Uns em que depositamos confiança, outros, em que já perdemos até a esperança. E, nesse emaranhado de ganhos e perdas, eu encontrei algo que nem sabia que poderia existir. Ou melhor, que poderia sentir: eu te encontrei.
É que me roubaram muitas partes ao longo do caminho. Partes que eu não deveria sequer mostrar, quanto mais doá-las, assim como se fossem uma mercadoria qualquer. Eu dei, ou me tomaram – agora tanto faz. Porque depois de ti, eu sinto que não preciso de nenhuma das partes que me foram tomadas. Pra que eu ia querer aquilo tudo se eu já te tenho? É por isso que eu sinto que, se te perder, não é mais uma parte que vai embora, ou um pedaço que vai faltar. É tudo que eu separei de melhor que vai partir e me deixar um vazio tão grande, que eu vou esquecer até o meu nome.
Talvez eu esteja, nas entrelinhas dessa carta, admitindo minha insuficiência. Ou reconhecendo que o que sinto por ti já me engoliu por inteiro, de dentro pra fora. É absurdamente ridículo e incrivelmente perigoso ser dependente de um abraço e escravo de um sorriso. É um amor que aprisiona sem algemas e que prende sem corrente, mesmo tu repetindo que eu sou livre – o que me causa pavor, por sinal. Que liberdade seria capaz de fazer sumir a gravidade e, por alguns instantes, acreditar que é possível voar? Estou dependente e com mãos atadas nesse querer constante e perpétuo que sinto em te amar.
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