Quando o amor é silêncio | #DQ101

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Trilha: 

https://youtu.be/bE4P6TKgQD0

Shiiiu! Fala baixo.
Pra quê esse tom alto se tua pupila dilata, se teus poros ouriçam e tua pele queima, ao me ver chegar?
Shiiu! Por que vamos estampar nossa felicidade em um muro virtual qualquer? Tira esse fardo de aceitação social de nossos ombros. Posta aqui, entre os lençóis, uma declaração clichê e faz textão no privado, só pra me dar bom dia.

Ei, diz que vai me pegar às 15h. Chega às 14h e faz de nosso amor surpresa, e de nossa rotina, fuga – Sério, me ama sempre. Mas, às vezes, muda. Ou melhor, me ajuda. Sim, me ajuda com uma prece pra não te perder, pra que não cesse o meu bem querer. Vem. Muda o canal pra uma programação em preto e branco e vem colorir meu corpo com tuas digitais. Fala sussurrando, com aquele tom sacana, sobre teus fetiches secretos, até os banais.

Amor, põe meu coração em teu colo e posta nele mais amor e um pouco mais de esperança. Despe minha alma de mulher e me abraça feito criança – Sim, feito criança. Ou tu não achas que pra durar não precisa de um tanto de ternura e um bocado de ingenuidade? Amor de adulto tem muita maldade. Apego é possessividade. Indireta é falsidade. E até a parte boa da maldade (Lê-se: saudades) se faz por pura crueldade. Ah, esse jeito de amar adulto, que tanto nos cansa, me faz sentir saudades do aperto de mão e de minhas paixões de infância. Quando foi mesmo que aceitei despir o corpo ao invés da alma? Quando foi que eu quis ser fuga quando tudo que meu coração dizia era: “salta”? O medo de amar demais nos faz precipício. Não desses que caem do céu, feito gota de chuva. Mas desses que nos congelam dos pés até a nuca. É que o medo de amar errado paralisa, e a gente se esquiva, numa esquina sem saída. Mas a gente é adulto. Tem que fingir a compostura. Fica aí se trocando por um meia boca, meia transa, numa vida vagabunda. Minha culpa ou meia culpa?

#DQ101 #Espalheamorpoaí <3

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Pelo direito de ser ridículo |#DQ 100

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Que o “amor é fogo que arde sem se ver” todo mundo já sabe. Mas isso, que era aparentemente um manifesto de um eu-lírico apaixonado, em algum momento cataclísmico, foi traduzido às avessas, e o significante perdeu todo o significado. Fogo que arde sem se ver era só uma forma metafórica, e não menos amena, de dizer que o amor arde, consome, ferve, transborda, transpira, até que um dia…

…alguém entendeu tudo errado e bradou alto que isso era apenas paixão. Amor é totalmente o contrário. Deixa isso de ‘ser fogo’ de mão. E, assim, deu-se a confusão. Inventaram um manual de conduta. Nele não pode se entregar rápido, senão é puta. Nem se pode amar demais, senão surta. Alguém disse que a mensagem deveria ser visualizada e ignorada, mesmo que a vontade de responder imediatamente, com um belo riso largo, seja evidenciada. Tem que se manter firme e fazer o “certo”. Dar gelo e não ficar tão perto. Afinal, quem corresponde por último é sempre o mais esperto. Chegamos a uma época em que, mesmo não querendo, se conhece novas pessoas, se aprecia novos risos e se esbarra em outras vidas, mas quem diria? Os corpos se fecharam, os dispostos se mudaram e os opostos… Ah, os opostos… esses se enclausuraram. Assim, o mundo se trancafiou na falsa segurança dos relacionamentos parciais. Está parcialmente amando, parcialmente vivendo e inteiramente se enganando − totalmente sofrendo. Deitam seus corpos desnudos sob a rede das relações preguiçosas. Balançam de um lado para outro suas aventuras monótonas.

Já ouvimos “não se apega, não” virar mantra. Vimos “lancinho” virar moda, ou melhor, dar onda. Vimos que “só sexo” não é traição e até pedidos repentinos de casamento virarem exceção. A gente ficou frouxo, com medo de se arriscar e riscamos, por sua vez, ser “UM POUCO MAIS FELIZ” da lista. Em troca de quê? Em troca de uma suposta maturidade emocional, que prega que não se pode ser nenhum pouco passional. Ou foi em troca de algumas noites a menos de choro, depois de uma possível separação? A gente trocou ‘tentar ser feliz de verdade’ por ‘relacionamentos pela metade’. E, sinceramente, não sei se somos meio felizes, ou ficamos mesmo foi pelo meio. Do caminho. Da vida. Alheios. Quando foi que ficou feio ser um apaixonado ridículo? Desses que armam uma jornada, por um simples pedido? Onde foi que jogamos as flores, cartas e até os mais constrangedores e, não menos, os amáveis apelidos? Onde foi, enfim, que trocamos o nosso direito de sermos ridículos?

#DQ100 #espalheamorporaí <3

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Um papo sobre casamento | #DQ99

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Trilha: 

É a primeira dose do ano e, também, a que antecede a centésima dose do blog. Já falei sobre diversos temas, mas uma leitora me desafiou a falar sobre casamento. Eu repliquei: “mas eu não sou casado”. Ela falou: “você escreve sobre tanta coisa, queria ler sua visão sobre casamento”. Então, comecei a pensar sobre o que escrever. Se você pensar em casamento, talvez a primeira coisa que vem à mente é festa. Acho legal a associação de casamento com véu, grinalda, vestido e os deliciosos bem-casados. Mas como falar sobre casamento pra uma geração que venera a rapidez e vive em um loop infinito de mudanças, que ama miojo, fast food e que, até na música, se alimenta de refrãos monossilábicos? Como não sentir medo e – por que não, pavor – em passar o resto da vida com uma única pessoa? Que nos dê licença a poesia, mas amar uma só pessoa pelo resto da vida é assustador, você não acha?

 

É paradoxal e, ao mesmo tempo, irônico, nossa geração ter dificuldade de falar sobre algo duradouro. Afinal, nós vivemos pensando no amanhã. Aliás, talvez esse seja o epicentro de toda confusão. Relacionamentos duradouros não são aqueles que vivem com a cabeça no amanhã, mas aqueles que se entregam de corpo, alma e coração no hoje. É que o amanhã nunca existiu: é e sempre será mera especulação, imagem virtual. Mas (infelizmente) nossa geração adora esse ambiente.

 

Somos educados, ou melhor, doutrinados em acreditar que tudo aquilo que demora é ultrapassado. Mas também, pudera… Quem vai esperar consertar, num mundo em que a emenda é – sempre – muito mais cara que baixar um aplicativo “que tenha 10 mil sonetos para enviar”? Vive-se a era dos updates, do download e do descarte. Reciclagem e reutilização ainda são slogan de uma minoria naturalista, ou ONG comunitária. “Então, use até o dia em que lhe servir (ou até fazerem algo mais moderno)”. A necessidade do consumo é irrelevante. Já a necessidade de troca, inerente. Como falar sobre relacionamentos duradouros pra uma geração cuja troca é a opção mais viável? Quem vai gastar tempo tentando entender o outro se há como pesquisar pessoas por filtros e selecionar aquelas que se “encaixam” exatamente como você quer? Quem hoje vai a um encontro, sem antes dar uma bela “stalkeada” nas redes sociais? Quem liga pra… Quer dizer, em tempos de WhatsApp: Quem liga?

#DQ99 #Espalheamorporaí <3

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A você que vai chegar | #DQ98

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Ufa! Já faz um tempo que aguardamos sua chegada. Você será o marco de um novo começo. Não só para aqueles que queriam sua chegada, mas até para aqueles que sequer tocam no assunto – Sim, há aqueles que não desejam que você chegue. Mas não se sinta mal. Você é, no fundo, bem quisto por todos. É que eles têm motivos que não cabem a nós julgarmos. É como diz aquele refrão: “cada um sabe a alegria e a dor que traz no coração”. E você? Está ansioso? Já posso imaginar a correria que vai ser quando você chegar. Todo mundo com seu ritual particular, ou mesmo comemorando publicamente a dádiva de ver seu nascimento. Vamos nos abraçar e, pra ser bem sincero, contaremos até regressivamente. Você vai iluminar o céu, fazendo explodir em cores o tom monocromático da noite. Você vai fazer muita gente chorar.

É difícil ver você nascer e não lembrar as dores que tivemos durante a sua gestação – Sério. Eu cheguei a pensar que você não nasceria. Pensei que nós não sobreviveríamos a tantas complicações. Tivemos mortes prematuras e adeuses já premeditados. Conhecemos heróis anônimos e vilões desmascarados. Vimos escândalos de proporções dantescas. Mas, mesmo em meio à lama da corrupção, se ouviu, de um povo heroico, em um brado inédito e retumbante, bem na cara dos alemães, num “Maraca” lotado, a única estrela que faltava em nossa constelação. Queria dizer a você que, a partir daí, fomos só alegria. E que, pelo menos, nos gramados, as coisas voltaram a se encaixar. Lembra-se do brado? Pois é, ele também se fez um silêncio sepulcral. Nós, que há pouco éramos glória, nos tornamos luto. Levaram nossos caçulas, de forma sem precedente, mostrando que a vida é trem-bala e nós, agora, acima de tudo, somos também Chapecoense.

Eu já imagino você correndo, chegando já como se fosse de casa. Quer dizer, a casa é sua agora. Como eu havia falado, alguns queriam se prender ao passado. Mas você é o tempo e, por isso, inefável, inimitável e implacável. Vai chegar com a sensação de vida nova, página em branco, pra salvar quem está à beira de um colapso e adiantar o relógio que angustia os mais consternados. Você também vai chegar pra lembrar os mais eufóricos que a vida é vento que sopra brisa tão leve quanto finita.

 

#Feliz2017 #espalheamorporaí <3

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Ainda bem que você vive comigo | #DQ97

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Trilha: 

Sabe? Nós, românticos incuráveis, cronicamente emotivos e indiscretos, sempre à procura de um tanto muito mais de mistérios, com traços de adrenalina misturada à paixão, deveríamos ser separados ou, pelo menos, viver num mundo em que seres fleumáticos fossem apenas tema de alguma série nova do Netflix. É que a gente é míope quando o assunto é amor calmo, sereno e tranquilo. A gente sempre espera algo avassalador, que marque feito cicatriz, que nos roube o juízo e a sanidade. Que nos tire o ar, o chão, a paz. E, obviamente, digo isso no sentido positivo. É que essa coisa calma, ritmada e harmônica não parece combinar com a intensidade do que sentimos e, muito menos, com a reciprocidade que esperamos. É por isso que, se eu pudesse, criaria um lugar onde só existissem pessoas assim. Nele, somente os bastardos entrariam, somente as almas perturbadas e corações em carne viva seriam aceitos.

Mas daí, nesse mundo de tantos desencontros, incompatibilidades e amores abortados antes mesmo de nascerem, você escolheu me amar. De um jeito que eu não queria, com uma força jamais vista e uma discrição que faria o Sherlock Holmes sequer suspeitar. Um amor silencioso. Calmo como brisa suave, que não derruba nada e nem faz alarde. Só refresca e acalma o meu calor e urgência em sentir. Logo eu, que sou colossal por natureza, que faço de qualquer gota de sentimento um oceano de possibilidades, mergulhando, sem ressalvas, em qualquer razão com ou sem profundidade… Depois que você chegou, eu joguei fora as teorias sobre as quais eu tinha em sentir amor. Quem liga se você prefere um ritmo mais lento? Se a música que nos embala a vida for valsa? Ou se nossa ressaca for apenas admirar, envolvido em seus braços, um mar agitado que inveja nossa paz?

Ainda bem que você não fugiu quando teve a oportunidade. E nem se assustou quando eu quis lhe tragar de uma só vez. E eu, que antes mal sabia o que esperar depois do amanhecer, hoje tenho, na calma de um amor tranquilo, um bom motivo pra adormecer.

 

#DQ97 #espalheamorporaí <3

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Relacionamentos, publicar ou não: eis a questão | #DQ96

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O-Amor-Não-Pode-Existir-Nas-Redes-Sociais

Trilha: 

Sei que muitos dão importância para declarações públicas e, se possível, em letras garrafais. Sei que muitos fazem pedidos escandalosos, gritam no meio da rua e se atiram de paraquedas só para declarar o amor que sentem. Sei que muitos adoram a plateia e lidam muito bem com o palco, fazendo alguma serenata em show da banda favorita só para dizer algumas frases românticas e recitar algum escritor que o outro adore. Sei também que muita gente considera que quem não publica sua felicidade, não muda status, não faz do relacionamento um reality show, é porque não assumiu, de fato, a relação. Eu li diversos textos sobre isso.

Mas o que, talvez, ninguém tenha se dado conta de é que há uma infinidade de outras formas de se amar alguém. Amor pode ser grande e, ao mesmo tempo, discreto. Pode ser colossal e, ao mesmo tempo, silencioso. Por que que amor não pode ser, ter e viver de silêncio? Por que tímidos e fleumáticos não podem amar do seu jeito? Que lei foi essa que obrigou a exposição da felicidade como um termômetro da relação? Curiosamente, casais que se expõem são sempre os mais voláteis, sofrem de TPT: Tensão Pré-Término. Você consegue saber quando estão na lua de mel e quando estão na lua de fel. Indiretas, um clássico do relacionamento moderno, são sempre o primeiro indício de que as coisas não vão bem. A partir daí, as indiretas passam a ser mais diretas, até que chegam à beira do precipício. Ou eles farão um textão de reconciliação, usando alguma frase de Clarisse Lispector ou Caio F. de Abreu ou, simplesmente, postarão fotos com novas companhias, abusando de hastags com letras de desapego.

Não quero dizer que todo relacionamento público está fadado ao fracasso. Apenas que essa não é a única forma de externar o sentimento. Há diversas formas não públicas —e não menos sinceras— para declarar o seu amor. Há cartas, recados no espelho do banheiro, ou mesmo no guardanapo da pizzaria, que valeriam tanto quanto um pedido de casamento online, transmitido para todo o mundo. Há um grito alto, mas tão alto, nos sussurros ao pé do ouvido, que, talvez, você (por estar sintonizado em outra frequência) não consiga escutar. Afinal, o amor é sempre grito, até mesmo os contidos.

#DQ96 #espalheamorporaí <3

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Amor é improviso | #DQ95

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Trilha: 

https://youtu.be/3NE_TT7Xzlg

 

Eu sei que generalizar é um dos sete pecados capitais. —Não. Não é, mas deveria ser. Ainda mais quando essa generalização chega pra dizer o que é o amor. Logo o amor, que é sempre tão surpreendente mesmo em meio um oceano de clichês e de poemas já escritos. Parece que quanto mais se fala sobre amor, mais se tem algo a falar. Amor parece ser um assunto inesgotável. Há aqueles que gostam de falar do amor como se fosse um bicho selvagem, que está sempre à espreita esperando uma brecha para dar o bote. Há aqueles que falam que amor é valsa, que por sinal, é um dos únicos ritmos em que homem e mulher fazem EXATAMENTE o mesmo passo. Há aqueles que dizem que amor é chuva. Que desce dos céus sem pedir licença, que não liga se a terra está muito seca. Cai sem pestanejar, molha a todos que estiverem a seu alcance, sem ressalvas, sem distinções. Ás vezes nos lava, ás vezes nos leva.

Há também, aqueles que chamam amor de fogo que arde sem se ver, como se o amor fosse uma flâmula, invisível aos olhos humanos, mas um incêndio aos olhos do coração. Há aqueles que chamam o amor de cilada, catapulta, que põe em xeque os alicerces dos sentimentos, detonando qualquer fortaleza criado em redor das emoções. Há sim, mais outras infinitas definições. Afinal, estamos falando do sentimento mais democrático de todos. O sentimento capaz de nos expor ao ridículo, e isso ainda parecer incrível. 

Em tempos de segmentação. Formação de guetos e eternos “fla-flus”. O amor é coringa. O ás que acaba com qualquer jogo. Amor é tudo que já foi dito nos versos de Camões, Drummond ou em alguma musica do Chico. Mas se a arte ainda emociona ao falar sobre um tema que, aparentemente, muito já foi dito. Eu me convenço de que definir sobre o que seja o amor não é algo pronto, estático. Amor deve ser, e geralmente é a arte de mudar, a arte do improviso.

 

#DQ95 #espalheamorporaí <3

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O amor deixa pistas | #DQ94

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Trilha: 

Se não há amor perfeito, que dirá crimes. Todo crime tem seus deslizes. Não há um plano infalível. Creio que o amor seja a maior contravenção que o mundo já conheceu. Digo contravenção, porque nós ,egocêntricos que somos, quando amamos alguém, nos tornamos tão devotos desse amor que queremos dividir tudo com o ser amado – até aquilo que só temos no singular: a vida, por exemplo. Talvez seja porque, se amar é uma contravenção, dividir a vida com quem se ama é loucura. É contrário até às leis da Matemática. Pois parece que, quando se divide uma vida, se multiplica uma infinidade de histórias.

Mas, voltando ao cerne da questão de o amor como uma contravenção, fatalmente, ele deixaria, entre as mais variadas pistas: pegadas. Como marca indelével de corações apaixonados e corpos magnetizados, o amor espalharia pelos quatro cantos de algum lugar -que pouco importa- digitais impressas na alma.

Não adianta usar luvas, o amor é tato. Contato. Ato de se aproximar. Vedado a anonimato. O amor se releva, de fato.

E não se engane: apesar de constante contato, o amor é rato. Traiçoeiro. Vai lhe roubar na calada na noite. E você pode estar sendo vítima desse crime, sem ao menos se dar conta. Repare na forma como lembra do “infrator”. Se um sorriso se formar, quase como um reflexo involuntário, cuidado: você pode estar sendo vítima de amor. Preste atenção ao relógio.  Perceba: o tempo não é mais rápido? – Lógico. Esses infratores são mestres na arte de iludir. E ainda deixam, sabe-se lá se por crueldade ou o que seja, uma saudade descabida e ridícula, no milésimo após a partida. Não, ele não vai pra sempre. Mas sempre dói, né? Sempre vão e nos deixam na boca um sabor insaciável. E na ponta da língua, uma vontade louca de dizer: “Não vai. Fica!”.

Ah, esses criminosos!

Saqueiam nossos sentimentos, nos fazendo reféns de nossas próprias emoções. Atiram covardemente, contra nosso peito, um arsenal de sentimentos, dos mais variados calibres afetivos. Não há colete à prova de amor. Também pudera eu ser sequestrado por tais infratores!

Pudera eu ser pego, cativo, amarrado e levado a algum lugar, onde pudesse definhar e esperar a sorte de morrer de amor.

#DQ94 #espalheamorporaí <3

 

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Carta de Adeus: se eu pudesse falar

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Os humanos se acham superiores por dominar fala e escrita. Que besteira! Quem disse que um eu te amo não pode ser uma lambida? Mas, pela primeira vez, eu sinto inveja dessa habilidade. Se eu pudesse escrever, eu deixaria, pra cada pessoa que me cativou, uma carta. Deixaria pra cada pessoa que me permitiu amar, um adeus. Mas seria tão difícil que eu não conseguiria. Mas se eu pudesse falar eu diria: Obrigado!

Eu pediria calma e paciência pra entender que, se eu ou um de vocês partisse a qualquer momento, ou mesmo que eu entrasse pro Guinness Book, como o cachorro mais velho do mundo, ainda sim, seria precoce. Seria cedo demais, rápido demais e o sofrimento seria demais. Eu sei que o combinado era outro: vocês casariam, teriam filhos e eu ficaria cuidando da mamãe e do papai, mas imprevistos acontecem e, infelizmente, Deus me chamou mais cedo. Em 3 anos, a gente aprendeu a ser feliz, a não ligar pra uma casa limpa ou um carro com pelos. A gente aprendeu a compartilhar toda comida e eu aprendi que humanos podem ser amados como a gente ama. Quando cheguei nessa casa, sabia que seria feliz. E eu fui feliz. Vocês me ensinaram que a morte não é o fim, não é mesmo? Se existe paraíso até pra vocês, humanos, então, imagina como será o nosso? Deve ser bom pra cachorro! Se eu soubesse, mesmo assim, não avisaria. Se eu pudesse, ficaria mais tempo, mas a gente aproveitou bem o tempo que pertenceu um ao outro. Ou melhor, a gente continua sendo um do outro. Eu sempre estarei com vocês e vocês, comigo, lá no céu dos cachorros. Obrigado por me darem um lar, uma família, um nome. Eu nunca vou me esquecer da gente.

 

 

Com amor e muitos latidos,

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Thor Magno <3

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Mas ela não é você | #DQ93

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Trilha: 

A gente tinha tudo pra dar certo. – Tá, “TUDO” é um certo exagero! – mas tinha muito. Acha que é fácil achar alguém que prefira limonada a qualquer coisa? Acha que é fácil alguém que saiba a diferença que faz comer uma pizza em sentido horário? Acha que é fácil alguém sempre cantar a música que você está pensando só de perceber seus gestos discretos com o olhar? Acha que é fácil decorar esse ciclo de TPM e todo mês preparar um stand up diferente pra, no fim, você dizer que eu preciso continuar a escrever, porque comédia não é meu forte? Acha que é fácil abrir o Netflix e ver que nossa lista ainda está lotada de filmes? (Você ainda assiste?) Eu nem mudei a senha. Eu abandonei as séries, abandonei os filmes, a pipoca, mas não esvaziei sua gaveta. Ainda não consegui tirar suas coisas da minha casa, quanto mais da minha vida.

Era para nosso eterno ser constante e não, mais um instante, desses que se alimentam da saudade e da falta que você me faz. Você diz que a gente se perdeu pelo caminho. Sem problemas. Eu volto tudo do começo. Não me peça pra tentar outras possibilidades e conhecer novas pessoas. Eu buscaria você, nossa vida, nossa rotina em todas essas novidades.

Hoje, após muitas desculpas, resolvi sair com alguns amigos e coloquei a primeira roupa que havia no armário. Eu sei que xadrez não combina com listra, mas hoje parecia que eu estava decidido a me vestir da pior maneira possível. Quis o destino, sempre implacável, trazer alguém com seu perfume. Não! E ele vai sentar na mesma mesa que e…

– Oi, tudo bem? Sua roupa é engraçada.

Acredite se quiser, ela gostou da minha combinação de listras e xadrez. – quer dizer, “engraçada” é bom ou ruim? E o papo não sai do morno. Mas, afinal, qual é problema? Deve ser eu, quer dizer o problema é você – ou será nós? Não. O “nós” nem existe mais e, talvez, ESSE seja o problema. Ela elogiou minha combinação catastrófica (até eu sei que estava horrível!). Ela sentou ao meu lado e balbuciou os refrãos, só com os dois primeiros acordes. Ela usou uma piada com a minha série preferida. Ela tem um tique nervoso, ou melhor, “sedutoso”, em morder a ponta dos lábios sorrindo. Um sorriso alvo-rubro, que mais parece um ultimato: “ME BEIJE, VAI?”.

Ela é incrível. Mas tem aquele defeito: ela não é você.

 

#DQ93 #espalheamorporaí <3

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