AMOR, MEU LOUCO AMOR |#DQ 111

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Trilha: 

E quem tiver a coragem em dizer que amor é lógica, nunca amou ou deve ser um completo covarde. Achar que existe racionalidade no amor é triste. Que baita mentira essa dos racionais! Se vocês amam assim, do “jeito certo” que dizem falar, ou eu conheço outro amor, ou eu, mesmo velho, não aprendi a amar. Porque eu amo como um louco, varrido de qualquer sanidade. Eu amo como poucos, desprovido de qualquer amenidade. Eu, quando amo, fico cativo, feito refém do meu sentimento, fiel à lei de não se encantar por outro amor, nem mesmo por um momento. Sou leal à promessa, quase sempre trágica, de que dessa vez será bem mais tenro.

Meu louco amor não toca, fere. Arranha, vibra, maltrata. Meu louco amor ouriça a pele, semicerra olhos e a pupila, dilata. É um amor tipo caça, tipo selva, tipo chaga. Meu louco amor não tem gosto, tem sabor. Não suspira, é furor. Meu louco amor mora na rua, ou qualquer lugar que tenha uma ou duas doses de insensatez.  Meu louco amor é ferida, que abre, mesmo depois de cicatrizada. É marca indelével no peito, nos ossos, na alma. Meu louco amor escarra. Tosse e espirra, feito uma doença mórbida. Dá náuseas, febre, fraqueza, vertigem, feito peste contagiosa. Meu louco amor é mórbido. Sorrateiro. Sagaz. Meu louco amor não ama com o coração, não ama com a alma, não ama com a lógica. Meu louco amor ama com as vísceras, com pelos, com poros, com saliva.

E o que sobra de mim? Bem, que eu sabia, não é outro amor. É parte oculta, escura. Porque desconheço outro amor, diferente desse delírio que não seja você— que não seja loucura.

 

#DQ111 #Espalheamorporaí <3

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O que é a felicidade? DQ110

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Disseram-me que o amor é o caminho mais curto pra ser feliz. Durante muito tempo, achei que encontrar o amor de nossas vidas fosse um das, senão a maior, razão de nossa existência. Afinal, estamos aqui para sermos felizes. Um adendo: você, que não é uma pessoa romântica, pode trocar “encontrar o amor” por qualquer outra palavra que faça sentido pra você. A finitude da vida e as incertezas do que vêm depois da morte nos fazem criar a necessidade de dar sentido a essa passagem aqui, na Terra. Assim, procuramos pelas gavetas do universo algum par que nos complete, algo que se encaixe, algo que nos sacie a necessidade da procura.


Daí chega o dia que achamos algo. Talvez não seja exatamente o nosso número, mas a pressa de completar a missão é o calço perfeito que faltava. Andamos, desfilando para todo mundo — que ainda não encontrou nada— o quanto somos felizes e abençoados por termos completado a missão de ser feliz. Criamos uma inveja velada e taxamos de recalque, qualquer um que venha nos dizer que nossa missão não é lá tão especial assim. Há, nesse momento, um dos absurdos mais comuns que os seres humanos são capazes de cometer: a necessidade de ser alguém invejável. Por que raios iríamos querer despertar no outro um sentimento que nos fará mal? É como beber o veneno e esperar que faça efeito no outro. É o mais alto nível da ignorância, que parece pressuposto básico para ser humano.


Ficamos ali, medindo com uma balança sem fiel, as conquistas alheias, as glórias dos outros e torcendo, de forma contida, para que os fracassos sejam o lado mais pesado. “O Luís passou no vestibular, mas foi com cotas”. “A Fernanda trabalha no maior jornal do país, mas foi sorte”. “O Pedro tem um carrão do ano, mas também, não dá uma ajuda pra família”. “A Rita, coitada, acabou com a vida dela, imagina criar um filho sozinha?” “O José vive bem, mas é separado, não é feliz”. “A Francisca, essa aí… nunca vai ganhar nada, sempre foi ruim mesmo”. Parece familiar? Sim, esse é o retrato narrado do egoísmo nosso de cada dia. E se a missão fosse empatar o jogo? E se a felicidade fosse o sorriso do outro? E se a gente estivesse mais disposto em medir nossa própria vida, e não a do outro? Talvez a felicidade não seja uma conquista individual, talvez seja um estado de espírito. Não meu. Não seu, mas UNIVERSAL.

#DQ110 #espalheamorporaí <3

 

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Para ler nos dias difíceis | #DQ109

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Trilha: 

Eu deveria começar pedindo calma, mas você é do tipo que se irrita com pedido de calma e a mantém nos momentos mais absurdos. Eu sei que, nessas horas, a prudência é a última das prioridades. Tudo que a gente quer é machucar o outro pra se proteger ou usar o ataque, como forma de escudo. O mundo parece ter andado mais devagar, e você chegou ao final antes de mim. Eu devo estar pelo caminho, tropeçando e debatendo ainda com nossa antepenúltima briga. Aquela por causa do prato limpo na louça suja – ou essa foi a penúltima? – Sei lá. Nunca fui bom com datas mesmo.

 

Fique aqui, mesmo que a sua vontade seja só me esperar chegar, falar umas verdades, bater a porta e sair sem rumo. Afinal , qualquer lugar no mundo parece ser mais hóspito, parece ter mais vida do que aqui. Eu sei que você tem razão e que a gente tem resistido, por pura falta de coragem de terminar, por vergonha de admitir que caímos nas mesmas ciladas de relacionamentos passados. Eu sei que seus motivos ecoam dentro de você, como um címbalo que ressoa o tom da despedida, colocando aquela trilha sonora que faz a gente saber que o fim não está próximo. Ele já chegou.

 

Mas lembre-se de que é possível dizer mentiras só contando verdades. Porque é verdade que a gente vem mal, que a gente cambaleia e se desequilibra cada dia um pouco mais, sob a linha dos relacionamentos que estão por um fio. É verdade que a gente passeia pelo apartamento pequeno, evitando cruzar o olhar e começar uma conversa com o final já manjado. É verdade que o beijo é protocolo e que a gente conversa não por interesse, mas por educação. A única mentira dentro dessas verdades é que você, assim como eu, torce pra ler nas entrelinhas desse texto, um pedido de perdão, ainda que implícito, feito um acróstico justaposto. A verdade é que pediria se isso, de alguma forma, pudesse nos salvar.

#DQ109 #espalheamorporaí <3

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A falta vem antes de você |#DQ108

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Trilha: 

Podia começar dizendo que você faz falta, mas pus o predicado à frente pra provar que estou sujeito a ser propriedade da falta que você me faz. Tudo isso, só pra mostrar que a saudade de você é bem maior que tudo. A falta vem antes de você. A falta precede meu sofrer. A falta é tudo, o resto e nada mais. E o que me sobra consigo guardar num bolso de uma calça velha. São as minhas últimas preces. As minhas últimas palavras. O meu último adeus. É a saudade compactada dentro do meu peito – que encheria um estádio – condensada num pequeno texto repleto de reticências.

Eu vou refazer nossos melhores momentos na vã ilusão de que a vida pode ter um replay guardado, por descuido do roteirista. Vou colocar a nossa trilha e passar em frente ao seu portão, com o som ligado no máximo e um pedido de volta. Mas explicito que as lágrimas hão de escorrer. Vou lhe enviar um buquê de flores anônimo — Eu sei você detesta flores. E sei também que você vai adivinhar que sou eu. Afinal, quem mais lhe daria flores? Não me leve a mal. Essa é apenas uma provocação velada de forçar você uma reação qualquer. Ainda que seja de lamento. Qualquer coisa é melhor que seu silêncio.

A falta fez um buraco no lado esquerdo da cama. Fez sobrar o, sempre insuficiente, lençol. A falta trouxe consigo silêncio pra escrever, trouxe um usuário a menos no Netflix e várias figurantes no filme da vida. A falta que começou em você, hoje é até maior que eu. A falta me engoliu como se tudo em mim virasse saudade. A falta beijou minha boca, com requintes de crueldades. Pôs-me no colo, feito menino, e antes que eu adormecesse pra sonhar com a volta dela, me acordou pra se fazer maior, pra mostrar que o sonho contigo é ilusão. Mas a sua falta… essa sim, é real.

#DQ108 #espalheamorporaí <3

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Eu não sou o amor da sua vida |#DQ107

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Isso não é uma carta de despedida. Nem um presságio de um canastrão que está tentando sair de cena e procurando uma boa desculpa. É apenas uma constatação óbvia -e nada dramática – de que, definitivamente, não sou o amor de sua vida.

Não sou eu quem vai fazê-la pegar um avião, atravessar o Brasil pra passar o fim de semana assistindo à televisão, comendo pipoca de micro-ondas. Não sou eu quem vai fazê-la ficar de madrugada, horas a fio, trocando de posição e de ouvido, só pra jogar papo fora e ouvir minha voz. Não sou eu quem vai fazê-la chorar, porque esqueceu uma data tão importante como: “o aniversário do primeiro beijo num dia de domingo na chuva”— Não sabia que comemorava isso. Não sou eu quem vai ganhar as primeiras e, talvez únicas, cartinhas de amor com caneta colorida e papel perfumado. Não sou eu quem vai exigir sua senha de todas as redes sociais, fazer teste de fidelidade com aquele seu amigo, que você insiste em dizer que ele é apenas seu amigo e que nunca vai rolar nada entre vocês.

Não sou eu quem vai propor a você assistir a um filme no cinema, como uma desculpa pra beijá-la e… enfim, você entendeu. Não sou eu quem vai comprar uma briga, só porque um cara a chamou e deu uma cantada — Eu, certamente, faria uma piada sobre isso. Não sou eu quem vai pegar você no colo e subir as escadas; a gente se pega ali mesmo pela sala, sob o tapete e deixa essa parte de fazer força pra o que realmente importa. Não sou eu quem vai tremer na frente dos seus pais pra pedir você em namoro – e nem de longe ser o genro que sua mãe queria.

Eu vou ser aquele cara que você precisou olhar uma centena de vezes, para conseguir enxergar. O que você vai saber —até todas as limitações, porque  nem faço questão de parecer indestrutível— eu vou amar receber carinho e colo. Eu vou ser o cara que põe o cinto de segurança ,com o velocímetro marcando 20 quilômetros. Eu vou ser o cara que vai banhar na chuva e espirrar um milhão de vezes no dia seguinte. Eu sou o cara que não vai impressioná-la com um mundo inédito. Afinal, seu tempo de descoberta já vai ter passado quando a gente finalmente se conhecer. Eu não vou ser o primeiro, nem ser daqueles amores que lhe causam febre. Mas prometo ser o último romance a aquecer você.

#DQ107 #espalheamorporaí <3

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Deus me livre gostar de você |#DQ106

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Trilha: 

A gente se detesta-pelo menos é o que todo mundo diz. E sempre que alguém diz: “Eu nunca vou ficar com você”, por fim, fica. Mas sempre há a exceção que, nesse caso, prova a regra. A questão não é nem não ficar com você. A questão é gostar de você. Ficar? Até ficaria. Talvez um, dois ou, no máximo, uns cinco meses. Dia, sim, e no outro, sim. Mas gostar de você? Deus me livre disso!

Deus me livre gostar da sua barba mal feita e de seu cheiro de sabonete barato. Deus me livre gostar da sua mania de mandar áudio, explicando coisas banais, com aquele tom sedutor que só gente teimosa sabe fazer– Na verdade, você fala assim com todo mundo. Daí, a gente fica na dúvida mesmo se é natural, ou se é parte de um plano maior – que Deus me livre ser vítima!
Deus me livre, hipoteticamente, marcar um jantar com você na terça e um jantar no sábado e esses oito dias – Eu falei , oito? – Calma, não é dezoito? – Droga, são quatro dias. Eternos, diria. Alguém importante vai morrer, vai decretar luto na sexta. E de lá vai pra domingo. Isso sempre acontece comigo. Deveria marcar domingo. Domingo ninguém morre. Domingo é o dia que todo encontro dá certo. Mas domingo não é dia de sair de casa. Todo mundo espera uma coisa de um sábado à noite, mas domingo? Só alguém desesperada. O que certamente não é o meu caso.

Deus me livre gostar de sua falta de etiqueta, travestida de simplicidade e dessas piadas bregas, que tanto o fazem sorrir. Ainda que, porventura, eu decore uma ou outra, porque (admito!) o som da sua gargalhada exagerada é uma delícia. Por falar em exagero, você adora as extremidades.

É um estar perto que afoga, feito um mar que me engole e me cospe na ressaca. É um estar longe que sufoca, feito o efeito do ar, quando se está longe do mar. É rarefeito ou efeito raro? Deus me livre da sua falta de tato com sentimentos e da sua inteligência excitantemente insuportável em qualquer discussão. Você e essa necessidade de saber tudo, ser tudo. Deus me livre… disso tudo?

#DQ106 #Espalheamorporaí <3

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Eu, você e a saudade que não me faz voltar |#DQ105

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Hoje completamos alguma data importante. Não lembro muito bem, ou finjo não lembrar. Mas deve ser importante – talvez seja o dia que a gente (você ) decidiu que não seguiria mais junto. Será? Parece que faz uns 286 dias que não o vejo, quer dizer, eu estou apenas chutando… Afinal, eu nem fico pensando muito naquele 19 de setembro, às 20h, quando você me beijou na testa e falou que não dava mais pra continuar.

Você começou com aqueles clichês desnecessários e as desculpas mais idiotas que a humanidade já ouviu. Lembra? Você pôs a culpa toda em você. Pôs-me num altar, num baluarte e explicou que eu poderia seguir muito melhor sozinha. Fez daquela conversa um alívio pra consciência que, pesava muito, mas não mais que seus motivos pra me deixar. Se existisse um Oscar de pior término de relacionamento, você deveria se candidatar. Eu até concordo que é cruel e, ao mesmo tempo, absurda a ideia de terminar um relacionamento, deixando possibilidades para depois. Mas não deixar sequer um pouco de saudade? Morrer dentro de alguém é terrível.

Eu li sua mensagem, falando que sentiu saudades. E eu não demorei porque quis fazer joguinho – detesto isso, você sabe. Mas, realmente, eu não sabia como responder. Eu até me lembro do nosso começo. Das vezes que a gente se enganou junto e achou que seria pra valer. Dos momentos bons que até as relações ruins conseguem ter. Mas a verdade é que não tenho saudades. Não essa que faz a gente querer voltar, querer responder imediatamente ou mesmo ficar feliz só por receber uma mensagem. Talvez minha saudade seja um mero formalismo sentimental. Desses que a gente sente por causa de etiqueta, ou mesmo por educação. Deve ser errado não ter nada pra sentir falta, mas para um relacionamento que agoniza, a morte é sorte ou, no mínimo, salvação.

#DQ105 #espalheamorporaí <3

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Você, meu amor platônico |#DQ104

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Eu pareço parada, pairando sob suas dúvidas, sobre minhas súplicas e todas aquelas desculpas que eu já sei de cor. Vai, invente que teve um contratempo pelo meio do caminho e ponha culpa na distância pra não me ver hoje. Diga que o pneu furou, que o trânsito travou, que esqueceu o celular e não teve como me avisar. Invente que ontem foi aniversário da sua tia-avó, que morava no interior, mas veio só pra passar o dia com você. Vai, me encha com desculpas que o tiram da culpa, por não corresponder às minhas súplicas para ter você aqui de novo.

Que saudade é essa que me trai? Que me faz ver você em cada canção, mesmo aquelas que falam de sentimentos fugazes? Que coração masoquista é esse? Que se deixa ferir em cada mensagem não visualizada, ou em cada ligação pra caixa postal? Que orgulho é esse que cessa imediatamente ao ver você mudar de “disponível” para “digitando”? Ah, a propósito, é de prepósito? Que sentimento é esse que me faz querer pertencer, com uma força que jamais quis, com a intensidade que jamais vi, algo que jamais tive? Eu, logo eu, que sempre quis um pouco mais do que me oferecem, fico à mercê de quem nunca me deu nada, por que raios isso parece que basta? Por que parece que esperar sua atenção é melhor que ser bajulada por quem põe a bandeja: corpo, alma e coração?

E se essas perguntas fossem respondidas? Talvez eu tivesse um pouco menos de dúvida. Mas não ter dúvida, nesse caso, é não ter fé no amanhã. É não ter, ainda que ínfima, a possibilidade de ter você num lapso de descuido do destino. Eu insisto. Eu persisto. É vã a espera dos amores platônicos. Desses que beiram ao escárnio e ultrapassam o limite de ser ridículo. Mas o que nos resta além de esperar? Eu sei, é irônico. Eu darei a você o tempo que me roubou, enquanto cativa estiver por sua atenção e mendiga por seu amor. E você? Nem precisa se preocupar em ser recíproco a esse sentimento ridículo. Afinal, para alguns amores, não há clemência, não há prece: só precipício.

#DQ104 #espalheamorporaí

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QUASE AMORES QUASE EXISTEM | #DQ103

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Trilha:

“Quase amor” é o “e se” que fica em toda relação que termina. É frustrante QUASE amar. Ser QUASE eterno. QUASE achar o amor da sua vida – mesmo que você tenha sido, durante algum tempo, totalmente feliz. Porque a linha que separa o que é “quase” do que é “total” é muito tênue. Quem pode nos garantir que o que estamos vivendo é o fim da procura ou mais um QUASE que a vida nos dará?

Pra falar a verdade, é uma tremenda injustiça achar que QUASE amores não existem ou são menos importantes, desnecessários. Eles podem até ser desvios. E, em alguns casos raros de sorte, se tornar atalhos que nos levarão ao nosso destino final. Quando falo “destino”, não quero que interprete isso como sendo alguma teoria cabalística, de encontro kármico que, se você não viver sua vida, estará incompleto. O destino é uma consequência dos seus atos, erros, acertos – e por que não? – os “quase” que todos nós merecemos ter.

Alguns quase amores são tão bons, que você não precisa apagá-los da agenda do telefone. Na verdade, você até pode trocar normalmente mensagens, sem que isso tenha alguma música de fossa ao fundo e alguém machucado do outro lado da linha. Você pode, de vez em quando, ter um bom conselho, uma amizade e uma história regada com carinho e sem nenhum ressentimento. Os quase amores podem ser páginas , capítulos ou uma frase qualquer do livro da sua vida, que pode até não ser a melhor parte, mas será extremamente necessária pro enredo e pro desfecho. Quase amores, podem ser uma história pra você reler, se permitir sentir saudades e sorrir de alma leve, agradecendo a Deus por tudo que você viveu. Porque, cá entre nós, a intensidade de quase amores e dos amores completos é tão relativa que, às vezes, é até melhor mesmo ser apenas “quase”.

 

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A gente (quase) deu certo |#DQ102

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Trilha: 

Às vezes, eu me distraio e fico me lembrando de como éramos imprudentes e espontâneos. O quão natural era rir sem ter um motivo específico – só pelo fato de você estar ali. Lembro-me de como o tudo soprava ao nosso favor. De como a vida nos queria bem. De como a gente não tinha noção de quanta sorte a gente tinha por estar vivendo tudo aquilo. Eu me lembro da sua cara de sono e do quão gostoso era o timbre, ainda rouco de sua voz. Lembro-me de como a vida parecia fazer sentido com tão pouco. Lembro-me de como a gente não era refém da velocidade e efemeridade dos dias comuns, mas não nos negávamos à adrenalina que viagens não programadas nos traziam.

Estou ouvindo aquela canção, que tocou na primeira vez que a gente se fez juras insupríveis, com sussurros indizíveis, de frente para o mar. O mar, sempre o mar, foi testemunha de nossos melhores feitos e sinfonia de nossas maiores promessas. Nós éramos ligados ao mar. Você dizia que ele parecia com a gente, com essa paz barulhenta e essa calmaria imprudente, feito poema de Camões – um contentamento descontente.

Era fácil topar qualquer parada. Você e esse jeito de pedir o mundo, como se isso não me fosse custar nada. Nossa! Isso é terrivelmente irresistível, você sabe. A segurança que vinha do seu olhar chocava com minha incredulidade e quebrava qualquer dúvida que eu poderia ter. Mas a gente foi se perdendo na habitualidade do caminho. Na certeza da volta. Na rotina do amor. A gente podia ter se amado menos, se permitido menos. Ter feito saudade, não por birra, mas por necessidade. A gente devia ter escapado entre as frechas que abriram, enquanto nos fechamos em nosso mundo. Era óbvio que nós, amantes das jornadas, nos fartaríamos de nós mesmos em algum momento. Que você se perderia, ou melhor, se deixaria perder pelo caminho já conhecido. Eu entendo você. Não a culpo por isso. Eu mesmo já quis sumir por uns dias. Eu fui a ingenuidade dos amores eufóricos. E você, a displicência dos relacionamentos eternos.

#DQ102 #espalheamorporaí

 

 

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