Não é o durante que importa? | Dose de Quinta
Trilha:
Uma leitora do DQ me fez o desafio de falar sobre a melhor fase do relacionamento: a fase da conquista. Quem me conhece, sabe que se há algo de que eu gosto nessa vida, depois de limonada, é de desafio. Então, após ser desafiado, comecei a escrever o que seria “o melhor texto do DQ”. Tentei criar um texto com muitas borboletas no estômago, inúmeras surpresas e com a impaciência que só os apaixonados sentem, ao ver que a mensagem já foi visualizada há 3 minutos e, até agora, nenhuma resposta dela. (“Será que falei besteira?”). Queria rechear o texto com as dúvidas que toda paixão nos traz. Você começa a questionar tudo. Sabe por quê? Porque parece que NADA, absolutamente nada do que fizer vai ser suficiente. Você não se contenta em fazer nada MENOS QUE EXTRAORDINÁRIO pra quem você quer conquistar. Foi aí que eu fui invadido por uma dúvida. Por que essa é a melhor parte? Não deveria ser.
A fase da conquista é ótima, mas não é o durante que importa? É o durante que dá vida ao pra sempre. Todo relacionamento dá certo – até acabar. Às vezes, nem acaba o amor, acaba só a fase da conquista. Você, que antes nem conseguia chamá-la pelo nome (pois todo dia era sempre um apelidinho carinhoso diferente), hoje, sequer a procura? Foi aí que eu entendi que as pessoas superestimam a fase da conquista por ela ser carregada de incertezas. O ser humano gosta desse sentimento de desbravamento de um novo mundo. Toda mulher é um universo particular e peculiar de nuances, que, cá entre nós, faz uma combinação quase fatal com cabelo preso e sorriso solto. Não é à toa que grandes expedições eram romantizadas em poemas épicos: “navegar é preciso, viver não é preciso”. As grandes expedições sempre seduziam pela descoberta do novo, negligenciando todo e qualquer risco (tal como aquele da terra realmente ser quadrada e, no fim, caírem em um abismo nas terras do além-mar). Eles queriam provar o novo, independente do preço que fosse pago por isso – quiçá com a própria vida. Dizer que navegar é preciso e viver não é preciso é a síntese dos casais que se perdem após chegar à terra firme. São, dessa forma, parceiros de descobertas e não, de vida. Tom Hanks, ao interpretar Chuck Noland, no filme “O náufrago”, arriscou a própria vida por Wilson. Será que ele teria a mesma atitude se estivessem em terra firme? Ou Wilson seria chutado da vida dele?
Ei, cara, vai querer perder essa mulher, que você fez tanta força pra conseguir conquistar, assim, tão fácil? Tudo bem que chega uma fase em que fazer coisas inéditas é uma missão quase impossível. Mas quem disse que precisa ser inédito pra ser especial? Repetir os presentes e declarações do começo é uma forma especial de mostrar que tudo aquilo, que parecia incerto e precipitado no começo, se eternizou. Por que você tira fotos? Pra se lembrar dos momentos que você jamais deveria se esquecer, né? Então, confie em mim. O amor tem dessa magia: ser inédito até na rotina.
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