E se o amor fosse um corpo/ #DQ136
Há uma sensação de completude quando se está amando. É como se todo seu corpo estivesse feliz. Você sente cada célula mais disposta. É como se cada milímetro dele estivesse trabalhando em sua melhor performance. Que seria de um corpo sem esqueleto? Que seria do amor sem confiança? A confiança é o esqueleto do amor. É ela quem vai sustentar cada centímetro quadrado dele. É ela quem vai dar formas e curvas. Quanto mais sólida estiver sua confiança, mais forte será o seu sentimento.
O que seriam dos corpos se não fossem as pernas? Você se manteria estático e, por mais saudável que fossem seus ossos (lê-se confiança), sem exercícios, fatalmente, teriam a mesma rigidez de um vidro, afinal são elas que te levarão a lugares inéditos. São elas que permitem acelerar e diminuir o ritmo da caminhada, ou ainda permitem andar de mãos dadas e correr dos perigos que, porventura, vier a se deparar. Assim é com o amor. Ele precisa de paixão pra se exercitar. É preciso uma dose de adrenalina correndo pelas veias. É preciso um pouco de medo. De mãos geladas. De corações em ritmos frenéticos. É preciso um pouco de loucura no paraíso — até mesmo pra paz não se transformar em monotonia.
O que seriam dos corpos se não tivéssemos braços? Até poderiam se locomover, chegar aonde quisessem, no ritmo que bem entendessem, mas, se conectarem? Seria possível? São mãos e braços que nos permitem fazer laços. Amarram-nos às pessoas e, por algumas frações de segundos, viramos um. Abraços aquecem, permitem-nos conectar, encaixar. Eu diria que, no amor, isso é o que chamamos de carinho. Já viu alguém amar sem carinho? Não. Amor é contato. É abraço. É a conexão que permite dois serem um.
É obvio que, assim como o corpo, o amor precisa de muito mais. Você pode sim viver sem os braços ou pernas. Alguns até vivem sem os dois. Certamente, será uma empreitada mais difícil, mas há tanta gente que consegue se superar e, às vezes, fazer coisas que jamais tentou quando tinham todos os membros, não é mesmo? O que não pode faltar mesmo é a confiança. Ela sustenta tudo. Mas se, por acaso, ela for quebrada, não se desespere. Ninguém condena um corpo por alguns ossos quebrados. Você mesmo não desistiria da vida se quebrasse o fêmur. Existe algo chamado cartilagem, mais flexível que os ossos. É ela quem vai moldar seu crescimento. É quem precisa estar presente em todos os ossos e membros de seu corpo. Ela vai amortecer os impactos e suavizar as quedas. Quando a resistência de um osso é colocada à prova, ela entra em ação. Cartilagem é o perdão. É o que todo amor, seja lá qual tipo, precisa. Então, sem cartilagem, não existe nada. Tudo desmorona — até mesmo o amor.
#DQ136#Espalheamorporaí<3