Vai me deixar entrar ou não?
Já conheceu alguém diferente de você? Tipo muuuuito mesmo, como se todos seus gostos estivessem sempre na contramão dessa pessoa?
Oi, tudo bom? Você é de onde? Qual seu filme favorito? Gosta mais de doce ou salgado? Gosta de animais? Qual seu livro favorito? Como assim, não gosta de Los Hermanos? Nunca assistiu Sherlock Holmes? Nem House? Aah, limonada é bem melhor… Essas poderiam ser algumas das minhas tentativas de entrar em algum assunto que eu ACHO que domino. Daí, você não gosta do que eu tento mostrar e prefere ignorar uma oportunidade de conhecer algo novo. Eu sei que, às vezes, algumas novidades assustam e são pouco convidativas. Eu mesmo, apesar de detestar rotina, sempre crio vínculos com minhas coisas, que dirá com pessoas. Meu pen drive é prova disso, nele têm várias musicas que não ouço mais, mas que não tenho coragem de apagar. É que de alguma forma deixá-las ali me faz bem. É estranho, eu sei, mas eu sou assim… Foi em um papo com amigos que percebi que essa mania não é só minha, pelo contrário, apagar músicas que já foram ouvidas no último volume possível e repetidas inúmeras vezes pode ser uma das tarefas mais complicadas do dia-a-dia.
Eu comecei o texto falando das minhas preferências e da forma como eu me apresentaria para alguém. Talvez essa não seja suficiente pra te chamar atenção, mas e daí? Quantas vezes não deixamos passar por nossas vidas pessoas que nos trariam um mundo totalmente novo só por medo ou preconceito com essa novidade? Ninguém é obrigado a mudar – não leia isso com um tom professoral. Não, absolutamente. Leia isso como um convite. E se eu chegasse antes de você assistir Grey’s Anatomy e se apaixonar pela série? Talvez se eu te apresentasse House primeiro você gostaria mais. Se eu te dissesse que Los Hermanos é muito mais ALÉM DO QUE SE VÊ? Que ANNA JULIA nem é a melhor música deles? Você poderia me deixar tentar te convencer que em vez de entrar ao som da tradicional marcha nupcial seria bem mais legal tocar ÚLTIMO ROMANCE né? Não, não estamos competindo pra saber quem tem o melhor gosto musical. Cá entre nós, eu nunca fui ASSIM MUITO DE GANHAR… É só uma reflexão. Para se dar conta que algumas pessoas estão passando diante de nossos olhos e que, talvez, estamos tratando como passageiro algo que poderia se tornar eterno, só por causa dessa nossa mania de ficar atado às nossas preferências.
Enquanto isso, alguém especial passa, fica, insiste, mas a gente nem se dá conta.
Quem sabe se você me deixar entrar ou me der à chance de te mostrar que existe um mundo novo, tão belo quanto o seu, a gente dê certo? Ou então, não seria muito melhor construir um mundo paralelo, sem perder o que já temos e construindo um todo nosso? Não, nem estou falando das concessões que estar em um relacionamento exige. É algo nosso mesmo, sabe? Tão nosso que seja impossível de dizer quem trouxe o quê. É uma proposta arriscada, eu sei, mas o risco é a aposta que a vida cobra pela chance de ser feliz.