O que esperar dos finais? | #DQ82

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Trilha: 

 

Se, no começo, a gente espera sentir aquela ebulição toda de sentimentos (e, quando finalmente sente, parece até doente, sentir febre e quase enlouquecer quando o sentimento passa a ser real) o que esperar dos finais? O que esperar de um fim? Apenas um fim?

Se definir o início das coisas é misterioso, reconhecer términos é algo tenebroso. Ninguém se prepara pro fim. Ninguém se prepara para o fechar de cortinas. Ninguém se prepara para o baixar das luzes, o fim do espetáculo. Finais são como morte. Súbitos, sorrateiros, sujos. Sim, sujos. Podemos até viver com dignidade, mas morrer? JAMAIS. A morte é indigna. É a contravenção da natureza. Não faz parte do ciclo. É o fim do ciclo. Acabar dignamente é uma das mentiras necessárias que usamos para poder seguir em frente.

Nove meses é o tempo que, geralmente, contamos para o nascimento de uma nova vida. Percebem? Conseguimos enxergar começos. Conseguimos acompanhar. E, em alguns casos, prevê-los. Mas e o fim? O fim, não. O fim, a gente só espera, porque ele é certo, mas ninguém ousaria cravar com exatidão quando algo deixará de existir. Nas relações amorosas, não é diferente. Finais, mesmo aqueles programados, não deixam de ser súbitos. Você pode ensaiar quantas vezes quiser. Mas, ainda sim, sairá com a sensação de que tudo acabou “do nada”, mesmo que, mais tarde, consiga ver os reais motivos.

Apesar do Google ter resposta pra tudo e, numa busca rápida, você conseguir listas com sinais de que o fim está próximo,  na real, nada disso fará sentido. Não vai ser porque faltam elogios, sexo, conversas, declarações, ciúmes e tantas outras coisas (que costumam aparecer nessas listas) que tudo vai acabar. Pode ser que sim, pode ser que não. Pode acabar, mesmo que tenha tudo isso e mais um pouco. Pode continuar, mesmo não tendo nada disso. Na vida real não há trailer. Não há letrinhas dos créditos, avisando que acabou. Não há o clássico “The End”, imortalizado no cinema mudo. Não há uma trilha sonora pra falar que chegou ao fim. Não temos nada que simbolize o final das coisas. Elas simplesmente acabam – às vezes, da mesma forma que começam.

Por muito tempo, eu esperei sinais para começar e terminar as coisas. Esperei os avisos que o universo dá quando é provocado. É baboseira. É em vão. Não existem sinais, avisos, ou qualquer outra comunicação. A vida acontece no piscar de olhos. Sim, ela verdadeiramente acontece entre o começo que a gente não espera e o fim que a gente não sabe.

#DQ82 #Espalheamorporaí <3

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