Trilha:
Roberto Carlos, no apogeu de suas mais belas canções, disse: “das lembranças que eu guardo na vida, você é a saudade que eu gosto de ter. Só assim, sinto você bem perto de mim, outra vez”. Ele fala de uma saudade boa de guardar. De uma falta muito peculiar e (por que não?) rara? É a falta que preenche, é o vazio que ecoa – mas nesse caso, algo bom. Falar do sentimento alheio é bem difícil, ainda mais quando esse sentimento é a saudade. Saudade é desses sentimentos que só parecem fazer sentido pra quem sente. O causador de saudade, às vezes, sequer sabe que, pra alguém, ele é saudade. E, talvez, ele esteja do outro lado sentindo saudade de outro alguém, que, por sua vez, sente saudade de outro alguém. E nessa ciranda, que mais parece uma de adaptação da Quadrilha, de Drummond, a gente segue, ora sentindo, ora fazendo saudade.
Das mais variadas sensações que você experimentará, nos mais variados papéis que você tiver que interpretar no palco da vida, ser a saudade alheia é uma das coisas que você nem sequer se dará conta de que foi. Ser a saudade de alguém é ser uma companhia invisível: é morar nos porões mais escuros e íntimos de alguém. É ocupar um espaço enorme. Porque saudade é da casta dos sentimentos que não existem em porção menor. Ela é sempre muita. Saudade não é pouca – nem rasa. Saudade é profunda e afunda o peito em dor aguda. Veja que louco: você, que por vezes, se sentiu sozinho e cigano em sua própria vida, nem imagina que é companhia constante num coração alheio.
Ah, quem nos dera (ao menos uma vez) pegar carona nessa saudade e visitar um lugar onde a presença é uma dádiva – e até sua ausência faz bem! Ser a saudade de alguém é um sentimento que ninguém percebe, mas todo mundo já viveu ou ainda vai viver.
A saudade, um dia, passa. E a falta, um dia, cessa. E você? Bem, você não saberá sequer que foi a saudade de alguém. Que foi desejado a ponto de arder o peito. Que teve milhares de declarações escritas e mensagens não enviadas. Que foi o primeiro e último pensamento de alguém por vários dias- e, quem sabe, ainda é. Você foi protagonista de vários capítulos e objeto de análise na terapia de alguém. Você já foi tema de desabafo. Você já teve músicas dedicadas e poemas escritos. Você foi o motivo daquela leitura que fala sobre saudade, daquele filme que não tem final feliz. Você foi, um dia, durante algum espaço de tempo, uma saudade guardada, um sentimento protegido dentro de um coração que não soube dizer a você o que sente.
#DQ61 #espalheamorporaí #Faltam9dias
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