TRILHA:
Toda relação é uma troca de interesses. Ninguém fica com ninguém à toa. Se, por acaso, você está com alguém e está pensando que não é por interesse, sinto lhe dizer que está redondamente enganado. Pode não ser um interesse material, estético, emocional ou espiritual. Mas há. Ou, pelo menos, precisa haver algum tipo de interesse – nem que seja o pior de todos: O MEDO DE FICAR SÓ. Essa troca de interesse é, na maioria das vezes, algo saudável. Assim, a felicidade de uma relação e, consequentemente, a sua longevidade estão intimamente ligadas à razão entre realidade e expectativa. Você se sentirá feliz à medida que sua realidade for maior ou igual à expectativa criada. Essa troca de interesses, se fosse entendida pela lógica mercantilista, é o que define o lucro e o prejuízo. Ninguém quer sustentar uma relação que gere prejuízo no seu balanço emocional. Os esforços despendidos e todo o custo, (lê-se: “sacrifícios”) que uma relação requer, nada mais é do que uma expectativa de lucro pro futuro.
Já dizia o velho dito popular: “sorte no jogo e azar no amor”. O amor segue uma lógica diferente da bolsa de valores. O lucro de uma relação está muito mais ligado ao que você pode dar do que aquilo que você pode ganhar. Enquanto o mercado se baseia em usufruir de um esforço (até que isso gere um ativo e, por conseguinte, um lucro), o AMOR CRESCE COM OS ESFORÇOS, ainda que esses gerem prejuízos momentâneos. O amor se autoperpetua em sua natureza infinita. A lógica de mercado, na contramão do amor, diz que: “as relações devem durar até quando não houver mais indicadores plausíveis de lucratividade”. Assim, essas relações, apesar de não possuírem um contrato definido, expressam o seu fim. Há, portanto, implicitamente, um prazo de validade. Em alguns casos, romantizados, através de poemas, como do saudoso Vinícius de Moraes: “que seja eterno enquanto dure”. Ou seja, até que eu tenha benefícios ou expectativas futuras, “o amor perdura”.
Em suma e ainda de posse da amálgama das relações comerciais e afetivas, chego à conclusão de que o amor é, ou deveria ser UM CHEQUE EM BRANCO. Temos o costume de guardar no banco aquilo que nos é de grande valia. O que diríamos, então, acerca dos sentimentos que carregamos? A questão é que agimos da mesma forma, tanto nas relações comerciais como nas afetivas. Não doamos nada. Apenas guardamos os sentimentos. E, assim como qualquer outro negócio, continuamos a procurar um banco (lê-se: “alguém”) que ofereça condições mais rentáveis. Amar alguém não pode e nem deve ser encarado como um contrato. É, por sua vez, como assinar um cheque em branco. Confiar ao outro seus sentimentos e não, fazer deles um leilão. Confiar, não responsabilizar. Há uma diferença substancial entre essas duas ações. O exercício da confiança traz bons ventos soprando. Coragem para continuar. Já o de responsabilizar o outro deságua no cárcere. Na dependência. Aprisiona. Faz de refém o sentimento mais libertador que nós humanos somos capazes de sentir. Sim, ele mesmo. O amor.
Créditos imagem: Alexandre Reis.
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