Trilha:
Eu não uso mais aparelho. Meu cabelo mudou de cor três vezes. Agora, sei que vinho e cerveja não são lá muito amigos. Se alguém me dissesse naquela época que eu poderia ser feliz sem você, que um dia você iria esperar eu me virar para o outro lado da cama para vestir as calças e ir embora, eu não mudaria de lado. Permaneceria abraçada, enlaçada, só pra você ter que ficar. Na verdade, eu diria que isso seria a maior insanidade que eu já ouvi na vida. Afinal, a gente se prometeu que seria para sempre, né? Mas quem diria?
Quem diria que, como se não bastassem as lembranças que a gente não escolhe ter, o Facebook, agora, desse para me lembrar de quando era você o motivo de declarações piegas e emoticons exagerados? Que era você o primeiro bom dia que eu lia? Que nossa maior briga era para saber quem desligaria o telefone primeiro ou diria eu te amo por último? Nós éramos bobos, ambiciosos e irresponsáveis. Se tivessem inventado uma escala Richter nesse aspecto, estaríamos classificados em uns 10 pontos de magnitude. O PIOR melhor casal do mundo – não me pergunte de qual mundo. Talvez só do nosso, mas o que isso importa?
Hoje eu abri o Facebook. Fazia tempo que eu sequer olhava alguma foto sua. Apesar de não tê-la excluído, desativei todas as suas notificações. Então, hoje, logo hoje, como se não bastasse ser seu aniversário, o Facebook vem me lembrar da época em que esse dia era nosso “FERIADO MUNDIAL”. A gente sempre brincava com todos ao redor. Perguntávamos ao garçom, flanelinha, porteiro: “como vocês podem trabalhar nesse dia?” ou “como vocês podem agir normalmente?”. Eu sei que isso é o suprassumo da idiotice, mas que estupidez deliciosa essa de amar como idiota!
Então, nossa foto do piquenique no meio de um parque deserto apareceu, sem tempo de eu olhar para outra coisa, bem estampado em minha timeline: nosso último feriado juntos. Nossa, como éramos felizes! DROGA! Olhar isso é como uma piada sarcástica, sem graça, que a vida faz com a gente. O tempo muda tudo e percebo o quão frágil são esses “nós” que, hoje, parecem estar tão firmes. Nós mudamos, desatamos, e minha cabeça briga com meu coração para saber quem vai assumir o controle daqui pra frente. Quem diria que a gente mudaria para longe um do outro? Quem diria que durasse tão pouco? Quem diria que essa cama em pleno verão se tornasse tão fria? Quem diria? Quem diria?
#ESPALHEAMORPORAÍ #DQ200