Trilha:
Lá está ela, concentrada em qualquer coisa que não seja você. Todas dão aquela atenção a que você está acostumado, menos ela. Você se aproxima e joga o jogo que domina. Mas ela sabe de cor cada passo e desarma cada tentativa, sem qualquer embaraço. Você se sente desafiado, elogia os olhos e o cabelo dela, usando todo seu charme pra quebrar o gelo. Ela sorri, mas não derrete: é só um vacilo que não compromete seu coração que é iceberg.
O tempo passa. Ela disfarça. No fundo, ela queria pedir seu número. Mas, um dia, também lhe roubaram o ar e, no começo, foi a melhor sensação do mundo. Estar ofegante, com o coração acelerado, só em passar alguns momentos lado a lado, é, sem dúvidas, uma das sensações mais ridiculamente gostosas que a paixão pode nos trazer. E quando ela desejou algo menos intenso não significou que queria perder a adrenalina. Só queria um pouco de silêncio entre beijos alucinantes e noites ofegantes. Ela queria um par que valseasse e que conseguisse desacelerar o ritmo, só pra ver a chuva cair e banhar as flores. Só não contava que uma chuva fina virasse tempestade e trouxesse as mesmas dores que, um dia, jurou não mais sentir. Não contava que o ar, que dantes era uma falta deliciosa, fossem hoje soluços de noites tortuosas.
Então, não é frio, nem medo: é prudência. E, se um dia, você sumir com uma desculpa que só vai ali, se ela descongelar o coração e, assim como água, você deixar escorrer pelas mãos, ela terá medo de perguntar a você que horas já são, porque, talvez, já seja hora de ir. Ela nunca pediu que você insistisse, mas ela já torce pra você continuar. Mas só insista em derreter um coração gelado, se a sua intenção é mantê-lo aquecido. Não o faça por desafio, ou pra querer provar pra você que é capaz. Não a faça desacreditar de vez no amor.
#DQ185 #ESPALHEAMORPORAÍ