COMO NASCEU A PAIXÃO? | DQ 159

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Trilha: 

Num dado momento, antes dos sentimentos descerem à Terra, eles habitavam corpos multidimensionais. Vagando pelo infinito do universo, cada um possuía uma polaridade e, pelo menos ali, as leis da Física sobre atração dos corpos se aplicavam sem qualquer impedimento. Amor e ódio viviam se chocando, não por querer, mas por serem de polos tão opostos que a atração era instantânea. Bastava o Amor passar a poucas léguas de onde o ódio estivesse que…. “BOOM”! Chocavam-se violentamente.

O Amor, cansado desse encontro kármico e perigoso, precisava urgente de umas férias. Escondeu-se nos lugares nunca habitados nem por seres superiores. Mas bastou vacilar um instante e jaz… o Ódio o encontrou. Então, o Amor pensou… pensou… até que teve uma ideia ingenuamente perfeita. Resolveu criar um alter ego, mas que tivesse uma polaridade (Lê-se: força) tão grande quanto ele? O Amor precisava de algo forte, intenso, que, num primeiro momento, fosse confundido com ele. Algo que pudesse atrair o ódio e, finalmente, estivesse livre dos encontros tempestuosos que o ódio provocava. É óbvio que não poderia dar certo. Afinal, sobrava altruísmo, mas faltava malícia.

Após alguns milhares de anos de pesquisa e testes, finalmente, o amor conseguiu um alter ego perfeito. Ao terminar sua criação, o Amor quase não acreditou. Criou algo tão idêntico que parecia que estava diante de um espelho. É claro que a criatura não era tão completa quanto o criador, mas pra um alter ego, estava perfeito. Assim, o Amor explicou à sua criação qual seria a missão: encenar fugas, para despistar o Ódio e se passar por ele. Em troca, além da existência, a criatura teria garantidos momentos de êxtase, uma espécie de Santo Graal dos sentimentos. Trato selado. O Amor batizou sua criatura de Paixão.

Tudo ocorria bem. O Amor andava livre dos encontros: a Paixão, vivendo numa ladeira infinita de emoções, e o Ódio, enganado. Até que um dia, a Paixão cansou de ser o que era e resolveu ser Amor. Passou a andar de mãos dadas com o Ódio e parou de encenar fugas. Paixão estava decidida a mentir para todos, e não mais só para o Ódio. Os outros sentimentos estranharam as novas atitudes de “Amor”, e a convivência ficara insuportável, até que se distanciaram completamente dele. A Paixão sequer fez questão e os substituiu, mais rápido que imediatamente, por novos amigos.

Enquanto isso, o Amor descansava pleno, sem saber o que acontecia, até que resolveu voltar. Logo na chegada, o Amor foi ignorado por todos seus amigos mais próximos. Confuso, investigou e descobriu o golpe que sofreu. Tentou, por diversas vezes, desmascarar o impostor. Em vão. Faltava malícia para bolar algum plano que pudesse revelar a verdadeira identidade da Paixão. Desesperado e envergonhado do que fez, o Amor suplicou ao ser superior a tudo, o Tempo. Afinal, não havia nada que resistisse a ele. O Tempo já sabia de tudo que estava acontecendo, mas lamentou profundamente não poder fazer nada. O Tempo não poderia antecipar um milésimo. Do contrário, tudo entraria em colapso. Mas pediu ao Amor que fosse paciente e, com um sorriso no rosto, advertiu -o: “Eu nunca vi, até hoje, desde a eternidade, Amor querer tirar férias”.

 

#DQ159 #Espalheamorporaí <3

 

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