Trilha:
Há aquele dito popular que diz: “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. E que lástima isso ser dito logo pra nós, os indesistíveis!
Molhamos as pedras em nosso caminho, na vã esperança de abrir-se uma fenda e, por ali, passarmos com todo nosso, sempre abissal, sentimento. Maldita insistência que nos faz querer paixões homéricas, com aquele drama que só Shakespeare saberia escrever! Assim, seguimos no limbo, buscando sempre o caminho mais difícil. Pedras, relevo e depressão parecem ser mais confortáveis do que correr por um lugar plano e sem qualquer obstáculo.
Parece que, para nós, insistir é uma etapa da conquista. E, claro, não pegaríamos um atalho qualquer, sem passar pela fase da conquista. E logo da conquista: fase mais deliciosa de um relacionamento. É ali, nessa fase, que beijos são dados primeiro na mente, depois nos lábios. E que qualquer sinal de toque é erupção. Seguimos insistindo e, o que é pior, toda negativa é interpretada como um passo à frente. Nós e o velho encanto pelo proibido, que nesse caso, nem é proibido – somente impossível. Mas quem de nós saberia distinguir? Afinal, quanto mais próximo de algo estiver, menos se consegue ver.
A verdade é que minha insistência não o faz melhor. O fato de querer tanto não o traz mais pra perto. É o princípio da inércia, tão respeitado na Física e tão enganoso nas leis da vida. Se algo está em repouso, porque quer estar, não há nada, ou qualquer insistência, capaz de fazê-lo andar. É desperdício de força, de tempo, de vida, achar que eu posso andar por você. Ainda que pudesse, à contragosto, você viria e, na contramão de ser feliz, eu seguiria. Por quê ? Pra quê? Às vezes, na vida, ganha-se mais ao hastear bandeira branca, em sinal de desistência, do que insistir em vitórias inglórias e duvidosas. recompensas.
#Espalheamorporaí <3 #DQ155