Trilha:
É… Você até pode saber que doeu quando terminamos, afinal é o que todo mundo mesmo espera, usando os clichês odiosos de que você encontrará alguém melhor, e que isso não vai mudar nada entre vocês. Vai mudar tudo. Já mudou. Você sabe a dor que eu senti, não porque sentiu algo parecido, mas porque até meu respirar era pesaroso e vazio. Você sabe porque ainda temos aqueles amigos em comum, que te dão a atualização diária do meu boletim depressivo. Mas só sabe até aí. O resto, eu preferi guardar a sete chaves, como resto de amor e, talvez, de dignidade que os finais costumam não deixar.
Todo fim sobra algo, mesmo que caiba apenas no bolso de uma calça jeans. Tal como esse par de ingressos para aquele filme que a gente não viu, porque a paixão e os beijos ainda eram nossa melhor programação. Diferente de você, eu não desfilei em carro alegórico com minha dor, mesmo que, nas redes sociais, você faça questão de mostrar um samba-enredo, que fala de tudo —menos de saudades e que mostra tudo —inclusive desapego. Foi carnavalesco. E o que é pior: foi uma folia fora de época pra mim, que me vestia de solidão. Não que você precisasse ficar de luto, mas uma parte de mim esperava que doesse pelo menos metade em você do que doeu (tá, ainda dói!) aqui.
Você lerá esse texto, e o que me vai me dar raiva é esse sorriso de canto de boca. Mesmo que agora você disfarce com um tom mais sóbrio, por dentro, saber que ainda sinto sua falta, e que a dor da saudade é uma constante, vai envaidecê-la, a ponto de comemorar a dor alheia. É cruel, sim. Não adianta disfarçar. Isso só prova que há verdades doídas que precisam ser ditas. Há dores sofridas que precisam ser sentidas. De que valeria para mim, amar alguém que só ama o meu amor? Esses amores, feito Narciso, que amam mais o reflexo de si no outro do que o outro, não me servem, mesmo que façam uma falta que não deveriam fazer.
#DQ141 #espalheamorporaí <3