Trilha:
Uma vez, ouvi que, se o amor fosse uma partida de futebol, o melhor resultado seria o empate. A ideia de que relações equilibradas são as que os dois se amam, numa equivalência harmônica, é ultrajante. A meritocracia é definitivamente a última coisa que se vê, e que se espera, nos relacionamentos amorosos.
Quem nunca amou, nunca se sacrificou ou nunca se doou a um amor, e nada recebeu em troca? Ou quem nunca foi amado gratuita e instantaneamente e, mesmo querendo, não conseguiu retribuir? A meritocracia é lenda na seara dos sentimentos. Amamos e somos amados por uma soma de equações distintas, em que o resultado é sempre dispare.
Há aqueles que amam com a capacidade de perdão. Há aqueles em que essa capacidade é condicionada à fidelidade. Traição é crime hediondo, inafiançável, capaz de ruir qualquer possibilidade de perdão. Há aqueles que amam com uma necessidade de pertencimento e outros, possessão. Há aqueles que amam amar o amor alheio. Esses são sempre levados pela intensidade do outro. Há, nessa infinidade indefinida de amores, desde os mais cômicos aos mais altruístas, dos mais devassos aos mais pessimistas, sempre um vencedor. Há sempre aquele que amará um pouco mais, ou no mínimo, de forma diferente. Mas nunca, em hipótese alguma, haverá empate ou amores iguais.
Na eletricidade, a tensão está intimamente ligada à corrente elétrica, porém, pra que ela exista, é preciso que existam diferenças de potenciais. Se houvesse empate, não haveria diferença, muito menos tensão. Pessoas que se amam de formas iguais, terão fatalmente o mesmo limite e se anularão, com o passar do tempo. A diferença dos amores aumentará o seu potencial de sucesso e aumentará sua energia (Lê-se: intensidade). Em tempo: cargas diferentes não significam que são opostas. Afinal, nem todos os opostos se atraem.
#DQ119 #Espalheamorporaí <3