Quando falta tempo, não sobra amor |#DQ 118

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TRILHA: 

 

Na frase “Quem ama tem pressa”, o sujeito certamente sou eu, desesperadamente apaixonado, nunca oculto, sempre presente e fazendo planos, meio inconsequentes, de um futuro mais que perfeito. A ideia de que falta tempo pra ver quem se gosta é sempre um motivo tão bom, quanto àquela velha desculpa que a gente dava, quando não fazia a atividade nos tempos de escola. A falta de tempo é, geralmente, reflexo da falta de interesse. Já a falta de interesse, por sua vez, é SEMPRE refletida na falta de tempo. Há sim aqueles dias em que a presença, apesar de muito quista, não seja possível. E, acredite se quiser, há dias em que a presença pode ser simplesmente dispensável.

É bem verdade que a ditadura do relógio em que vivo me obriga a estar cada vez menos disponível. Estou sempre atrasado para compromissos, reuniões, eventos e essas coisas do mundo adulto. Estou ali, cumprindo metas, horários e vendendo barato a única coisa que não posso comprar: o tempo. Nunca sobra tempo. E, quando sobra, falta disposição. Só para quando adoeço. Aí, sim, tudo que era prioridade passa a ser dispensável. Afinal, doença pede urgência, e com saúde não se brinca. Nessas horas, eu, que sou escravo do relógio, sequer percebo que o que cria tempo não é a prioridade, é a urgência. Prioridade tem a ver com ordem, urgência é necessidade.

Talvez alguém conheça, mas eu não consigo imaginar outro sentimento mais urgente que o de estar apaixonado. Paixão é a pressa mais desesperadora que somos capazes de sentir. A paixão é aquele sentimento que deforma a linha do tempo e que cria os tão escassos e —não menos esperados— momentos. Paixão é esse sentimento que urge dentro de nós, com uma paciência intempestiva. Paixão se dá em horários inapropriados, entre intervalos de almoço ou fugas em pleno expediente do trabalho. Paixão é adiar o que é prioridade e fazer da falta de tempo… mas, espera, que falta de tempo?

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