Trilha:
E se amar fosse se render? E se amar fosse tão somente perder? E se amar fosse a mais torpe das derrotas, a mais vil das batalhas? Se amar fosse admitir um erro que não é seu? Se amar fosse primeiro vir “você” e depois vir o “eu”?
Fica complicado demais amar em tempos beligerantes, cuja ordem que impera é sempre a vitória, a todo e qualquer preço, desde quem precisa mais do outro até de quem liga primeiro. E, por uma má compreensão do que é maturidade sentimental, perderam todos os sentidos de amar, inclusive o principal. Perderam o tato em relações que não se tocam— só se chocam. Perderam a vista das necessidades alheias. Perderão mais por não saberem ouvir e, muito mais ainda, por não conseguirem sentir.
Esses protegem o peito com coletes à prova de amor. Colocam um capacete pra blindar qualquer pensamento de devoção, ou mesmo de pertencimento, que possa lhe causar dor. Vestem-se, camuflam e se escondem ao ver qualquer rastro de ataque sentimental contra suas fortalezas amorosas.
Mas, graças a Deus, mesmo em meio à guerra, existem aqueles que se rendem ao primeiro soar de trombeta bélica. Desistem desse combate, tão desnecessário quanto desgastante, e sucumbem antes do confronto – Mas que confronto? Achar que é sucumbência colocar o outro primeiro é prova cabal e irrefutável de nosso erro. Quando foi que nós deixamos o amor virar uma guerra ideológica? E nossos sentimentos serem minados, por medo de parecer pro outro que é vulnerável? A troca parece justa? Acho que não. Uma paz sem riso, não é paz: é solidão.
#Espalheamorporai #DQ113