Trilha:
Shiiiu! Fala baixo.
Pra quê esse tom alto se tua pupila dilata, se teus poros ouriçam e tua pele queima, ao me ver chegar?
Shiiu! Por que vamos estampar nossa felicidade em um muro virtual qualquer? Tira esse fardo de aceitação social de nossos ombros. Posta aqui, entre os lençóis, uma declaração clichê e faz textão no privado, só pra me dar bom dia.
Ei, diz que vai me pegar às 15h. Chega às 14h e faz de nosso amor surpresa, e de nossa rotina, fuga – Sério, me ama sempre. Mas, às vezes, muda. Ou melhor, me ajuda. Sim, me ajuda com uma prece pra não te perder, pra que não cesse o meu bem querer. Vem. Muda o canal pra uma programação em preto e branco e vem colorir meu corpo com tuas digitais. Fala sussurrando, com aquele tom sacana, sobre teus fetiches secretos, até os banais.
Amor, põe meu coração em teu colo e posta nele mais amor e um pouco mais de esperança. Despe minha alma de mulher e me abraça feito criança – Sim, feito criança. Ou tu não achas que pra durar não precisa de um tanto de ternura e um bocado de ingenuidade? Amor de adulto tem muita maldade. Apego é possessividade. Indireta é falsidade. E até a parte boa da maldade (Lê-se: saudades) se faz por pura crueldade. Ah, esse jeito de amar adulto, que tanto nos cansa, me faz sentir saudades do aperto de mão e de minhas paixões de infância. Quando foi mesmo que aceitei despir o corpo ao invés da alma? Quando foi que eu quis ser fuga quando tudo que meu coração dizia era: “salta”? O medo de amar demais nos faz precipício. Não desses que caem do céu, feito gota de chuva. Mas desses que nos congelam dos pés até a nuca. É que o medo de amar errado paralisa, e a gente se esquiva, numa esquina sem saída. Mas a gente é adulto. Tem que fingir a compostura. Fica aí se trocando por um meia boca, meia transa, numa vida vagabunda. Minha culpa ou meia culpa?
#DQ101 #Espalheamorpoaí <3