Um papo sobre casamento | #DQ99

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Trilha: 

É a primeira dose do ano e, também, a que antecede a centésima dose do blog. Já falei sobre diversos temas, mas uma leitora me desafiou a falar sobre casamento. Eu repliquei: “mas eu não sou casado”. Ela falou: “você escreve sobre tanta coisa, queria ler sua visão sobre casamento”. Então, comecei a pensar sobre o que escrever. Se você pensar em casamento, talvez a primeira coisa que vem à mente é festa. Acho legal a associação de casamento com véu, grinalda, vestido e os deliciosos bem-casados. Mas como falar sobre casamento pra uma geração que venera a rapidez e vive em um loop infinito de mudanças, que ama miojo, fast food e que, até na música, se alimenta de refrãos monossilábicos? Como não sentir medo e – por que não, pavor – em passar o resto da vida com uma única pessoa? Que nos dê licença a poesia, mas amar uma só pessoa pelo resto da vida é assustador, você não acha?

 

É paradoxal e, ao mesmo tempo, irônico, nossa geração ter dificuldade de falar sobre algo duradouro. Afinal, nós vivemos pensando no amanhã. Aliás, talvez esse seja o epicentro de toda confusão. Relacionamentos duradouros não são aqueles que vivem com a cabeça no amanhã, mas aqueles que se entregam de corpo, alma e coração no hoje. É que o amanhã nunca existiu: é e sempre será mera especulação, imagem virtual. Mas (infelizmente) nossa geração adora esse ambiente.

 

Somos educados, ou melhor, doutrinados em acreditar que tudo aquilo que demora é ultrapassado. Mas também, pudera… Quem vai esperar consertar, num mundo em que a emenda é – sempre – muito mais cara que baixar um aplicativo “que tenha 10 mil sonetos para enviar”? Vive-se a era dos updates, do download e do descarte. Reciclagem e reutilização ainda são slogan de uma minoria naturalista, ou ONG comunitária. “Então, use até o dia em que lhe servir (ou até fazerem algo mais moderno)”. A necessidade do consumo é irrelevante. Já a necessidade de troca, inerente. Como falar sobre relacionamentos duradouros pra uma geração cuja troca é a opção mais viável? Quem vai gastar tempo tentando entender o outro se há como pesquisar pessoas por filtros e selecionar aquelas que se “encaixam” exatamente como você quer? Quem hoje vai a um encontro, sem antes dar uma bela “stalkeada” nas redes sociais? Quem liga pra… Quer dizer, em tempos de WhatsApp: Quem liga?

#DQ99 #Espalheamorporaí <3

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