Trilha:
Quando o fim se aproxima, a compreensão do começo é completa. A parte boa vira pó, e a gente não sabe muito bem sobre ou sob o que estamos pisando, pensando e falando. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Que saudades de poder dizer essas palavras. Que vontade de poder assumir isso como verdade! Entre os escombros e ruínas, eu resisto. E persisto em cultivar saudades, regar nossas lembranças e mentir que foi só um susto sísmico. Não, não foi. Nenhum susto atingiria tal magnitude. É o fim. O precipício. Pra gente, dessa vez, a queda não é iminente: ela é real. Você não vai conseguir voltar. E por que voltaria? Afinal, não sobrou muita coisa pra gente tentar reerguer, diferente das vezes em que sobrava uma coluna de apoio, um alicerce de saudade, ou uma viga de esperança. Dessa vez, fomos devastados por nossa própria natureza— essa que não nos permite guardar nada, que não nos permite economizar as injúrias e evitar terremotos.
Eu sabia, e até falei a você, desde o começo, que eu seria cilada. Você acreditou e, por algum tempo, também me fez acreditar, que eu não era assim tão errado gostar do pecado, que, com o tempo, eu seria curado. A verdade é que a lógica venceu o amor, ou esse sentimento que senti, seja lá qual for. E minha especialidade em autossabotagem não cedeu, venceu. Deve ser patológico, ou cosmológico, essa minha sina em estragar finais felizes, ou melhor, “meios” felizes, porque eu tenho certeza de que ficamos, ao menos, pelo caminho, muito antes do fim do certo, mas não tão preciso fim.
#espalheamorporaí <3 #DQ165