Trilha:
É humilhante, porém sincero, aceitar que talvez baste ter só a possibilidade de te ter num futuro, pra eu ser feliz. Ainda que esse futuro seja bonito, não há uma mera previsão de que isso possa acontecer. É cruel me sentir egoísta, porque, lá no fundo, não me sinto bem em te ver feliz com outro alguém. Não me entendas mal. Eu quero te ver bem. Mas quero te ver comigo assim também, tão bem.
Eu queria ser mais exigente e não aceitar minha condição mendiga, em te ter por frações. Mas essas frações de momentos envolvem cada pedaço que existe em mim. Queria poder me proibir de te ver e convencer meu coração de que não há futuro em encontros relâmpagos e frenesis cardíacos temporários. Queria amar a disponibilidade de quem está ali, pedindo passagem. E não te esperar fazer uma conexão qualquer e, rapidamente, deixar-me na pista, com as bagagens cheias de saudade, rumo à monotonia da vida, sem tua alegria. Queria querer menos a tua presença e não me alimentar de teus rompantes de reciprocidade, mas eu, fatalmente, morreria de inanição. Queria te deletar da minha cabeça e pensar naquilo que me traz paz. Mas pensar em ti, transpassa a psique e vai além de querer. Pensar em ti é mister, que eu mesmo desconheço algo mais forte.
Talvez a morte me separe de ti. Talvez a vida, pra mim, seja pra ser assim: incompleta e entrecortada. E, vez ou outra, ter, na tua presença, a cola necessária pra juntar todos esses pedaços. Talvez seja nessa hora, que ela passe a ter sentido e, depois de tu partires, ela seja novamente só um aparte.
Talvez sirva ser o talvez uma mera possibilidade,
que nunca encaixe, mesmo que impere em mim a necessidade de ser mais que essa metade,
que, por ti, espera, em toda partida,
a sina de vida: de ser sempre excluída.
#DQ149 #espalheamoporaí <3